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terça-feira, 14 de outubro de 2014

O Banco Central vai virar um tamborete

Jornal Estadão SP – 30/09/2014

Arnaldo Jabor

O que acontecerá com o Brasil se a Dilma for eleita?

Aqui vai a lista:

A catástrofe anunciada vai chegar pelo desejo teimoso de governar um país capitalista

com métodos "socialistas". Os "meios" errados nos levarão a "fins" errados. Como não

haverá outra "reeleição", o PT no governo vai adotar medidas bolivarianas tropicais,

na "linha justa" da Venezuela, Argentina e outros.

Dilma já diz que vai controlar a mídia, economicamente, como faz a Cristina na

Argentina. Quando o programa do PT diz: "Combater o monopólio dos meios

eletrônicos de informação, cultura e entretenimento", leia-se, como um velho petista

deixou escapar: "Eliminar o esterco da cultura internacional e a 'irresponsabilidade' da

mídia conservadora". Poderão, enfim, pôr em prática a velha frase de Stalin: "As ideias

são mais poderosas do que as armas. Nós não permitimos que nossos inimigos tenham

armas, porque deveríamos permitir que tenham ideias?".

As agências reguladoras serão mais esvaziadas do que já foram, para o governo

PT ter mais controle sobre a vida do País. Também para "controlar", serão criados

os "conselhos" de consulta direta à população, disfarce de "sovietes" como na Rússia de

O inútil Mercosul continuará dominado pela ideologia bolivariana e "cristiniana".

Continuaremos a evitar acordos bilaterais, a não ser com países irrelevantes

(do "terceiro mundo") como tarefa para o emasculado Itamaraty, hoje controlado

pelo assessor internacional de Dilma, Marco Aurélio Garcia. Ou seja, continuaremos

a ser um "anão diplomático" irrelevante, como muito acertadamente nos apelidou o

Ministério do Exterior de Israel.

Continuaremos a "defender" o Estado Islâmico e outros terroristas do "terceiro mundo",

porque afinal eles são contra os Estados Unidos, "inimigo principal" dos bolcheviques

que amavam o Bush e tratam o grande Obama como um "neguinho pernóstico".

Os governos estaduais de oposição serão boicotados sistematicamente, receberão poucas

verbas, como aconteceu em S. Paulo.

Junto ao "patrimonialismo de Estado", os velhos caciques do "patrimonialismo privado"

ficarão babando de felicidade, como Sarney, Renan "et caterva" voltarão de mãos dadas

com Dilma e sua turminha de brizolistas e bolcheviques.

Os gastos públicos jamais serão cortados, e aumentarão muito, como já formulou a

presidenta.

O Banco Central vai virar um tamborete usado pela Dilma, como ela também já

declarou: "Como deixar independente o BC?".

A Inflação vai continuar crescendo, pois eles não ligam para a "inflação neoliberal".

Quanto aos crimes de corrupção e até a morte de Celso Daniel serão ignorados,

pois, como afirma o PT, são "meias-verdades e mentiras, sobre supostos crimes sem

comprovação...".

Em vez de necessárias privatizações ou "concessões", a tendência é de reestatização

do que puderem. A sociedade e os empresários que constroem o País continuarão a ser

olhados como suspeitos.

Manipularão as contas públicas com o descaro de "revolucionários" - em 2015, as

contas vão explodir. Mas ela vai nomear outro "pau-mandado" como o Mantega.

Aguardem.

Nenhuma reforma será feita no Estado infestado de petistas, que criarão normas e

macetes para continuar nas boquinhas para sempre.

A reforma da Previdência não existirá, pois, segundo o PT, "ela não é necessária, pois

exageram muito sobre sua crise", não havendo nenhum "rombo" no orçamento. Só de

52 bilhões.

A Lei de Responsabilidade Fiscal será desmoralizada por medidas atenuantes - prefeitos

e governadores têm direito de gastar mais do que arrecadam, porque a corrupção não

pode ficar à mercê de regras da época "neoliberal". Da reforma política e tributária

ninguém cogita.

Nossa maior doença - o Estado canceroso - será ignorada e terá uma recaída talvez fatal;

mas, se voltar a inflação, tudo bem, pois, segundo eles, isso não é um grande problema

na política de "desenvolvimento".

Certas leis "chatas" serão ignoradas, como a lei que proíbe reforma agrária em terras

invadidas ilegalmente, que já foi esquecida de propósito.

Aliás, a evidente tolerância com os ataques do MST (o Stedile já declarou que se Dilma

não vencer, "vamos fazer uma guerra") mostra que, além de financiá-los, este governo

quer mantê-los unidos e fiéis, como uma espécie de "guarda pretoriana", como a guarda

revolucionária dos "aiatolás" do Irã.

A arrogância e cobiça do PT aumentarão. As 30 mil boquinhas de "militantes" dentro

do Estado vão crescer, pois consideram a vitória uma "tomada de poder". Se Dilma

for eleita, teremos um governo de vingança contra a oposição, que ousou contestá-la.

Haverá o triunfo "existencial" dos comunas livres para agir e, como eles não sabem

fazer nada, tudo farão para avacalhar o sistema capitalista no País, em nome de uma

revolução imaginária. As bestas ficarão inteligentes, os incompetentes ficarão mais

autoconfiantes na fabricação de desastres. Os corruptos da Petrobrás, do próprio TCU,

das inúmeras ONGs falsas vão comemorar. Ninguém será punido - Joaquim Barbosa foi

uma nuvem passageira.

Nesta eleição, não se trata apenas de substituir um nome por outro. Não é Fla x Flu.

Não. O grave é que tramam uma mutação dentro do Estado democrático. Para isso,

topam tudo: calúnias, números mentirosos, alianças com a direita mais maléfica.

E, claro, eles têm seus exércitos de eleitores: os homens e as mulheres pobres do País

que não puderam estudar, que não leem jornais, que não sabem nada. Parafraseando

alguém (Stalin ou Hitler?) - "que sorte para os ditadores (ou populistas) que os homens

não pensem".

Toda sua propaganda até agora se acomodou à compreensão dos menos

inteligentes: "Quanto maior a mentira, maior é a chance de ela ser acreditada" - esta é

do velho nazista.

O programa do PT é um plano de guerra. Essa gente não larga o osso. Eles odeiam a

democracia e se consideram os "sujeitos", os agentes heroicos da História. Nós somos,

como eles falam, a "massa atrasada".

É isso aí. Tenho vontade de registrar este texto em cartório, para depois mostrar aos

eleitores da Dilma. Se ela for eleita.