você já ouviu falar do "Boi"?
Renato Lemos
Não me refiro ao boi que vive no pasto, muitas vezes em manada e que,
abatido nos matadouros, proporciona carne para bifes e churrasco.
Este é o boi "marido" da vaca.
Falo de outro "Boi". A carne dele não serve nem para bife nem para churrasco.
É imprópria para consumo. Está toda infestada de vermes e parasitas que resistem
a qualquer tratamento. Até mesmo de veterinários e médicos cubanos!...
Convém lembrar que há "vacas" também no caminho e nas andanças desse "Boi",
mas isto é outra história... E bem "cabeluda"!!!..
"Boi" era o nome usado nos tempos do regime militar para esconder a identidade
de um informante.
No DOI-CODI, ele era conhecido por esse nome - "agente Boi" - e em público,
com sua verdadeira identidade e falação, procurava ganhar prestígio entre os
trabalhadores como líder sindical.
O homem, barbudo e chegado a uma 51, jogava nos dois times.
Dava aos militares informações sobre o que acontecia no meio sindical.
Muitos companheiros saíram de cena, vítimas desse seu trabalho.
Quando reunido com os trabalhadores, tratava de assuntos trabalhistas e sindicais,
ao mesmo tempo em que criticava e condenava o regime militar.
Era um pelego a serviço dos militares e usava de todos os recursos no meio
sindical para enganar os trabalhadores. Tirou proveito da confiança que
conquistou entre os trabalhadores à custa de mentiras e esperteza, enquanto
recebia benefícios e vantagens dos militares como pagamento pela sua
função de dedo-duro e agente infiltrado entre os trabalhadores.
Foi assim que ele cresceu no meio sindical.
Tudo começou quando os militares se empenharam em eliminar o que ainda restava do populismo getulista depois de 1964. Para conseguir isto, houve um trabalho de doutrinação executado por intelectuais da USP, - alguns deles considerados "esquerdistas" - que, com seus escritos, procuraram desacreditar o trabalhismo getulista e desmoralizar antigos líderes, como Leonel Brizola, Jango Goulart, Almino Afonso e outros.
Para uma ação mais direta no meio sindical, com a finalidade de
anular a influência da CGT - Comando Geral dos Trabalhadores,
era necessário alguém aceito e ouvido pelos trabalhadores.
Quem ajudou a encontrar o homem capaz dessa tarefa
foi o empresário Paulo Villares, das Indústrias Villares. Foi ele a
ponte que estabeleceu a ligação entre os militares e aquele que atuaria
como líder sindical e informante conhecido pela alcunha de "Boi".
Ele já havia prestado "favores" a Paulo Villares, que lhe era grato
por isso. Promovera a pedido dele uma greve que as Indústrias
Villares pretendiam usar, depois, - assim aconteceu, - como pretexto
para rescindir um contrato com a COFAP e desta forma evitar prejuízos para a empresa.
Ele foi apresentado ao general Golbery do Couto e Silva num
churrasco na casa dele na Granja do Riacho Fundo.
Como era uma figura sem estudo e cultura, os militares decidiram
que ele deveria ter uma formação à altura, para poder atuar de forma
eficiente como líder sindical. Ele começou como aluno do IADESIL -
Instituto Americano de Desenvolvimento do Sindicalismo Livre,
escola de doutrinação que funcionava em São Paulo, desde 1963, por iniciativa e às custas dos sindicatos norte-americanos da AFL-CIO.
confiança dos trabalhadores.
Como torneiro, quando ainda trabalhava, filiou-se ao Sindicato dos Metalúrgicos,
em que ocupou cargos importantes até se tornar seu presidente em 1975. Nesta época
estava em vigor o AI-5. Por isso muitos asseguram que sua ligação com os
militares foi decisiva para ele chegar à presidência do sindicato. Eles têm razão.
Todos os sindicatos estavam sob intervenção e ninguém assumiria a
presidência, principalmente de um sindicato tão importante como o dos
Metalúrgicos, sem aprovação dos militares.
Nesta época, ele dividia o tempo como líder sindical e informante do DOI-CODI.
Sem dispensar, naturalmente, os botecos... Sua atividade como líder e dirigente
sindical era conhecida de todos os trabalhadores, mas a de informante, apenas da
cúpula do DOI-CODI, ou, mais exatamente, do então delegado do DOPS Romeu
Tuma. Muitos tentaram obter do antigo delegado dados esclarecedores sobre o
informante, mas Tuma , quando senador da República, sempre se mostrou evasivo a
respeito do assunto e acabou levando para o túmulo as informações que ajudariam a
delinear um perfil bem acabado do "agente Boi". Foi uma pena os trabalhador es
não terem sabido desses fatos naquela época. O "Boi" teria morrido de
inanição e desaparecido, como resto descartável, jogado no lixo da História!...
Em 1980 ele foi preso. Foi um acontecimento que causou surpresa, pois nessa
época já gozava de prestígio como líder sindical. Muitos estranharam isto e
perguntavam por que ele havia sido poupado durante as agitações e manifestações
dos anos anteriores, quando ainda estava em vigor o AI-5.Pelo que aconteceu
depois, a prisão parece ter sido uma manobra para chamar a atenção e
colocá-lo em evidência. Na prisão, o "Boi" foi tratado a pão-de-ló. Enganou o público
com uma greve de fome sabidamente furada e gozou de regalias de que não
desfrutavam os demais presos, tudo graças ao delegado Romeu Tuma.
O resultado do período em que esteve preso é conhecido.
Ganhou a auréola de "mártir da ditadura", que lhe foi conferida por amigos, mas, para
Leonel Brizola, conhecedor do que escondia o nome "Boi", ele não passava de
"filho da ditadura"
Com os civis de volta ao poder, fez-se passar por perseguido político, vítima do antigo
regime, e isto lhe rendeu, mais tarde, uma gorda indenização coroada com uma
aposentadoria vitalícia isenta de imposto de renda. Atualmente recebe mais de
R$ 6.000,00 (seis mil reais) mensalmente. Aposentadoria por
vagabundagem, se comparada com a de qualquer trabalhador depois de
40 anos de serviço.
Aconselhado e apoiado pelo general Golbery, dentro daquela mesma
linha antigetulista, liderou a criação de um partido político a que deu o
nome dos trabalhadores. Assim, com o fim do regime militar, deixou de ser o
"agente Boi", um título e função que ficaram para trás como parte do passado,
perdidos nas sombras e ignorados pelos trabalhadores. Desde então o que se
viu foi um homem membro de um sindicato transformado em líder político, com os
piores vícios que podem manchar um político. Um político da pior espécie,
sem princípios morais e éticos, mentiroso, ardiloso, trapaceiro,
desonesto, corrupto, oportunista, que usa as pessoas para chegar ao poder,
para "subi r sem se elevar", que trai os amigos para salvar a própria pele
. Em resumo, um político que se conduz pelo princípio segundo o qual o
fim justifica os meios.
A continuação dessa história é o que o Brasil, infelizmente, está vivendo desde 2003!!!...
E tem até "FRIBOI"..
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uhummmmm