26/02/12
Fonte: Blog Direito à Memória, de Fabiana Santos Dantas.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/1052712-clubes-militares-recuam-de-critica-a-dilma-por-opiniao-de-ministras.shtml.
Segundo as informações do jornal, o sítio do clube militar publicou um texto lacônico desau-torizando o manifesto assinado pelos representantes das três entidades em uma nota, que não está mais disponível.
Aparentemente, o Comandante do Exército mandou que o manifesto fosse retirado: http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/conteudo.phtml?tl=1&id=1226504&tit=Comandante-do-Exercito-manda-retirar-nota-contra-ministros.
Os Presidentes dos Clubes Militares emitiram, em nome da Comissão Interclubes Militares, no dia 16 de fevereiro de 2012, a memorável, nota abaixo transcrita, em que se traduz, de maneira até muito suave e elegante, o pensamento da esmagadora maioria dos sócios daquelas instituições e de quase todos os militares brasileiros, inclusive os da ativa.
Esta é a razão do desespero com que o governo procura, mais uma vez, fraudar a verdade, ao tentar impedir as legítimas manifestações de quem pensa de modo diferente, mesmo que para isso tenha de violentar direitos garantidos pelo Código Civil e pela Constituição desta combalida República Federativa do Brasil.
Mas o Código Civil e a Constituição nada significam para governan-tes que, por nada reconhecerem além dos dogmas da ideologia alienígena, impatriótica e sectária que professam, desrespeitam-nos, sem qualquer ves-tígio de pudor, sempre que lhes convém, diante da passividade alienada das instituições que deveriam coibi-lo.
Assim, avança cada vez mais a ditadura imposta pelo PT e consentida pelos seus aliados e por todos aqueles que se prostituem pelas migalhas que a proximidade com o poder ditatorial lhes confere.
Democracias não reprimem o pensamento contrário à verdade oficial chantageando, coagindo, ameaçando ou corrompendo as lideranças diver-gentes. Tais práticas são criminosas, como criminosos são quem as pratica.
No mesmo diapasão, soam as proibições das comemorações da reden-tora Revolução de 31 de Março, que nos salvou de nos transformarmos em uma Cuba grande, mas igualmente miserável, sob a ação desses mesmos traidores que, ainda hoje, infelicitam a Nação brasileira.
Quantas dessas pessoas que nos atiram pedras agora teriam sucumbido no “paredón” dos terroristas que se dizem democratas, mas continuam tão radicais e irresponsáveis como eram antes?
Proibir que se comemore uma data que nos é cara ou tentar impedir que se homenageiem as pessoas que foram, desde 1935, covardemente assas-sinadas pelos “heróis” dessa camarilha que hoje os venera com a imposição abusiva de seus nomes a ruas em cidades importantes, não mudará os sen-timentos dos militares, sócios ou não dos Clubes Militares.
É conhecido o repúdio que temos pela desonestidade, pela mentira, pela injustiça, pela corrupção, pela covardia, pela traição, pela subversão, pelo terrorismo, por todas as formas de autoritarismo e, igualmente, pelos comunistas, provavelmente, responsáveis por mais mortes (eufemismo para assassinatos) no mundo do que todas as guerras juntas. Repúdio esse que se estende a todos os canalhas de um modo geral.
Sim, os militares continuarão a pensar como sempre o fizeram, da mesma forma que continuarão atentos a todas as ameaças à Pátria que jura-ram defender com o sacrifício da própria vida, venham de onde vierem. Pelo menos, os dignos de assim serem chamados.
Mas o que se pretende não é mudar-lhes a cabeça, senão neutralizá-los. Os regimes totalitários somente sobrevivem se não houver contestação.
Seus dirigentes não querem convencer ninguém. Para eles é suficiente aterrorizar a todos – terroristas que são – de modo a impedir qualquer mani-festação contrária à verdade oficial.
Somente assim, conseguem manter a aparente “unanimidade do pen-samento nacional” que os mantém no poder.
Já submetidas todas as outras instâncias do País, é indispensável tirar as Forças Armadas do caminho. A melhor forma para isso é fazer crer aos brasileiros (e a elas mesmas também) que não passam de milícias que qual-quer comissário partidário de terceira categoria, desprezado por seus pares de profissão, possa controlar.
Como eles conhecem muito bem os militares, que sempre se opuse-ram aos seus devaneios ideológicos, sabem, perfeitamente, que os adesis-tas, com raríssimas exceções, apenas fingem-lhes simpatia para tirar vantagens imediatas, sejam para si, sejam para as instituições. Ao contrário das pessoais, a maioria das “vantagens” institucionais não passa de promessas que jamais serão cumpridas. Já os adesistas, de confiabilidade duvidosa (quem trai os seus, por que não haveria de trair os “outros”?), pensam que se sairão bem, porém, serão simplesmente eliminados, quando não mais forem necessários.
Foi assim em todos os países vitimados por regimes políticos seme-lhantes. Mas não é preciso ir tão longe, basta ver o que aconteceu, por aqui mesmo, em passado recente.
Cumpre lembrar, ainda, que, ao contrário do que dizem as notícias implantadas nos jornais, tais Clubes não são obrigados a cumprir regulamen-tos militares – associações de direito privado que são – nem se destinam exclusivamente a militares da Reserva, mas a todos, ativos e inativos, que compõem os seus quadros sociais, tendo, também, por força estatutária, a obrigação de defender os interesses e os direitos de todos os militares, sócios ou não, tão abandonados ultimamente.
Era justamente o que fazia a Comissão Interclubes Militares ao traduzir com tanta fidelidade o pensamento desse estamento, quando sofreu as pres-sões ilegítimas, constantes da citação em epígrafe, por parte de um governo cuja ilegitimidade não comentaremos, aqui, por já ter sido objeto do nosso trabalho “Ditadura da Maioria e Legitimidade”, de 8 de fevereiro de 2011.
Não encontramos a “nota lacônica” atribuída ao Clube Militar, mas não há por que pôr em dúvida a veracidade da notícia, pois a manifestação desapareceu dos sites dos três Clubes.
O triste episódio serviu somente para mostrar que nada devemos aguardar “com expectativa positiva” de qualquer dos agentes que infestam o cenário político nacional.
Eis a nota que abalou o governo a ponto de usar o poder do Estado, ao arrepio das Leis e da Constituição, para sonegar aos brasileiros o direito de saber o que pensam os seus militares: