27/09/2012
às 7:05
Os
irmãos Viana, do Acre, o Tião e o Jorge, foram hábeis em cultivar a fama de
petistas modernos, moderados, diferenciados, essas coisas. Não por acaso, faz
parte de seu grupo no estado a ex-senadora Marina Silva, que hoje se dedica à
“nova política”, seja lá o que isso significa — novo ingrediente da floresta
para creme antirrugas? Talvez. Mas, evidentemente, os irmãos Viana têm a sua
natureza, não é.
Quando
VEJA trouxe à luz as conversas que Marcos Valério anda tendo por aí, segundo as
quais Lula era o verdadeiro chefe do mensalão, Jorge decidiu protestar. Ontem,
voltou à tribuna para afirmar que “setores da mídia” — sempre ela!!! — usam o
julgamento no STF para “sabotar o PT”.
Huuummm…
Jorge decidiu ensinar a imprensa a fazer o seu ofício. Leiam:
“Cobrar, exigir dos que ocupam cargos públicos, eu acho que é uma das funções mais nobres da imprensa. E isso é feito diariamente. Mas daí a querer conduzir a opinião pública, a explicitar, na véspera de uma eleição, uma intolerância com uma figura como a do presidente Lula, aí isso é sabotagem”.
“Cobrar, exigir dos que ocupam cargos públicos, eu acho que é uma das funções mais nobres da imprensa. E isso é feito diariamente. Mas daí a querer conduzir a opinião pública, a explicitar, na véspera de uma eleição, uma intolerância com uma figura como a do presidente Lula, aí isso é sabotagem”.
A
que ele está se referindo? Certamente à reportagem da VEJA da semana passada.
Os petistas acham que tanto o STF como a imprensa não podem exercer seu ofício
em ano eleitoral caso eles achem que isso prejudica o seu partido. Assim, a
melhor maneira que o STF teria de servir à democracia seria servindo ao PT, não
julgando. E a melhor maneira que a imprensa teria de servir à democracia seria
servindo ao PT, não noticiando.
No
momento mais revelador da sua fala, afirmou:
“Só não vale nossos governos indicarem ministros do Supremo, e eles chegarem lá e votarem contra por pressão da imprensa”.
“Só não vale nossos governos indicarem ministros do Supremo, e eles chegarem lá e votarem contra por pressão da imprensa”.
Não
é fabuloso?
Não
foi a Presidência da República que indicou ministros, aprovados pelo Senado.
Nada disso! Foi “o nosso (deles) governo”. E, como ele deixa claro, os petistas
os nomearam para que votassem “a favor”. Como qualquer totalitário vulgar,
Jorge não acredita que um ministro possa estar sinceramente convencido de seu
voto.
Ele
reclamou ainda do “endeusamento dos ministros do Supremo” e os acusou de querer
virar políticos. Jorge Viana, como a gente vê, segue sendo monoteísta. Afinal,
pode haver um único Deus: Lula!
Fico
tão feliz de jamais ter caído na conversa de gente como esse senador… Sempre me
pareceu do tipo que finge largueza de espírito para que possa ser tacanho sem
temer por sua reputação. Eis aí!
Texto publicado originalmente às 5h55
Por Reinaldo Azevedo