O socialismo dura até acabar com os petrodólares
A Venezuela bolivariana chegou a encantar boa parte da esquerda, que agora se faz de desentendida. Com o preço do petróleo nas alturas, o populista Chávez foi capaz de comprar amplo apoio das massas. Mas a demagogia tem alto custo, e os petrodólares não duram para sempre.
O herdeiro político de Chávez, Nicolás Maduro, tem intensificado o controle da sociedade, chegando cada vez mais perto do regime cubano ditatorial. Empresários são perseguidos e presos pelo “crime” de não vender produtos com prejuízo. A desgraça é total.
Vinícius Mota, na Folha, fez um bom resumo da situação, comparando os casos da Venezuela e do Irã:
Teerã e Caracas vivem hoje a ressaca deixada pelo fim de uma década de bonança na cotação do petróleo. A renda do petróleo não compra mais a quantidade de bens e serviços suficiente para manter o progresso material da sociedade.
Os governos fazem o que podem para mitigar o empobrecimento relativo da população, o que parece inevitável. Ampliam gastos e dívida, manipulam a moeda local e saqueiam as receitas das estatais petrolíferas.
Mas podem pouco. O PIB se desacelera, e os preços ao consumidor arrancam. O custo de vida sobe 40% ao ano. No Irã, o boicote internacional agrava o desabastecimento interno. Na Venezuela, os decretos para baixar preços o vão exacerbar.
Ao Irã ainda restam a moeda de seu programa nuclear –cuja desaceleração temporária acaba de pactuar com o Ocidente– e o enraizamento do regime islâmico. A Venezuela não tem nada disso.
O Brasil se prepare para uma crise no vizinho. O socialismo começa com discursos gloriosos e braços erguidos, mas acaba em filas e penúria econômica.
Foi assim em todos os experimentos. Retórica sensacionalista e resultados catastróficos. O Irã apela para a chantagem nuclear, a qual Obama cede. Israel, que conhece melhor o vizinho, não cai nessa conversa de acordo, e mantém, com toda razão, o alerta, preparado para combater o avanço nuclear iraniano à força, se preciso.
A Venezuela vira suas armas contra a própria população, sem ter muito como apelar para bodes expiatórios externos. Até tenta, demonizando os Estados Unidos. Mas é complicado, quando se trata simplesmente do maior cliente para seu ouro negro.
Thatcher dizia que o socialismo dura até acabar o dinheiro dos outros. Quando se trata de um país sentado em bilhões de barris de petróleo, podemos adaptar e concluir que dura até se esgotarem os petrodólares. Mas até eles são finitos.
Por aqui, temos o PT flertando com o bolivarianismo venezuelano, e contando justamente com os petrodólares do pré-sal para dar continuidade a seu projeto, não de nação, mas de poder. O único que o partido possui.
