quinta-feira, 26 de julho de 2012
Estratégias de advogados de defesa transformam o PT em “réu honorário” no processo do mensalão
Edição
do Alerta Total- www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão
Agosto tem tudo para ser o mês do desgosto para o Partido dos Trabalhadores. Será praticamente impossível evitar que o julgamento do mensalão não repercuta, negativamente, sobre a legenda. Por mais que, nos bastidores, o criminalista Márcio Thomaz Bastos tente criar uma estratégia comum de defesa para os mensaleiros, a jogada é atrapalhada pelos interesses individuais de cada réu, que sonham se salvar de qualquer condenação. Além disso, a maioria das táticas dos defensores, direta ou indiretamente, jogam a culpa no PT – ente que se transforma no réu honorário do mensalão. Era tudo que os petistas não queriam às vésperas da eleição municipal de outubro.
O termo “mensalão” parece amaldiçoado no Executivo e no Judiciário. A presidenta Dilma Rousseff já teria ordenado aos seus ministros que não teçam comentários públicos sobre o maldito tema que prejudica, justamente, o partido político no poder. Na tentativa de impedir que o mensalão monopolize a pauta política, o governo se prepara para plantar notícias positivas na mídia amestrada e anestesiada pela verba de publicidade oficial (principalmente das estatais). O anúncio de medidas econômicas de impacto também atende à tática indireta de turbinar a imagem do PT (que será arrasada pelo mensalão) para a eleição de prefeitos e vereadores.
No Supremo Tribunal Federal, a palavra mensalão também é alvo de uma higienização midiática, não devendo ser pronunciada publicamente por nenhum dos ministros. A ordem geral é que o julgamento seja tratado sem o emprego do pejorativo termo popular. Para este malabarismo político-linguístico, a comunicação togada usará a expressão técnica “Ação Penal 470”. A intenção é não melindrar os advogados de defesa – alguns deles que até sonham em ser indicados pela presidenta Dilma para o STF, nas duas vagas que se abrem até o final do ano. Os defensores tentarão provar que o tal “mensalão” nunca existiu – como sempre pregou o chefão Lula da Silva. Assim, ninguém poderia ser condenado por um crime inexistente.
O julgamento do mensalão, de qualquer forma, será ruim para o governo e para o PT. O primeiro será alvo das denúncias de manipulação de verbas estatais de publicidade, que transitaram pelo Banco do Brasil – conforme tese dos advogados do Banco Rural, com base nas acusações feitas pelo Ministério Público. O segundo ficará mal na fita com a tese do defensor de Delúbio Soares. O advogado Arnaldo Malheiros Filho (um dos cotados para uma futura vaga no STF) sustentará que o tesoureiro do PT fez tudo de acordo com as ordens e decisões da Executiva do partido. Se tal tese vencer, Delúbio pode até ser condenado, mas não o será sozinho.
Por tantas contradições e visões diferenciadas nas estratégias de defesa de 38 réus, o mensalão pode até acabar resultando em grande impunidade – só punindo alguns. Mas o PT, mais diretamente, e o governo Lula (que faz parte do passado) devem sair com a imagem seriamente desgastada do julgamento da “Ação Penal 470”.
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. Editor-chefe do blog e podcast Alerta Total: www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos.
© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 26 de Julho de 2012.
Por Jorge Serrão
Agosto tem tudo para ser o mês do desgosto para o Partido dos Trabalhadores. Será praticamente impossível evitar que o julgamento do mensalão não repercuta, negativamente, sobre a legenda. Por mais que, nos bastidores, o criminalista Márcio Thomaz Bastos tente criar uma estratégia comum de defesa para os mensaleiros, a jogada é atrapalhada pelos interesses individuais de cada réu, que sonham se salvar de qualquer condenação. Além disso, a maioria das táticas dos defensores, direta ou indiretamente, jogam a culpa no PT – ente que se transforma no réu honorário do mensalão. Era tudo que os petistas não queriam às vésperas da eleição municipal de outubro.
O termo “mensalão” parece amaldiçoado no Executivo e no Judiciário. A presidenta Dilma Rousseff já teria ordenado aos seus ministros que não teçam comentários públicos sobre o maldito tema que prejudica, justamente, o partido político no poder. Na tentativa de impedir que o mensalão monopolize a pauta política, o governo se prepara para plantar notícias positivas na mídia amestrada e anestesiada pela verba de publicidade oficial (principalmente das estatais). O anúncio de medidas econômicas de impacto também atende à tática indireta de turbinar a imagem do PT (que será arrasada pelo mensalão) para a eleição de prefeitos e vereadores.
No Supremo Tribunal Federal, a palavra mensalão também é alvo de uma higienização midiática, não devendo ser pronunciada publicamente por nenhum dos ministros. A ordem geral é que o julgamento seja tratado sem o emprego do pejorativo termo popular. Para este malabarismo político-linguístico, a comunicação togada usará a expressão técnica “Ação Penal 470”. A intenção é não melindrar os advogados de defesa – alguns deles que até sonham em ser indicados pela presidenta Dilma para o STF, nas duas vagas que se abrem até o final do ano. Os defensores tentarão provar que o tal “mensalão” nunca existiu – como sempre pregou o chefão Lula da Silva. Assim, ninguém poderia ser condenado por um crime inexistente.
O julgamento do mensalão, de qualquer forma, será ruim para o governo e para o PT. O primeiro será alvo das denúncias de manipulação de verbas estatais de publicidade, que transitaram pelo Banco do Brasil – conforme tese dos advogados do Banco Rural, com base nas acusações feitas pelo Ministério Público. O segundo ficará mal na fita com a tese do defensor de Delúbio Soares. O advogado Arnaldo Malheiros Filho (um dos cotados para uma futura vaga no STF) sustentará que o tesoureiro do PT fez tudo de acordo com as ordens e decisões da Executiva do partido. Se tal tese vencer, Delúbio pode até ser condenado, mas não o será sozinho.
Por tantas contradições e visões diferenciadas nas estratégias de defesa de 38 réus, o mensalão pode até acabar resultando em grande impunidade – só punindo alguns. Mas o PT, mais diretamente, e o governo Lula (que faz parte do passado) devem sair com a imagem seriamente desgastada do julgamento da “Ação Penal 470”.
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. Editor-chefe do blog e podcast Alerta Total: www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos.
© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 26 de Julho de 2012.