terça-feira, 4 de novembro de 2014
Petrolão já respinga em afilhado de Renan e pode chegar a conta de magistrado com US$ 22 milhões de dólares
Uma suprema pizza no Petrolão fica cada vez mais complicada de se engolir, se for preparada pela cúpula governista. O presidente do Senado, Renan Calheiros, terá imensas dificuldades de se desvincular dos problemas de Sérgio Machado, seu afilhado político, que foi obrigado a pedir uma licença não-remunerada pelos próximos 30 dias da Transpetro. Machado se feriu depois que vazou o depoimento de Paulo Roberto Costa revelando que ele lhe teria dado, em mãos, R$ 500 mil reais para direcionar uma licitação de navios.
Na tática para que a pressão venha de fora para dentro do Brasil, a fim de evitar a pizza suprema, o juiz federal Sérgio Fernando Moro autorizou a tomada de depoimentos em cinco países de sete testemunhas para esclarecer como funcionava o esquema bilionário de lavagem de dinheiro com recursos da Petrobras investigado pela Operação Lava-Jato. Os depoentes são funcionários de bancos que teriam aberto empresas no exterior ou facilitado operações bancárias para o grupo do doleiro Alberto Youssef, acusado de coordenar o esquema financeiro. O Homem de Gelo Moro intimará para depor duas testemunhas na Suíça, duas em Cingapura, uma no Panamá, uma em Londres e uma em Hong Kong.
O juiz Moro também buscará, na Suíça, detalhes de contas abertas por pelo menos 25 políticos beneficiados pelas lavagens de grana do Petrolão. Quando os nomes chegarem oficialmente à Justiça Federal e ao Ministério Público Federal, ficará muito complicado para os "escalões superiores" fabricarem a nada bem intencionada pizza suprema. O Supremo Tribunal Federal, através do ministro Teori Zavascki, terá de ratificar os termos de "colaboração premiada" da Lava Jato, tomando novos depoimentos que confirmem as denúncias. Nos bastidores do Judiciário, circula a informação de que o juiz instrutor Márcio Scheifer Fontes, que atua no gabinete do ministro Teori, deseja que o caso seja tratado com todo rigor, apesar das imensas pressões políticas em contrário.
Se for realmente levado a sério - mais que o Mensalão -, o Petrolão não força apenas uma derrubada do governo nazicomunopetralha. Os processos vão obrigar a uma faxina moral na República Capimunista e a uma mudança total nas relações entre a União e as empresas de economia mista, principalmente a Petrobras. Ninguém duvida que o modelo do Petrolão funcione em outras "estatais" e nas relações perigosas delas com empreiteiras e políticos que intermediam negócios mi ou bilionários. O tesoureiro do PT, João Vacari Neto, denunciado por Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, tem muito a explicar no Petrolão.
A coisa mais difícil do Petrolão será o governo tentar fabricar, como sempre, a hilária tese oficial de que "ninguém sabia de nada". A presidenta Dilma Rousseff, em seu segundo mandato, será fortemente fustigada pelos danos colaterais políticos do megaescândalo. Se ela vai resistir ou cair, tudo dependerá das armações políticas no Legislativo e no Judiciário, além da maneira como o desgoverno vai ligar com a super-crise econômica prevista para 2015 - cujos fatais efeitos inflacionários, desempregantes e recessivos já são sentidos agora.