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terça-feira, 11 de setembro de 2007

Disciplinados, mas não mortos

Segundo Reinaldo Azevedo

Era evidente que o livro Direito à Memória e à Verdade,
publicado pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos e lançado em meio a proselitismo filo-revanchista no Palácio do Planalto, iria gerar uma reação dos militares.
Mormente porque o ministro da Defesa, Nelson Jobim, resolveu ir um pouco além de suas sandálias, dando um cala-boca preventivo nas três Forças.
Pra quê? Com que objetivo? Ganhou o quê?
Se bem se lembram, ao se referir à obra, ele afirmou:
"Não haverá indivíduo que possa reagir. E, se houver, terá resposta".
Pois é. Os "indivíduos" reagiram. Não um.
Mas todos os 15 generais quatro - estrelas, que se reuniram, liderados por Enzo Martins Peri, comandante do Exército, para divulgar uma nota. De repúdio ao livro?

Não exatamente.
Mas de claro repúdio à tese estúpida que prega a revisão da Lei de Anistia.E agora? Que resposta Jobim pode dar? Nenhuma.
Até porque não tem autoridade funcional para punir ninguém.
O máximo que pode fazer é pedir a Lula que mude este ou aquele comandante. Só. Mais:
a nota do Exército é irrespondível e está absolutamente correta:
"A Lei da Anistia, por ser parâmetro de conciliação,
produziu a indispensável concórdia de toda a sociedade (...).
Colocá-la em questão importa em retrocesso à paz e à harmonia nacionais".
É isso aí. Quem há de negar?
Que a comissão tente chegar a corpos eventualmente desaparecidos
e que se cobrem eventuais documentos que possam localizá-los, bem.
Investir, no entanto, no confronto, querendo mandar para o banco dos réus pessoas que foram anistiadas há quase 30 anos é inaceitável.
E é isso o que muita gente vem pregando — inclusive dentro da secretaria.E o fato é o seguinte: não haverá a revisão da Anistia
para apenas um dos lados do confronto. E ponto final.
Ao menos não haverá sem, está posto, uma crise militar.
Quem está disposto a encará-la a esta altura do campeonato?
Alguns tolos estão brincando com o perigo, achando que o Brasil é a Argentina. Não é. Os militares deixaram o poder naquele país enxovalhados pela população. E com 30 mil mortos nas costas.
Como faz questão de lembrar a nota do general Enzo Martins Peri,
não é absolutamente o caso dos militares brasileiros.

Ele destacou que o Exército tem "elevados índices de confiança e credibilidade junto ao povo brasileiro" .
E é verdade. Escreveu também que a Força sempre se pautou
pelos "valores da hierarquia, disciplina e lealdade".
Nem sempre, é bom que se diga.
Mas assim tem sido desde a redemocratização do país.A reunião do Alto Comando foi extraordinária e teve o fito exclusivo de debater o assunto.
Reitero: a questão não é o livro, mas a tentativa de rasgar a Lei da Anistia
para apenas um dos lados do conflito.
Muitos leitores mandaram comentários afirmando que,
quando escrevo "dois lados", estou igualando torturadores
que agiam sob a proteção do estado a ações de indivíduos. Nada disso!
O estado brasileiro já foi responsabilizado pelos crimes que cometeu
— tanto que há uma comissão que cuida do assunto
e concede indenizações e pensões.
É tão generosa nos critérios, que atende até a alguns malandros
e beneficia desertores — o que acho inaceitável.
Portanto, a culpa oficial já foi identificada e tem conseqüências legais.
Quando se fala em revisão da Lei de Anistia,
aí o propósito e individualizar punições — ainda que sejam apenas morais.
A ser assim, quem matou na guerrilha ou em assaltos
também tem de pagar o pato —
ou há alguma dignidade nesses assassinatos,
ausente naqueles outros?É preciso um tanto de estupidez e outro tanto de má-fé
para confundir anistia com impunidade.
Por que os que agora pedem a revisão não protestaram contra a lei em 1979?
É fácil saber: estavam cumprindo uma etapa "da luta", não é mesmo?
A reunião não foi das mais amenas, embora a nota tenha sido
— foi previamente submetida a Jobim, que teve de engoli-la.
Enzo atuou para acalmar os generais, que estavam dispostos
a um texto bem mais duro.
Um deles disse a frase que está lá no título:
os militares estão "disciplinados, mas não mortos".Chega! Essa ridicularia já foi além da conta.
Há gente querendo tirar cadáveres do armário,
inclusive ideológicos, para assombrar os vivos.
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Continuo sem aceitar a Lei da Anistia.
Ela só provocou o crescimento do maior monstro do País:
A IMPUNIDADE GENERALIZADA, CUJAS 4 CRIAS SÃO A CORRUPÇÃO
A FALTA DE AUTORIDADE, DE RESPEITO E DE PATRIOTISMO!
TODOS OS CRIMINOSOS E TRAIDORES DA PÁTRIA
JAMAIS DEVERIAM TER SIDO PERDOADOS,
A JUSTIÇA BRASILEIRA DEVERIA TER CUMPRIDO TODAS AS LEIS
E JULGADOS TODOS OS CRIMES.
E OS FORAGIDOS E EXILADOS QUE NÃO QUISESSEM SER JULGADOS,
QUE NUNCA MAIS VOLTASSEM AO PA ÍS QUE TRAÍRAM!
DEU NO QUE DEU!!!!
OU ALGUÉM AINDA TEM DÚVIDA???
Euro