Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro
Negócio da China, negócio da Dilma
Trocar um patrimônio que vale três trilhões de dólares por um bilhão de dólares é ou não é
um negócio da China?
Segundo o dicionário inFormal, negócio da China quer dizer negócio que dá um lucro
extraordinário. O 11º leilão da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível -
ANP (14 e 15 de maio) vai oferecer 30 bilhões de barris de petróleo. Como o valor do barril no
mercado internacional custa em média 100 dólares, são reservas estimadas em três trilhões de
dólares. Mas a ANP espera arrecadar um bilhão de dólares com o 11º leilão. Trocar três trilhões
por um bilhão é ou não é um negócio da China? Por isso comparamos o leilão à venda de um
bilhete premiado.
Podemos discutir o teor do negócio, mas jamais questionar a transparência. Esse é o famoso
estupro consentido. Serão oferecidos em 289 blocos, distribuídos em 11 Bacias Sedimentares:
Barreirinhas, Ceará, Espírito Santo, Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Parnaíba, Pernambuco-
Paraíba, Potiguar, Recôncavo, Sergipe-Alagoas e Tucano... Tudo isso é notícia oficial extraída
da página da ANP.
Para quem não sabe, o petróleo não é uma energia renovável, ele se esgota. Não é como uma
fruta que, no Brasil, pode chegar a várias safras por ano. É o caso da cidade de Petrolina, em
Pernambuco, que produz até 2,5 safras ao ano de uvas, goiabas, mangas ou cocos, quase tudo
para exportação. No caso do petróleo, são necessários milhões de anos para a formação dos
hidrocarbonetos.
Pior são os argumentos utilizados para justificar o leilão. A ANP diz que os objetivos da 11ª Rodada
são: 1) Promover o conhecimento das bacias sedimentares; 2) Desenvolver a pequena indústria
petrolífera; 3)Fixar empresas nacionais e estrangeiras no país, dando continuidade à demanda por
bens e serviços locais, à geração de empregos e à distribuição de renda”.
Ninguém conhece as bacias sedimentares brasileiras melhor do que a Petrobrás, o que desmente
o primeiro argumento. Além disso, não é verdade que as empresas estrangeiras vão se fixar
no Brasil dando continuidade à demanda de bens e serviços locais. As empresas estrangeiras jamais
construíram sequer uma plataforma de petróleo, navio ou sonda no Brasil e são, radicalmente,
contrárias a priorizar o conteúdo nacional na indústria de petróleo. Logo, também caem por terra os
argumentos seguintes.
As desvantagens da atuação de petrolíferas estrangeiras no Brasil podem ser exemplificadas.
Na rodada zero dos leilões (1998), a Odebrecht foi beneficiada com a exploração de campos
de Bijupirá e Salema, na Bacia de Campos, a custo zero. Depois esses campos foram vendidos
pela Odebrecht para a Shell. A petrolífera estrangeira extrai desses campos cerca de 50 mil barris
de petróleo por dia que vão diretamente para o exterior, livres de impostos, já que os produtos
exportados são beneficiados pela “Lei Kandir”, uma lei da época de FHC que se mantém em vigor e
tem como finalidade estimular a exportação.
Os campos de Bijupirá e Salema produzem quantidade de petróleo superior ao consumo diário
da Bolívia. Pergunto: que vantagem o Brasil e o povo brasileiro levaram ou estão levando
nesse negócio?
Dizer que o leilão vai diminuir as desigualdades nacionais, como justifica a ANP, é uma piada
de mau gosto. Argumentar que as empresas estrangeiras vão atuar para diminuir as nossas
desigualdades sociais, é acreditar que o povo é idiota. Aliás, seria bom dizer onde e em que outro
país do planeta essas anunciadas vantagens aconteceram. Muito pelo contrário, a presença dos
estrangeiros em países com grandes reservas de petróleo como México, Angola, Nigéria só serviu
para aprofundar a miséria. Até pode aumentar a qualidade de vida, mas isso em Paris, Nova York
ou Londres!
A presidente Dilma parece só se preocupar com sua reeleição e esquece que, com o 11º leilão, ela
pode entrar para o folclore popular mundial: ao invés dos negócios da China agora os negócios
com lucros extraordinários, serão denominados de “Os Negócios da Dilma!"
