24/07/2012 às 6:15
O Vídeo asqueroso que Lula enviou
ao Foro de São Paulo em defesa da candidatura de Chávez: mentiras e generalizações grosseiras
O Financial Times publicou hoje um
texto em que afirma que Lula ainda atua como se fosse presidente do Brasil. E
questiona as credenciais democráticas de um líder que grava um vídeo em apoio à
candidatura de Hugo Chávez à Presidência da Venezuela. O marqueteiro que cuida
da campanha de reeleição do ditador é João Santana. “Eleição de um ditador,
Reinaldo? Enlouqueceu?” Não! Esta é a forma do autoritarismo moderno: recorrer
às urnas para solapar direitos fundamentais dos indivíduos e da sociedade.
Chávez é o presidente de uma país em que não há, por exemplo, imprensa livre.
Juízes independentes são perseguidos, e alguns críticos do regime ou estão
presos — sob a acusação de violações de leis que não estão relacionadas à
política — ou tiveram de se exilar. A quantidade de absurdos que há no vídeo é
fenomenal.
A mensagem de Lula é
dirigida à turma do Foro de São Paulo. Durante alguns anos, o Foro foi o grande
ausente da imprensa brasileira. Os únicos dois malucos que tocavam no assunto
éramos Olavo de Carvalho (ele primeiro) e eu. Parecia que o grupo era uma
invenção nossa, algo saído da nossa cachola. Os narcoguerrilheiros das Farc
faziam parte da turma. Quando Raúl Reyes, um dos terroristas-chefe morreu —
naquele ataque que as forças colombianas fizeram em território equaotiriano —,
Chávez lamentou a morte do herói e confessou que o conheceu justamente numa reunião
do Foro. A instância, que reúne partidos e grupos de esquerda da América
Latina, foi criada por Lula e Fidel Castro.
No vídeo, Lula trata do
Foro como se fosse mesmo uma unidade, um grupo — e é. Diz que, em 1990, quando
ele foi criado, ninguém imaginava que iriam chegar aonde chegaram: “Naquela
época, a esquerda só estava no poder em Cuba. Hoje, governamos (sic) um grande
número de países. Nos países em que somos oposição, inclusive, os partidos do
Foro têm uma influência crescente na vida política e social”. E mistifica: “Os
governos progressistas estão mudando a face da América Latina. Graças a eles,
nosso continente se desenvolve de modo acelerado, com crescimento econômico,
criação de empregos, distribuição de renda e inclusão social”.
Nem diga!
A Venezuela caminha
célere para o caos econômico e se ancora exclusivamente no petróleo; a
Argentina já foi para o vinagre — é questão de tempo (Cristina Kirchner não é
do Foro, mas foi adotada pela turma); as economias de Bolívia e Equador
sobrevivem apesar do governo, não por causa dele. A administração supostamente
esquerdista do Peru não mexeu uma vírgula no modelo dito “neoliberal” que
herdou de Alan García. Estáveis mesmo são a Colômbia e o Chile, que estão fora
da influência nefasta do Foro. Lula, portanto, mente. Continuando na sua enorme
vocação para falar bobagem, diz: “Hoje, somos referência internacional de
alternativa vitoriosa ao neoliberalismo”. Trata-se de um cretinismo ímpar.
“Somos”, quem? No essencial, o próprio Lula não alterou aquilo que recebeu — no
que mexeu, foi para pior. “Novo modelo” — que é muito velho —, quem testa é
Chávez. E é um desastre.
A fala de Lula evolui
para o asqueroso. Diz que há muito por fazer na América Latina. No discurso em
que começou exaltando a ditadura cubana e em que pede votos para outro tirano,
lembrou como exemplos negativos Honduras e Paraguai, os dois países que, dentro
da lei e seguindo suas respectivas constituições, depuseram presidentes. Manuel
Zelaya tentou dar um golpe bolivariano, insistindo num plebiscito considerado
ilegal pela Justiça. Fernando Lugo foi impichado segundo as regras do jogo, o
que até ele reconheceu. Sem medo da estupidez, o Babalorixá de Banânia chama as
Malvinas de “colônias”.
Deixa, no vídeo, o seu
abraço a Hugo Chávez e mente: “Sob a liderança de Chávez, o povo venezuelano
teve conquistas extraordinárias”. Avança: “As classes populares nunca foram
tratadas com tanto respeito, carinho e dignidade”. E ainda: “Chávez, conte
comigo; conte conosco, do PT; conte com a solidariedade e apoio de cada
militante de esquerda, de cada democrata e de cada latino-americano. Tua
vitória será a nossa vitória”.
Entenderam agora por
que Dilma Rousseff endossa a suspensão do Paraguai do Mercosul e aproveitou a
crise para abrigar o tiranete de Caracas? Os “foristas” têm a pretensão de
governar toda a América Latina.
Texto
publicado originalmente às 20h34 desta segunda
Por Reinaldo Azevedo