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quinta-feira, 19 de junho de 2014

O Exército e a Copa


Por FRANCISCO VANDERLEI TEIXEIRA DE OLIVEIRA – Cel
Em 9 de junho de 2014

A poucos dias do início dos jogos a Presidente do Brasil diz que “não vai ter baderna na copa”, que “a imagem do País está em jogo” e que “poderá usar o Exército contra os protestos”.
Sete anos passados desde que o governo do PT assumiu junto à comunidade internacional e em particular com a FIFA o compromisso de realizar uma série de mudanças nas principais estruturas do país que teriam ligação direta com a realização dos jogos da copa do mundo. Isso serviria para atender as demandas das delegações estrangeiras, dos turistas do mundo inteiro e posteriormente dos brasileiros mortais que por aqui resistissem.
Construção de estádios, melhorias na mobilidade urbana, na rede de assistência hospitalar, nos aeroportos, na segurança pública e em tudo aquilo que fosse útil ao bom andamento da competição e ficasse como legado ao povo brasileiro. Na reta final para o início da competição, que deverá ser de alto nível nos gramados, vemos que muito do que foi prometido, a título de aproveitamento político de ocasião, não foi cumprido pelo governo.
Devemos acreditar na nossa capacidade de gerenciar os estádios construídos ou reformados, com injeção de recursos públicos, de forma que eles venham a trazer algum retorno financeiro futuramente. Não será fácil tirar da cabeça dos brasileiros o fato de que muito dinheiro foi desviado na construção desses monumentos. Seria mais adequado investir na saúde, na educação, na segurança, na mobilidade urbana e nas estradas. De resto, nada leva a crer que o saldo dessa investida será algo que valeu a pena pelo que foi imposto de sacrifício ao povo brasileiro.
Para a realização de eventos dessa envergadura faz-se necessário uma eficiente rede de atendimento hospitalar. Numa avaliação sumária, realizada apenas por amostragem nas capitais sedes dos jogos, o que se constatou foi o que já sabemos e com o que convivemos nos dias normais da vida do brasileiro. Os hospitais sofrem com superlotação, obras inacabadas, aparelhos de uso médico sem funcionar, baixo estoque de medicamentos básicos, escassez de leitos, profissionais de saúde insuficientes para o atendimento e outras tantas mazelas da saúde pública brasileira que nos atormenta diuturnamente. Certamente os nossos políticos, os dirigentes e comitivas dos países visitantes não serão atingidos pelo caos do sistema caso dele necessitem. Vamos pensar positivamente e acreditar que não haverá qualquer incidente mais grave que venha a aumentar a demanda nos hospitais das cidades sede dos jogos, nem mesmo um ataque maciço do mosquito da dengue, pois seria o fim do sistema de saúde do B rasil. Geraldo Ferreira, presidente da Federação Nacional dos Médicos, criticou o governo federal por nunca ter criado uma rubrica para Saúde na Copa e diz que “o brasileiro tem que confiar na proteção de Deus” diante desse cenário. Baderna na saúde?
O “TREM BALA” passou a mil por hora e nós brasileiros perdemos a chance de embarcar nessa viagem rumo ao futuro. As promessas foram muito além da capacidade de planejar e gerenciar a execução. Muito pouco se fez em relação à mobilidade urbana nas cidades. Os governos do PT nos últimos 12 anos fizeram da aquisição do carro próprio mais uma bandeira da ilusão a que os brasileiros são submetidos. Através desse instrumento elegeram a indústria automobilística como uma das maiores beneficiadas com o sacrifício do povo. Em nome de uma falsa base de sustentação da economia deixaram as nossas cidades sufocadas pelo transito caótico e pela poluição. Não melhoraram adequadamente o transporte público coletivo e de massa, não tiveram competência para realizar os investimentos que eliminassem os gargalos de congestionamento nas vias urbanas e nem conseguiram mudar o péssimo estado das nossas estradas. Baderna na mobilidade?
Um comandante de aeronave assim se expressou: “Senhores passageiros, pedimos um pouco de paciência a vocês. Estou vendo aqui pelo menos oito aeronaves aguardando vaga para estacionar, então teremos que aguardar a autorização para o desembarque”. A espera se estendeu muito mais para quem precisou pegar um táxi. “Nossos aeroportos ficaram muitos anos sem nenhuma intervenção física e agora nós estamos correndo contra o tempo para colocá-los de novo na lista dos melhores aeroportos do mundo”, disse o Ministro Moreira Franco. O governo brasileiro teve sete anos para executar o que já devia ter sido planejado antes de lançar o Brasil como candidato a sediar a copa. No entanto, as intervenções físicas mencionadas pelo ministro só começaram a ocorrer nos últimos anos e a poucos dias do início da competição a maioria delas ainda não foi entregue e só o será após o evento esportivo. Alguns problemas expostos na infraestrutura aeroportuária das cidades sede do torneio confirmam que os aeroportos brasileiros não estão prontos para receber o grande fluxo de brasileiros e estrangeiros que por eles devem circular. Além do que, como bem expressou a Presidente Dilma, o padrão que estão buscando no seu governo para os nossos aeroportos está mais para um “made in China” do que para o “padrão FIFA”. Baderna nos aeroportos?