Discutir só royalties é enganar o povo
A mídia, a justiça, a presidenta, os governadores: parecem todos unidos num jogo de faz de conta,
para enganar o povo. Segundo o professor da USP e ex-diretor da Petrobrás, Ildo Sauer, “discutir
os royalties é discutir o rabo do elefante”, ou seja, é disputar 10% dos rendimentos da indústria do
petróleo. Ninguém esta discutindo os outros 90%.
Parece uma grande trama para enganar a sociedade. Estamos brigando entre nós, estados,
municípios e União, enquanto se prepara o terreno para entregar o ouro negro às transnacionais,
sem brigas e sem protestos.
A próxima rodada de leilão do petróleo, promovida pela Agencia Nacional de Petróleo, Gás
e Biocombustíveis (ANP) está prevista para os dias 14 e 15 de maio. A não ser que os setores
organizados contrários aos leilões preparem uma surpresa.
A audiência pública, prevista em lei, que deve preceder esses leilões, de pública não teve nada: foi
realizada na Praia Vermelha, no Rio, dentro de uma base militar. Além disso, foi divulgada na
véspera. O que estarão escondendo do povo?
Depois da audiência – que teve acesso restrito e não público – quando foram anunciados os blocos a
serem licitados, mais de cem outros blocos foram introduzidos nos lotes, o que se não for ilegal é,
no mínimo, imoral.
Segundo informações, a 11a Rodada está atraindo mais empresas e consórcios que as licitações
anteriores, principalmente estrangeiros. Nos demais leilões, a Petrobrás arrematou o maior número
de blocos, diminuindo o prejuízo da nação. Mas desta vez a estatal brasileira entraria na disputa
como um boxer que entra no ringue de mãos atadas,a julgar pela depreciação da empresa, alardeada
pela grande mídia. Dizem que o valor da empresa caiu para R$ 200 BI. Mas há motivos para
duvidar desses números, pois só os 50 bilhões de barris de petróleo estimados do pré-sal valem U$
5 trilhões de dólares (considerando o preço do barril a U$ 100).
A partir de hoje, dia 18, a ANP realiza um seminário no Hotel Windsor, em Copacabana, Rio.O
objetivo é apresentar os blocos de petróleo que vão a leilão. Algo comparável ao que acontecia na
época do Brasil-colônia. Quando os barões do café e do açúcar iam aos mercados para escolher,
entre os escravos africanos, os de melhor dentição, mais fortes e mais bonitos.
Enquanto em outros países da América Latina os governantes resistem ao entreguismo; enquanto
em países como o Iraque, que foi invadido, povo, governo e exército se organizam e
resistem;enquanto o Irã está desenvolvendo a bomba atômica para proteger seu petróleo; enquanto
o presidente da Líbia, Amuar Kadafi, morreu lutando e defendendo o petróleo do seu país...
Pasmem: o Brasil pretende entregar o nosso petróleo sem luta, através dos leilões. Sem que
governos e políticos sequer se pronunciem. Apesar de termos um passado de resistência e de
vitórias, conquistadas na Campanha o Petróleo é Nosso. Quando muitos brasileiros foram
perseguidos, presos e até mortos. Mas a Petrobrás foi criada, sob controle do estado. As novas
gerações se acovardaram?
As reservas de petróleo só se renovam em milhões de anos. Os leilões não representam nada na
contabilidade da companhia, como diz Ricardo Maranhão, ex-presidente da AEPET (Associação
dos Engenheiros e Profissionais da Petrobrás).
O Brasil é autossuficiente na produção de petróleo.Só o pré-sal é suficiente para abastecer o país
por 62 anos, considerando um consumo de 2.2 milhões de barris por dia, então para que fazer leilão?
Os leilões só se justificam pela subserviência do nosso país ao capital internacional. Presidente
Dilma! V. Excia. ainda não realizou nenhum leilão em seu governo. A sua trajetória é muito bonita
para ser manchada com esse entreguismo exacerbado.
