21/05/13 - As declarações do Sr Paulo Cesar Pinheiro sobre o ensino de História nas academias militares |
Cesar Augusto Araripe Lacerda*
Fico sempre impressionado, no meio acadêmico civil em que convivo, com as perguntas que me são feitas sobre o silêncio das Forças Armadas perante os ataques que sofrem diariamente. Isto acontece até com pessoas com tendências a esquerda, possuidoras de poucas informações sobre o passado recente ou, o que é pior, envolvidas pelo que ouviram de seus professores, normalmente expositores de ideias profundas baseadas em conhecimentos rasos. Se estas pessoas, que nunca passaram pela calçada de um quartel, em parte ainda jovens, em parte já adentrando a maturidade, questionam a apatia reinante, o que dizer de um velho e encanecido militar?
No jornal de ontem li uma notícia que, segundo o meu entendimento, mostra que a última barreira do respeito foi ultrapassada: a comissão da verdade (permito-me usar letras minúsculas) chamou, usando palavreado claro e radical, de mentiroso o ensino de História nas academias militares e declarou que pretende, sem nenhum pudor ou respeito pelo limite de sua competência, modificá-lo. Desde o dia, nos idos de 1959, em que atravessei orgulhoso o portão dos novos cadetes, entendi que a AMAN era um templo sagrado e, portanto, intocável para os não iniciados. Certamente ocorre o mesmo em relação a AFA e a Escola Naval. Não há possibilidade de omissão, os comandantes das forças singulares estão obrigados moralmente a reagir, mais não seja pela ofensa, pelas palavras rudes utilizadas e pela intromissão em organizações de ensino a eles subordinadas. Vão reagir? Lamento, mas não acredito.
Nada do que está acontecendo e que violenta a verdade deveria ser suportado sem respostas à altura. Não estou advogando revoluções, golpes, quarteladas ou assemelhados, apenas entendo que as Forças Armadas deveriam estar sempre prontas para replicar as injúrias e não, passivamente, fingir que estão surdas para o ladrar dos cães, assumindo assim, timidamente, o princípio de quem cala consente.
* AMAN - ART - !961
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