30/09 - Suspeitas no quartel
Militares já desconfiam que se pretende impor modificações na Lei da Anistia Vasconcelo Quadros A movimentação da Comissão Nacional da Verdade está inquietando os quartéis. “O objetivo final é mexer na anistia. Pelo que conheço do Exército, a Lei da Anistia é intocável. Não tem como voltar atrás. É uma decisão soberana do Estado que, em nome da concórdia, abriu mão de punir”, alertou ontem o general Clovis Bandeira, assessor do Clube Militar. Segundo ele, os militares acham que o relatório final da CNV, criada para funcionar por dois anos, já está pronto, trará só a versão da esquerda e pedirá que os militares sejam levados aos tribunais. Bandeira lembrou que a opção feita pela CNV ao apurar apenas as violações praticadas por agentes da ditadura e seus colaboradores contraria a Lei 12.528 e o acordo fechado em 2011 pelo ex ministro da Defesa, Nelson Jobim, com o crivo das Forças Armadas, pelo qual a investigação sobre os anos de chumbo incluiria violações cometidas pelos dois lados. “Há um descontentamento nas Forças Armadas com o rumo dado pelos comissários. A lei que criou a comissão foi negociada e o ministro Jobim deu aos militares a garantia de que a apuração seria completa. Os integrantes da comissão estão legislando em causa própria e isso não agrada os militares e brasileiros que participaram dos combates”, afirmou o general. Segundo ele, a lei foi modificada “a seu bel prazer” pela CNV. “Ela se transformou em tribunal, está extrapolando funções e contrariando determinação legal”, diz.RECURSO À JUSTIÇAO general Clovis Bandeira acha que a resolução publicada pela CNV na semana passada, definindo que a apuração se restringirá a violações praticadas “por agentes públicos, pessoas a seu serviço, com apoio ou no interesse do Estado”, é passível de questionamento na Justiça. “Alguns grupos estão querendo entrar com uma ação popular no Supremo Tribunal Federal. Nesse caso, a comissão seria impugnada”, afirma. O general alfinetou a presidente Dilma Rousseff, uma ex-militante da esquerda armada: “Ela passa a imagem de que não tem rancor, mas deu livre trânsito às correntes mais rancorosas da esquerda. Assim não precisa se expor. Se o governante não concorda com o que falam, chama e alerta. Se o subordinado repetir, então demite. Mas o trabalho deles é útil para ela”, diz o general. Nelson Jobim: fórmula definida por ele teria sido desrespeitada, afirma general Fonte : http://www.clicabrasilia.com.br |