Para aplacar a fúria daqueles que utilizam até da guerra para se apossar do petróleo alheio, o Brasil
pode ser fornecedor de derivados de petróleo, principalmente de produtos petroquímicos, que é a
cadeia mais lucrativa do petróleo. Mas, entregar o petróleo in natura de “mão beijada”, para depois
comprar de volta com valor agregado, isso não! O Brasil, a sociedade e as próximas gerações não
merecem!
Ações na Bolsa de refinaria fechada valorizam 40% e
Petrobrás tem queda de 21%. Acredite se quiser!
Em função das ações da Petrobrás despencarem na Bovespa, a mídia e a própria presidente da
Petrobrás, Maria das Graças Foster reagem. A mídia induz os investidores a venderem suas ações
que grande parte foi adquirida pelos trabalhadores através do FGTS e chega a retomar a proposta
de privatização da nossa estatal do petróleo. A presidente da Petrobrás declara a investidores
estrangeiros em Londres em julho de 2012: “Vamos dedicar as nossas vidas para recuperar o valor
das suas ações”.
Foster, alegando arrecadar recursos financeiros para aplicação na Petrobrás criou a figura do
desinvestimento, que consegue ser pior que os leilões. As rodadas de leilão do petróleo, apesar
de lesivos aos interesses nacionais, são previstos na lei 9478/96, criada por FHC. Essas licitações
são precedidas de audiência pública e abertas à concorrência. Desinvestimento foi a solução
encontrada por Graça Foster para se contrapor a queda das ações da companhia e ao conseqüente
“prejuízo”. "Acionistas da Petrobrás perdem 21% em 12 meses" chegou a publicar a Folha de São
Paulo em 25/03/13. Vale lembrar que aquilo que a mídia chamou de prejuízo da Petrobrás em 2012,
foi um lucro de R$ 21 bilhões, o nono maior lucro na história da companhia.
Graça Foster já botou em prática o desinvestimento e vendeu em novembro de 2012 ao mega
empresário Eike Batista, sem audiência pública nem concorrência, 40% do bloco de BS 04 na bacia
de Santos. A presidente da estatal brasileira mantém essa política e divulga a lista de ativos da
Petrobrás a serem posto a venda, incluindo, refinarias, campos de petróleo etc. Na verdade, Foster
coloca em pauta aquilo que FHC não conseguiu: a privatização da Petrobrás. Logicamente com o
sinal verde da presidente Dilma. Ou será que Dilma não sabe de nada? Dilma se elegeu presidenta
se contrapondo ao programa de privatização do PSDB, ponto alto no debate eleitoral. Será que a
sociedade foi vítima de mais um estelionato eleitoral?
Junto com o desinvestimento vem a 11º rodada de leilão da ANP, marcada para os dias 14 e 15 de
maio de 2013. Segundo a Diretora-Geral da ANP, Magda Chambriard, no 11º leilão serão
oferecidos aos consórcios e às multinacionais cerca de 30 bilhões de barris de petróleo, mais que o
dobro das reservas reconhecidas da Petrobrás que sem o pré-sal somam 14 bi de barris. Seria
mentira de Magda para atrair investidores?
Enquanto as ações da Petrobrás despencam, as ações da refinaria de petróleo de Manguinhos na
mesma bolsa de valores tiveram uma valorização de mais de 40% em fevereiro de 2013. Veja a
declaração do analista da corretora Liquidez, Mário Paiva: “Não existe fundamento algum para a
alta desse papel, é especulação”.
Todos sabem que a refinaria de Manguinhos foi fechada em outubro de 2012 por decreto do
governador do Rio de Janeiro. Se as ações de Manguinhos subiram por especulação, o que
aconteceu para as ações da Petrobrás despencarem? Ao que se sabe a Petrobrás aumentou suas
reservas de petróleo com a descoberta do pré-sal. E essas reservas são o mais substancial na
valorização de uma empresa de petróleo. Que tal os defensores do prejuízo da Petrobrás e aqueles
que querem dedicar suas vidas para recuperar as ações da companhia sugerirem aos investidores:
vendam as ações da Petrobrás e comprem ações de Manguinhos. O desafio está lançado.
Ver site http://www.sindipetro.org.br