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Perda do poder apavora a companheirada
“A população percebeu que o PT tinha um plano de poder, não de governo. Mas a queda não é só da presidente. A classe política precisa demonstrar com atos que o objetivo maior é melhorar a vida das pessoas
Carlos Roberto *
Pouco mais de um mês após os protestos nas ruas de todo o Brasil, Dilma Rousseff (PT) segue ladeira abaixo em seus índices de aprovação, numa demonstração inequívoca de que de pouco, ou nada, adiantam as ações pirotécnicas para tentar salvar seu desgoverno. Menos de um ano atrás, a presidente se gabava dos altos números que conseguia de aprovação, graças ao extensivo uso da máquina pública, nos mais diferentes níveis, para alavancar sua popularidade. Mas a casa caiu.
Desde que as ruas começaram a dar seus recados, que foram muito além das reduções nas tarifas de ônibus urbanos, a engenhoca petralha de propaganda mentirosa, capitaneada pelo publicitário João Santana, tentou uma série de investidas para mais uma vez enganar a população. Nenhuma delas deu certo. Até a visita do papa Francisco ao Brasil serviu para Dilma tentar se tornar mais amável e ganhar pontos junto aos brasileiros. De novo, não deu certo. O discurso oportunista da presidente foi facilmente identificado e sua postura foi rechaçada tanto pelos católicos como pelo restante da população.
Na última semana, mais uma pesquisa – CNI/Ibope – revelou os tempos bicudos vividos pela presidente. Nem sua base aliada no Congresso, capitaneada pelo PMDB, faz mais coro aos anseios de perpetuação no poder tão difundido pelo PT. Há sinais evidentes de quedas expressivas na produção industrial e no crescimento econômico, que afetam diretamente a vida das pessoas. Em contrapartida, o descontrole da inflação, que segue bem acima das metas previstas, joga por terra todas as tentativas de reversão desse quadro de queda.
Lula, o ex-presidente que criou Dilma, primeiro desapareceu do cenário político como se pudesse fugir de todas as responsabilidades que têm em relação à derrocada econômica que se vive no Brasil. Ao reaparecer, não demonstra mais que quer salvar sua criatura. Até a reforma ministerial, que tinha como objetivo reduzir o número de pastas (oficialmente, são 39 ministérios), não vingou, já que os compromissos políticos do governo federal para tentar manter sob seu controle diversos partidos praticamente inviabilizaram o enxugamento necessário de gastos em nível federal.
Passada a visita do papa Francisco e o recesso parlamentar deste meio do ano, o segundo semestre deverá servir para que o Brasil coloque em prática uma verdadeira mudança de seus conceitos políticos. É fundamental que as lições tiradas das ruas sejam colocadas em prática, sob o risco de não haver tempo para reverter um possível descontrole institucional. A classe política precisa rever suas posturas e passar a demonstrar, com atos, que o objetivo maior deve ser – sempre – melhorar a vida das pessoas. Por tudo isso, dá para perceber que a queda não é apenas da presidente. Mas de todo um conjunto que se julga absolutista. E a população já percebeu que o PT tinha um plano de poder para o país e não um plano de governo. Assim, dá para afirmar que o fim, para a companheirada, está bastante próximo.
* Carlos Roberto é industrial e deputado federal pelo PSDB de São Paulo. Na Câmara, preside a subcomissão de monitoramento das políticas de financiamento dos bancos públicos de fomento, com destaque para o BNDES.