Jornal Estadão SP – 30/09/2014
Arnaldo Jabor
O que acontecerá com o Brasil se a Dilma for eleita?
Aqui vai a lista:
A catástrofe anunciada vai chegar pelo desejo teimoso de governar um país capitalista
com métodos "socialistas". Os "meios" errados nos levarão a "fins" errados. Como não
haverá outra "reeleição", o PT no governo vai adotar medidas bolivarianas tropicais,
na "linha justa" da Venezuela, Argentina e outros.
Dilma já diz que vai controlar a mídia, economicamente, como faz a Cristina na
Argentina. Quando o programa do PT diz: "Combater o monopólio dos meios
eletrônicos de informação, cultura e entretenimento", leia-se, como um velho petista
deixou escapar: "Eliminar o esterco da cultura internacional e a 'irresponsabilidade' da
mídia conservadora". Poderão, enfim, pôr em prática a velha frase de Stalin: "As ideias
são mais poderosas do que as armas. Nós não permitimos que nossos inimigos tenham
armas, porque deveríamos permitir que tenham ideias?".
As agências reguladoras serão mais esvaziadas do que já foram, para o governo
PT ter mais controle sobre a vida do País. Também para "controlar", serão criados
os "conselhos" de consulta direta à população, disfarce de "sovietes" como na Rússia de
O inútil Mercosul continuará dominado pela ideologia bolivariana e "cristiniana".
Continuaremos a evitar acordos bilaterais, a não ser com países irrelevantes
(do "terceiro mundo") como tarefa para o emasculado Itamaraty, hoje controlado
pelo assessor internacional de Dilma, Marco Aurélio Garcia. Ou seja, continuaremos
a ser um "anão diplomático" irrelevante, como muito acertadamente nos apelidou o
Ministério do Exterior de Israel.
Continuaremos a "defender" o Estado Islâmico e outros terroristas do "terceiro mundo",
porque afinal eles são contra os Estados Unidos, "inimigo principal" dos bolcheviques
que amavam o Bush e tratam o grande Obama como um "neguinho pernóstico".
Os governos estaduais de oposição serão boicotados sistematicamente, receberão poucas
verbas, como aconteceu em S. Paulo.
Junto ao "patrimonialismo de Estado", os velhos caciques do "patrimonialismo privado"
ficarão babando de felicidade, como Sarney, Renan "et caterva" voltarão de mãos dadas
com Dilma e sua turminha de brizolistas e bolcheviques.
Os gastos públicos jamais serão cortados, e aumentarão muito, como já formulou a
presidenta.
O Banco Central vai virar um tamborete usado pela Dilma, como ela também já
declarou: "Como deixar independente o BC?".
A Inflação vai continuar crescendo, pois eles não ligam para a "inflação neoliberal".
Quanto aos crimes de corrupção e até a morte de Celso Daniel serão ignorados,
pois, como afirma o PT, são "meias-verdades e mentiras, sobre supostos crimes sem
comprovação...".
Em vez de necessárias privatizações ou "concessões", a tendência é de reestatização
do que puderem. A sociedade e os empresários que constroem o País continuarão a ser
olhados como suspeitos.
Manipularão as contas públicas com o descaro de "revolucionários" - em 2015, as
contas vão explodir. Mas ela vai nomear outro "pau-mandado" como o Mantega.
Aguardem.
Nenhuma reforma será feita no Estado infestado de petistas, que criarão normas e
macetes para continuar nas boquinhas para sempre.
A reforma da Previdência não existirá, pois, segundo o PT, "ela não é necessária, pois
exageram muito sobre sua crise", não havendo nenhum "rombo" no orçamento. Só de
52 bilhões.
A Lei de Responsabilidade Fiscal será desmoralizada por medidas atenuantes - prefeitos
e governadores têm direito de gastar mais do que arrecadam, porque a corrupção não
pode ficar à mercê de regras da época "neoliberal". Da reforma política e tributária
ninguém cogita.
Nossa maior doença - o Estado canceroso - será ignorada e terá uma recaída talvez fatal;
mas, se voltar a inflação, tudo bem, pois, segundo eles, isso não é um grande problema
na política de "desenvolvimento".
Certas leis "chatas" serão ignoradas, como a lei que proíbe reforma agrária em terras
invadidas ilegalmente, que já foi esquecida de propósito.
Aliás, a evidente tolerância com os ataques do MST (o Stedile já declarou que se Dilma
não vencer, "vamos fazer uma guerra") mostra que, além de financiá-los, este governo
quer mantê-los unidos e fiéis, como uma espécie de "guarda pretoriana", como a guarda
revolucionária dos "aiatolás" do Irã.
A arrogância e cobiça do PT aumentarão. As 30 mil boquinhas de "militantes" dentro
do Estado vão crescer, pois consideram a vitória uma "tomada de poder". Se Dilma
for eleita, teremos um governo de vingança contra a oposição, que ousou contestá-la.
Haverá o triunfo "existencial" dos comunas livres para agir e, como eles não sabem
fazer nada, tudo farão para avacalhar o sistema capitalista no País, em nome de uma
revolução imaginária. As bestas ficarão inteligentes, os incompetentes ficarão mais
autoconfiantes na fabricação de desastres. Os corruptos da Petrobrás, do próprio TCU,
das inúmeras ONGs falsas vão comemorar. Ninguém será punido - Joaquim Barbosa foi
uma nuvem passageira.
Nesta eleição, não se trata apenas de substituir um nome por outro. Não é Fla x Flu.
Não. O grave é que tramam uma mutação dentro do Estado democrático. Para isso,
topam tudo: calúnias, números mentirosos, alianças com a direita mais maléfica.
E, claro, eles têm seus exércitos de eleitores: os homens e as mulheres pobres do País
que não puderam estudar, que não leem jornais, que não sabem nada. Parafraseando
alguém (Stalin ou Hitler?) - "que sorte para os ditadores (ou populistas) que os homens
não pensem".
Toda sua propaganda até agora se acomodou à compreensão dos menos
inteligentes: "Quanto maior a mentira, maior é a chance de ela ser acreditada" - esta é
do velho nazista.
O programa do PT é um plano de guerra. Essa gente não larga o osso. Eles odeiam a
democracia e se consideram os "sujeitos", os agentes heroicos da História. Nós somos,
como eles falam, a "massa atrasada".
É isso aí. Tenho vontade de registrar este texto em cartório, para depois mostrar aos
eleitores da Dilma. Se ela for eleita.