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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Mas por que o PT não pode controlar o que devemos ver e ouvir 07/12/2010   Reinaldo Azevedo


O autoritarismo petista não avança com estrondos, mas com suspiros. Os inocentes e até os de boa-fé podem indagar: “Pô, mas que mal há em multar as empresas que veiculem preconceitos ou matérias ofensivas ou inadequadas ao horário?” A resposta, leitor, é esta: é o mal que há no capeta disfarçado de anjo. Se o Coisa Ruim mostrasse a sua verdadeira face, ninguém se deixaria seduzir. A pergunta que se coloca desde logo é esta: quem vai decidir o que ofende ou não? Os petistas incompetentes e desempregados, pendurados em alguma ONG ou vivendo de dinheiro público, logo respondem: “A sociedade civil organizada!” É mesmo? E quem é “a” sociedade civil, cara pálida? Onde ela mora?
A “sociedade civil” é quem o PT e as organizações militantes decidem ser a sociedade civil. Quando veio a público o Programa Nacional-Socialista dos Direitos Humanos, lembro-me que um desses bananas espertalhões resolveu defender o caráter “democrático” das audiências que resultaram no texto. Seu argumento principal: foi tudo tão público que 20 mil pessoas teriam sido ouvidas!!! Vinte mil? Numa sociedade de quase 200 milhões, 135 milhões dos quais são eleitores? É por isso que existe democracia representativa no Brasil, entenderam? A canalha esquerdopata quer substituí-la pela democracia direta porque sabe que esta se transforma num mecanismo de decisão das minorias mobilizadas.
Fico aqui a imaginar algumas situações. A Constituição, por exemplo, defende os princípios da justiça social — e nem poderia ser diferente. Existem leis favoráveis à reforma agrária. Tudo muito certo, tudo muito bem! Uma reportagem que fosse crítica, por exemplo, aos métodos do MST correria o risco de ser considerada “preconceituosa” e até, imaginem!, de fazer a apologia da ilegalidade. Bastaria que, para isso, se considerasse que os bravos de João Pedro Stedile nada mais fazem do que tentar dar conseqüência prática à Constituição; seus críticos, portanto, estariam contra os bons valores!
Na reportagem do post abaixo, o deputado Fernando Ferro (PE), líder do PT na Câmara, entrega o jogo e confirma o que escrevi no texto da madrugada: o partido fez uma proposta inaceitável para arrancar alguma concessão. Traduzindo: se o PT avançar um pouco no “controle da mídia”, mais um suspiro de autoritarismo, já está de bom tamanho. O que o partido quer é que o jornalismo aprenda a se comportar direitinho, entenderam?, como se, hoje, ele já não fosse o principal canal de propaganda dos valores da esquerda. Falo mais a respeito daqui a pouco.
Por Reinaldo Azevedo