ARISTÓTELES DRUMMOND
Neste mês de novembro, encerra-se a vergonhosa tentativa de se torcer a história do Brasil, esconder a verdade e inverter papéis em função de dois fatos que envergonham os que procuram cultuar os momentos nobres do país e seus grandes vultos. Dia 22 foi o centenário da chamada Revolta da Chibata, que nada mais foi do que uma ação criminosa, em que seis oficiais de nossa Marinha de Guerra tombaram vítimas da violência e da covardia.
Por mais legítima que fosse a aspiração dos amotinados, nada justifica o ato de insubordinação, especialmente em carreira em que o respeito à disciplina e à hierarquia são pontos fundamentais. Foi a primeira vez que oficiais eram assassinados praticamente enquanto dormiam.
Houve uma anistia na ocasião, de iniciativa do então presidente Marechal Hermes da Fonseca. Mesmo assim, estranhamente surgiu no Brasil um movimento de revisão histórica em que amotinados são apresentados como heróis. O valor que a oficialidade dedicava aos marinheiros, inclusive negros, pode ser avaliado pelo testamento do Patrono da Marinha, o admirável Marquês de Tamandaré. O testamento está na Internet.
No dia 27, a Intentona Comunista fez 75 anos. Aconteceu em Recife, Natal e Rio de Janeiro e foi marcada também pela violência e pela covardia com que oficiais indignos mataram companheiros, muitos dos quais dormiam. A coleção dos jornais está aí com os fatos como ocorreram. Livros escritos, arquivos da antiga União Soviética abertos, tudo mostrando que a ordem veio de Moscou, com o propósito de incorporar o Brasil ao sistema submisso ao comunismo internacional.
No entanto, os livros escolares oficiais agora afirmam que a intentona era um movimento popular "contra o capitalismo explorador". E as solenidades de homenagem aos mártires da Pátria foram suspensas ou limitadas a comandos militares que permanecem solidários (e horrorizados) com o que aconteceu naqueles dias nas três capitais. Mas a "Ordem do Dia" dos comandos das forças ou do Ministério da Defesa já não existe.
Temos tantos desafios pela frente, como o combate à fome, à miséria e à doença, e tem gente se ocupando em distorcer a história. Tocar os projetos de portos, aeroportos, estradas merece muito mais a atenção da população do que esta tentativa de agredir oficiais assassinados covardemente. Querem dividir os brasileiros e negar os valores da nacionalidade o que, evidentemente, encontrará sempre a reação da sociedade culta e independente. Mas não sem desviar a atenção de todos no sentido deste esforço que está acima de ideologias, de partidos políticos, de ressentimentos pessoais ou de grupos, por se tratar dos reais interesses nacionais.
Inacreditável que estas coisas ocorram e sejam discretamente comentadas, em atitude que não nos engrandece como povo independente e com força moral para enfrentar a indignidade. E partindo sempre de gente que só pensa em se beneficiar de benesses pagas pelo Erário.
Olhar o momento em que o mundo vive, de perplexidade e tensão, e dar prioridade ao trabalho e à verdade deve ser a palavra de ordem a todos os brasileiros. Não se constrói a prosperidade sem preservar a memória e a história. Nossos militares merecem respeito. E admiração