Reprise da perigosa chanchada do governo petista-aliados
Sônia van Dijck
Nesse 26 de outubro de 2011, caiu o quinto ministro do governo petista-aliados de Dilma Rousseff. Revoltante reprise de outros episódios dos governos petista-aliados.
Tudo começou com o mensalão. Não. Tudo começou com a tal reforma da Previdência, em 2003, quando Lula loteou o estado brasileiro para poder alcançar seu projeto de arrecadar mais muitos milhões para os cofres dos porões do exército encarregado de ocupar o poder. Não. Tudo começou quando Lula fingiu ser decente e civilizado para, por um lado, se aliar ao capital e conseguir apoio, e, por outro lado, travestido de eterno proletário, enganar as massas. Sei lá quando tudo começou a virar esse Brasil em um país sem ética e sem princípios. Pode ser que tenha começado em 1980, quando o PT apareceu como movimento ético, por um Brasil melhor, e vendeu essa imagem para as instituições fundamentais da sociedade brasileira, entre elas o voto do eleitor.
Porém, só em 2005, a sociedade brasileira ficou sabendo do mensalão e de outros escândalos mais. Todos os escândalos são resultantes de roubo dos impostos pagos pelos contribuintes. Desde então, a corrupção tornou-se instituição do estado brasileiro. No processo, aprimorando-se os métodos, todos os ministérios, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, os Correios, todas as instituições federais e até aquele posto do INSS esquecido naquela cidadezinha poeirenta perdida no mapa desses 513 mil e mais qualquer coisa quilômetros quadrados, adotaram a corrupção como forma de atuação política.
Nos últimos 9 anos, a corrupção criou milionários, engordou o cofre dos partidos aliados ao PT, trouxe alegria a empresários safados, inventou obras superfaturadas e outras tantas que não passaram do dia do comício de inauguração com Lula ao lado de Dilma Rousseff, a “mãe do PAC”.
Em 2011, 9 anos depois de inventada a nova metodologia de governabilidade, a corrupção transformou-se em comportamento habitual até do vereador e do prefeito daquele município daquela cidadezinha poeirenta, cujo posto do INSS está entregue a algum analfabeto petista ou militante de partido aliado.
Ficou no passado a malandragem da contravenção do jogo do bicho e aquela do “conto do vigário”.
Chegamos a magistrados, delegados, políticos, ministros, empresários, churrasqueiros, marqueteiros, advogados, compadres, policiais, crime organizado, traficantes, estupradores, sequestradores, arrombadores de caixas eletrônicos, pedófilos, impunes agressores de mulheres, em um sistema em que as celebridades dos noticiários estão fora da Lei. Esse sistema tem irmão “lambari” que virou ricaço, e primeiro filho que virou milionário.
E, nesse 26 de outubro do ano graça 2011, vimos o quinto ministro do governo petista-aliados cair por acusações de corrupção.
E o que aconteceu com os quatro defenestrados anteriores? – o mesmo que vai acontecer com esse quinto? E por onde andam os quatro derrubados anteriores? – por onde começa a andar esse quinto? Ou seja: a classe política vai ao paraíso da boa vida com a fortuna amealhada sem suar a camisa.
Por falar em suar a camisa, a coisa que socialista e comunista mais odeia é trabalho; basta verificar entre os socialistas do governo petista (todos politicamente corretos) quantos ficaram milionários com a colaboração dos impostos dos cidadãos, sem ter trabalhado para isso; enriqueceram apenas sentados nos gabinetes de figurões do governo, assinado papeis e ou tendo encontros na garagem... – começar por Palocci é uma boa ideia (sem esquecer Delúbio Soares, hoje milionário latifundiário graças ao salário de professor no ensino médio).
Orlando Silva seguiu o roteiro já tão exaustivamente experimentado: tudo é mentira; sou inocente. Como seus companheiros de performance calhorda, desfilou como fantasma, assombrando a moralidade, e esteve em depoimento no Congresso Nacional, entrando e saindo do Planalto, sendo secundado pela declaração de confiança da governanta.
Espetáculo midiático de péssimo gosto: o calhorda prepotente que acredita na impunidade.
Pouco adianta exigir a saída de mais um corrupto denunciado pela imprensa livre. A imoralidade não é pontual, desse ou daquele ministro, desse ou daquele prefeito ou vereador ou deputado ou senador. A imoralidade está no sistema.
Desde que Lula instaurou o estado brasileiro em capitanias doadas aos partidos políticos, abriu-se a porta para o crime de alto escalão, dentro do princípio socialista de que o fim justifica os meios. A nova governanta Dilma Rousseff, nesse episódio do Orlandinho, ilustra sobejamente o esquemão montado e em pleno funcionamento: a capitania do esporte pertence ao descarado PCdoB, e não importa o que seus militantes sejam capazes de fazer pelo desporto no Brasil ou o quanto sejam capazes de roubar – o melhor é poder roubar o quanto der (a Copa está na hora da vez).
Dilma Rousseff não tem autonomia para escolher novo ministro. Dilma Rousseff, no momento, refém do PCdoB, nomeará ministro o escolhido pelo partido. Pode ser uma deputada que nada entende nem de pular corda; mas pode ser Aldo Rebelo, o xerife do intercâmbio linguístico: aí ele vai mudar futebol para ludopédio (resta saber se a FIFA vai aceitar tal paixão etimológica militante de coisa nenhuma).
Na verdade, o que se vai acompanhar é a troca de seis por meia dúzia, tal como se tem visto nos últimos anos e como tem feito Dilma Rousseff nos quatro defenestrados anteriores.
Dilma Rousseff não tem perfil de inovadora, e nem tem liderança, a ponto de evitar a reprise dentro de alguns meses. De qualquer forma, o roteiro de seu governo já está bastante conhecido: sou inocente – são calúnias – vou entrar com processo por difamação – vou exigir investigação da Polícia Federal - abro meu sigilo bancário (como se grana ilícita fosse depositada no Banco do Brasil) –“ vou defender minha honra” (aqui é citação de Orlando Silva, que não tem nada para defender).
Os bons tempos do cinema brasileiro tiveram chanchadas bem melhores e mais criativas.
Agora, é só esperar a imprensa livre abrir novas portas de acesso aos porões do governo Dilma Rousseff – vai sair lama por todas as janelas do próximo ministério.
No Brasil do governo petista-aliados corruptos, a imprensa governa melhor do que Dilma Rousseff, refém dos safados partidos aliados e militantes do PT– quem criou esse sistema do “toma lá, dá cá” foi seu guru, para quem ela deverá ceder o lugar em 2014: LULA.
Desde que os corruptos partam rumo ao paraíso da boa vida de milionários, precisamos exigir apuração rigorosa (difícil vai ser encontrar magistrados isentos...) e punição na forma da Lei (é aí que fica mais difícil de encontrar magistrados isentos – basta lembrar que o processo do mensalão dorme em berço esplêndido até que todos os crimes prescrevam). É aí que a coisa fica difícil. Como diria minha avó: é aí que a porca torce o rabo...
Apesar de serem marajás, os magistrados são a última esperança do contribuinte, para ver a apuração dos crimes e a punição dos arrombadores dos cofres públicos, na forma da Lei. Esperança vã, talvez... A corrupção foi imposta como instituição nacional: do magistrado ao síndico de condomínio residencial.