REVISTA VEJA - DUELA A QUEM DUELA I
Por
Reinaldo Azevedo
20/09/2014
às 5:10
Pois
é… Reportagem da Folha deste
sábado informa que Paulo Roberto Costa envolveu mais duas diretorias no esquema
corrupto que vigorava na empresa: a Internacional, que era comandada pelo
notório Nestor Cerveró, e a de Serviços e Engenharia, cujo titular era o
petista Renato Duque. O PT está preocupado com os cadáveres que podem sair do
armário. Faltam duas semanas para o primeiro turno das eleições, mas o segundo
ainda está longe, só no dia 26 de outubro. Entre as irregularidades que atingem
as duas diretorias, estão a construção da refinaria Abreu e Lima, em
Pernambuco, e a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA. Segundo o Jornal
Nacional, Costa admitiu ter recebido R$ 1,5 milhão de propina só nessa
operação.Duque,
note-se, já aparece citado em outro inquérito da Polícia Federal para apurar
irregularidades nos negócios da Petrobras. A polícia investiga sua relação com
outros funcionários da estatal suspeitos de evasão de divisas.Em
abril, outra reportagem Folha
informava que Rosane França, viúva do engenheiro da Petrobras Gésio França, que
morreu há dois anos, acusou a empresa de ter colocado o marido na “geladeira”
porque este se opusera ao superfaturamento do gasoduto Urucu-Manaus, na
Amazônia. Para a sua informação, leitor amigo: esse gasoduto foi orçado pela
Petrobras em R$ 1,2 bilhão e acabou saindo por R$ 4,48 bilhões.A
viúva de Gésio não citou nomes, mas em e-mails que vieram a público, ele
reclamava justamente da diretoria de Serviços e Engenharia, que era comandada
pelo petista Renato Duque, que negociava com as empreiteiras. Duque, aliás, é
amigo de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, um dos nomes citados por Costa
como parte do esquema corrupto, que recorria aos préstimos do doleiro Alberto
Youssef.Além
de amigo de Vaccari, Duque sempre teve um padrinho forte no PT: ninguém menos
do que José Dirceu. Quando Graça Foster assumiu a presidência da estatal, em
2012, ela o substituiu por Richard Olm. Mas isso não significa, é evidente, que
a Petrobras está livre da politicagem. Lá está, por exemplo, José Eduardo
Dutra, ex-presidente do PT e outro peixinho de Dirceu: é diretor Corporativo e
de Serviços. Não só ele. Também é da cota do ainda presidiário Dirceu o gerente
executivo da Comunicação Institucional, Wilson Santarosa.A
estatal, diga-se, tornou-se um retrato dos desmandos do PT e da forma como o
partido entende o exercício do poder. Como esquecer uma frase já antológica do
então presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, em 2005, em reunião com uma
certa ministra das Minas e Energia chamada Dilma Rousseff? Ele cobrou uma
promessa que lhe fizera Lula: “O que o presidente me ofereceu foi aquela
diretoria que fura poço e acha petróleo”.Era
assim que Lula exercia o poder. E foi assim que a Petrobras passou a furar poço
e a achar escândalos.Por
Reinaldo Azevedo