O mundo está vendo as imagens bem negativas do nosso país nesses momentos que antecedem a Copa. A constatação crescente da criminalidade, o clima generalizado de greves e a promessa de vários movimentos que podem vir a prejudicar o andamento dos jogos. Até os “índios” andam dando flechadas nos policiais em plena Esplanada dos Ministérios, em Brasília, a capital Federal. Nesses termos, o sentimento geral da população brasileira e do estrangeiro é o de que serão submetidos a uma grande aventura para participar dos jogos nos estádios e usufruir dos atrativos turísticos nas cidades para as quais se deslocarem. A insegurança no cotidiano do brasileiro tem sido um verdadeiro massacre. Todos os dias ocorrem assaltos, estupros, sequestros relâmpagos, crimes hediondos, corpos são esquartejados, tráfego de drogas sem controle e outros que se proliferam. Enquanto isso o governo federal insiste em manter uma política de faz de conta em relação aos criminosos e suas bases de sustentaç ão, nas cidades e nas nossas fronteiras. A situação faz crer que o crime está compensando. Na política do governo existem posições que tem contribuído sobremaneira para a desintegração da família e com ela o desequilíbrio na sociedade. Tudo isso está na pauta das reivindicações que se instalaram no país desde junho de 2013. Não se tem dado a devida atenção e não há concentração de esforços no sentido de dar a tranquilidade para o cidadão de bem. Este passou a ser refém do sistema e está enclausurado no seu espaço restrito. A bandidagem se sente cada vez mais livre e acobertada por setores que tratam dos direitos humanos. O policial é visto e tratado como bandido. Baderna na segurança?
Os governos do PT não foram capazes de equacionar a solução dos principais problemas que agora estão aos olhos do mundo. Em ano eleitoral corre atrás do prejuízo e tenta tapar o sol com a peneira. O desespero tomou conta do Planalto e o barco está à deriva. Um governo cujos cargos de decisão e execução em todos os níveis estão tomados de assalto pelo viés político/ideológico, em detrimento do técnico e do mérito. Nesse momento de exposição vem à tona a mais completa ironia do destino. Aqueles a quem tanto bombardearam e sobre quem continuam a lançar o veneno da discórdia agora são elevados a “salvadores da pátria”. O Exército foi lançado como peça de manobra para a solução dos inúmeros problemas que envolvem a segurança pública, que é papel da polícia federal e das polícias estaduais. Para não comprometer a “imagem do Brasil” nos dias de jogos a Presidente Dilma lança mão do aparato militar sem qualquer constrangimento. Justo ela e seu partido que tanto lutaram contra as “ações arbitrárias” dos integrantes dessa Instituição. Não é de hoje que a imagem do Brasil está comprometida nesse governo onde proliferaram as falcatruas nos porões do poder central. Onde os favores nunca foram tão exaustivamente manipulados em negociatas que saltam aos olhos. Tentam até descortinar as ações da justiça e subordinar as decisões do STF, desrespeitando os limites legais que deveriam naturalmente acatar. O que está nesse jogo é a independência dos poderes e a própria democracia brasileira. Baderna no governo?
O Exército brasileiro hoje e sempre estará cumprindo o seu dever constitucional. A garantia da lei e da ordem sempre esteve presente no desempenho da sua missão. Há 50 anos fez valer exatamente o que hoje estão a clamar da sua atuação. Os que estiveram sob a mira das ações de outrora para a preservação da democracia hoje estão a chamá-lo para cumprir mais uma nobre missão. A baderna instalada e a prevista serão controladas com a eficiência e competência das polícias estaduais e federal, como manda a lei. Na hipótese de uso da força verde-oliva e das coirmãs não haverá sobressaltos. No entanto, os hipócritas de ontem, que trabalham em surdina para desmoralizar a instituição militar, estão hoje a buscar a sua cobertura. Qualquer incidente de maior vulto poderá ensejar a possibilidade do descontrole no confronto com a massa de manifestantes. É nesse estágio que a Comandante em Chefe deverá ser cobrada e responsabilizada pelo desfecho imprevisível. Estará ela alertada e prepa rada para tal? Ou se esquivará e prevalecerá à mentira como fuga no momento final? Sem baderna, na copa ou fora dela, estaríamos muito melhor se os nossos políticos assumissem as suas responsabilidades legais.
A decisão do governo federal, chancelada pela Presidente Dilma, foi militarizar provisoriamente o país. Com receio de assumir as consequências da “política da baderna” deixa transparecer que o recurso autoritário está bem arraigado nas suas opções de poder. Ao “chamar o Exército” para o controle da ordem pública está determinando a falência da segurança dos Estados, o que demandaria a declaração do “estado de sítio” para justificar a intervenção. Mas não é o politicamente correto e falta coragem para tomar essa decisão. Isso já se sabe.
Enquanto isso, “Daqui para frente é ciberterror total contra o governo e grandes corporações envolvidas na Copa. Pode até ter Copa, mas não como eles planejavam”. Assim se expressou o hacker conhecido nas redes sociais como AnonManifest que invadiu a rede interna do Itamaraty e que promete novos ataques durante a copa.
Nos trinta dias de competição o Brasil estará sendo vendido como uma terra e uma gente de bem com a vida. Passada a bonança, sob o manto verde-oliva, virá a tempestade, pois tudo voltará ao “normal”. A taça poderá até ser nossa na disputa das quatro linhas do gramado. Mas a vitória do Brasil só se dará muito depois da comemoração. Ela virá no momento em que os nossos governantes e políticos tiverem a capacidade de liderar o nosso povo para que juntos tenhamos um país digno, honrado e respeitado aos olhos do mundo.
creditos:   Blog do Licio Maciel