Por Jorge Serrão
Não tem choro de Nelson Jobim, e nem vela para guerrilheiro desaparecido. Os militares já mandaram avisar ao presidente Lula da Silva que não vão alimentar o clima de guerra civil que já reina em Roraima. Os integrantes do Alto Comando do Exército, a diferentes interlocutores nos bastidores, asseguram que não mandarão tropas para auxiliar 500 agentes da Polícia Federal na retirada de fazendeiros brasileiros (plantadores de arroz) da região criminosamente demarcada da reserva indígena Raposa do Sol – cuja área, apenas por coincidência, é idêntica aos mapas oficiais de recursos e riquezas minerais daquele estado amazônico.
O governo Lula já entornou o caldo com os militares. Mas as Legiões se mantêm na ordem. Reclamações só nos bastidores. A crise militar está formada. Três imposições do governo motivaram a insatisfação na caserna. Primeiro, pelo lançamento do livro da Comissão de Desaparecidos do Ministério da Justiça no qual os militares são classificados de assassinos e torturadores. Segundo, pela interferência direta de Nelson Jobim para obrigar o Exército a colaborar na operação para expulsar brasileiros não-índios da Raposa do Sol. Terceiro, pela ordem do Palácio do Planalto para que se investigue, oficialmente, o caso dos desaparecidos do PC do B na guerrilha do Araguaia, na década de 70.
Novas baixas podem ocorrer no Alto Comando do Exército ou no Ministério da Defesa. Nelson Jobim já conseguiu derrubar o general Maynard Santa Rosa. Ele declarou que o Exército não recomendava a invasão de Roraima, e acabou exonerado do cargo de secretário de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa. Também foi detonado do ministério o general Rômulo Bini Pereira, por motivos idênticos. A mão pesada do genérico Nelson Jobim também atingiu a Agência Brasileira de Inteligência. Foram destronados de lá o Diretor-Geral, Marcos Buzanelli, e o gerente em Roraima, Coronel Gélio Fregapani, todos por serem contrários à intervenção na Raposa do Sol.
Agora, o alvo da ira de Nelson Jobim na área militar é o atual chefe do Estado Maior do Exército, general Luiz Edmundo Maia Carvalho. Jobim até agora não engoliu a posição clara e firme do general para expressar a insatisfação do Alto Comando do Exército com o livro “Direito à Memória e à Verdade”. Resta saber como Jobim irá manipular seu arsenal de bastidores para conseguir que o General Carvalho seja derrubado.
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