Há dúvidas sobre se Dilma Rousseff acordou e percebeu de onde vem a campanha que assola o governo com greves variadas de servidores públicos. Mais ainda, indaga-se estar a presidente consciente de que logo irromperá o movimento no setor privado. Porque para este segundo semestre, com os metalúrgicos à frente, preparam-se paralisações para ninguém botar defeito.
Trata-se de uma ação organizada e consciente para levar o governo a um impasse. Ou cede às reivindicações, algumas delas absurdas, ou continua irredutível e assiste à gradativa estagnação da economia. A quem interessa esse nó? Com que finalidade?
Ilude-se quem jogar a responsabilidade nas centrais sindicais. Com a CUT à frente, elas funcionam mais ou menos como as mãos do gato, para tirar as castanhas do fogo. Com o prato na mão, para degluti-las, está o PT, ironicamente o partido de Dilma, agastado com a pouca importância que vem tendo na administração federal. O PT, sem faltar o seu líder principal, que não pode ser outro senão... (cala-te boca). Porque um movimento de tal envergadura não se desenvolveria sem pelo menos o beneplácito do Lula. Ou até sua orquestração.
A presidente tem realizado sucessivos encontros com líderes partidários, a começar pelos companheiros. Ainda esta semana jantou com a bancada petista, mas não ficou apenas nela. O vice-presidente Michel Temer tem sido convocado, o PMDB é ator importante na peça. O líder socialista Eduardo Campos esteve no palácio da Alvorada. E outros.
O problema é que o surto grevista não poderá ser contido apenas pelos partidos da base oficial. Sequer pela liberação de verbas para atender emendas individuais ao orçamento. Despertaram o leão até agora adormecido, com o agravante de que ele tinha fome, depois de um jejum de oito anos estabelecido pelo governo passado. Muitas categorias que cruzaram os braços tem fartos motivos para protestar, como professores, médicos e policiais. Outras, nem tanto, mas o que chama a atenção é o conjunto, impossível de se formar e se desenvolver sem um objetivo. Qual? O de levar a presidente à defensiva, a perder o controle do governo, abrindo ou não as portas do tesouro nacional. Como 2014 vem aí, basta somar dois e dois.
O singular nessa equação é que as oposições formais estão de fora. A conspiração é exógena. Vem de dentro do sistema que tomou conta do país em 2002.
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