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domingo, 21 de novembro de 2010

A ELÁSTICA CAPACIDADE NACIONAL DE...

Ternuma Regional Brasília
Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira

A notícia de que o desgoverno incentivará (liberará verbas?) a adoção dos direitos humanos nos municípios, segundo o PNDH3, comprova como avançam, por etapas, nos nossos princípios, nos nossos bolsos e nas nossas mentes.

Como conta-gotas inoculam idéias bizarras que, matreiramente, se transformam em fato consumado. Depois, vem a perplexidade ao constatarmos a aberração gestada sob nossos olhos, e indagamos, como aceitamos isso?

No início, algumas reações, mas não tantas que se corte o mal pela raiz, e está criado o espaço para mais uma investida. Pode ser pequeno, mas é um avanço, que dará lugar a outro, e mais outro.

Já falamos da Comissão da Verdade. Já condenamos o PNDH3, mas qual! Qual é o carro chefe do plano de governo da futura presidente? Uma cópia do PNDH3 (depois retirado e devidamente “ajustado”).

Sabemos que os trâmites da Comissão, vão de vento em popa, apesar de o STF confirmar a validade da Lei da Anistia. Contudo, como abrir mão de um instrumento estatal opressor para acuar os incautos e os milicos? Ou será que alguém imagina que a Comissão vá destrinchar o caso do mensalão? O assassinato do Celso Daniel?

Ultimamente, destaca-se a tétrica figura do Franklin Martins para insistir no controle da mídia. Com ameaças. Surge, então, a orquestrada turma do não é bem assim. Todavia, a semente foi plantada. Para os que apoiarem, tudo; os contra, que agüentem os prejuízos.

No início, não será uma mordaça, mas apenas um pequeno esparadrapo, em seqüência, um pouco de cola, até que, uma severa censura poderá calar quem não rezar pela cartilha.

Hoje, nada nos assombra. Mas, como chegamos a este ponto de cumplicidade, de aceitação? Quão elástica é a nossa capacidade de conviver com malandros e as suas malandragens?

Talvez uma das mais nefastas conseqüências do propalado “jeitinho brasileiro” seja a sua condescendência inicial para os “pequenos e inocentes deslizes”, como furar fila, mentir, até mesmo, quando não necessário, etc, um trampolim para indulgências cada vez mais inconseqüentes, para a perda do bom senso e o funeral da vergonha.

O impune juramentado dissimula a verdade, descaradamente; na primeira vez, ao invés de reprovações, provavelmente risos. Que coisa engraçada! Depois, os mesmos idiotas passaram a acreditar. Na milésima, os que não acreditavam ou podiam reprovar, já estavam acostumados. A partir deste ponto, foi impossível segurar a metamorfose (ele acredita?).

Idêntica constatação serve para as demais mazelas. Para a corrupção, que foi se imiscuindo, avançando, até tornar - se corriqueira. O que interessa é o povo se acostumar com o ato, por mais escabroso que seja.

Quantas vezes testemunhamos os atropelamentos e as chacotas ao TSE, pública e ostensivamente? Aconteceu alguma coisa? Aconteceu, ela foi eleita.

Podemos elencar um rosário de avanços em nossas consciências que bem atestam o poder de se convencer a sociedade acerca de alguma coisa, de compactuar pela leniência com o errado, com o golpe.

Vamos exacerbar o Racismo? Nada melhor do que incutir na cabeça de uns poucos que a solução seriam as cotas raciais, nas escolas, nas faculdades, no funcionalismo. De início, algumas fracas reações. Por fracas, é o sinal para novos avanços, e logo surgem os favoráveis com copiosas argumentações. Depois, bem depois........cumpra - se, pois já estão sacramentadas na forma da lei.

Algumas proposições que tanto refutamos surgem como politicamente corretas. E assim, distorções são maquinadas, e chegamos ao ponto de ser vergonhoso ser do contra, pois todos os demais são a favor. E nós, aceitando, não sentindo a menor repulsa, pois o clamor popular estará silente.

Por tudo que temos assistido e comprovado que os fins justificam os meios, que mais vale um dinheiro desonesto no meu bolso do que a paz na minha consciência, concluímos que a nossa capacidade de aceitar mentiras, deslizes e enganações, é estupidamente elástica.

Brasília, DF, 20 de novembro de 2010