Brasil está entre mais afetados por crise
Publicado por Patricia Francisco - 3 dias atrás
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O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou, em documento divulgado ontem, que o Brasil está entre os mais afetados pela recente onda de volatilidade em países emergentes. Segundo o Fundo, países com mais inflação e maiores déficits em conta corrente foram os mais afetados, entre eles Brasil, Indonésia, Turquia e África do Sul. No relatório preparado para o encontro do G-20, o FMI lembra que a atividade econômica brasileira desacelerou no terceiro trimestre do ano passado, com queda no investimento e piora na confiança das empresas.
O FMI diz que a perspectiva é de fortalecimento da recuperação econômica global, desde que a recente volatilidade tenha vida curta. No caso de países em desenvolvimento, porém, aponta que o crescimento segue fraco, diante de uma demanda interna modesta, em países como Brasil, Indonésia, Rússia e África do Sul, "ainda que na maior parte dos casos seja esperado crescimento neste ano e no próximo". "Para algumas economias, notadamente aquelas que elevaram a taxa de juros diante da pressão do mercado, o crescimento deve ser revisado para baixo", diz o relatório.
O documento afirma que, na área fiscal, as economias emergentes precisam garantir a credibilidade de sua política, também reservando fundos para ter espaço para eventuais ações contracíclicas. Também diz que China e Brasil precisam reduzir suas operações parafiscais, que aumentam os riscos contingentes para as finanças públicas, e devem melhorar a transparência dessas operações.
Para o Fundo, a crise recente causou perdas de produtividade, empregos e investimento de mais longo prazo. Algumas economias emergentes, como Brasil, Índia e China, estão passando por um período de menor potencial de crescimento. No caso de Brasil e Índia, o FMI diz que a desaceleração reflete gargalos de infraestrutura e regulatórios. Em suas recomendações, o FMI diz que o Brasil deve passar por um processo de consolidação fiscal, o que deve reduzir a dívida bruta. No documento, é ressaltado que o relatório foi elaborado pela equipe do Fundo e não necessariamente reflete a opinião de sua diretoria-executiva.
Depois de indicar receio com economias emergentes, o Fundo recomendou novas ações e cooperação entre nações para promover estabilidade financeira e recuperação robusta. Economias avançadas devem evitar a retirada prematura de acomodação monetária, enquanto o ambiente fiscal continua se equilibrando. O FMI acredita que economias avançadas precisam continuar com políticas acomodatícias em função das diferenças da atividade econômica entre países, inflação baixa e por causa do processo de consolidação fiscal.
"Há espaço para melhor cooperação para retirar políticas monetárias não convencionais, inclusive com discussões mais amplas de bancos centrais", diz o documento. Para os emergentes, o FMI diz que são necessárias políticas macroeconômicas confiáveis, junto com flexibilidade na taxa de câmbio para enfrentar turbulências. "Flexibilidade cambial deve continuar facilitando os ajustes externos, especialmente onde as moedas estão supervalorizadas, enquanto a intervenção no câmbio - onde as reservas estiverem em níveis adequados - pode ser usada para conter volatilidade excessiva ou prevenir rupturas financeiras", diz o FMI.
"Mercados estão mostrando sinais de estabilização, embora ainda estejam frágeis, em consequência das ações adotadas pelas principais economias emergentes para aumentar a confiança e fortalecer os comprometimentos políticos", diz o documento do FMI.
Fonte: Valor Econômico / Gabrielle Moreira / Gabriel Bueno - 20.02.14