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terça-feira, 21 de agosto de 2012

Carta aberta ao Cel USTRA

21/08 -
Caro amigo USTRA

Os militares brasileiros, durante a segunda guerra mundial, escreveram páginas maravilhosas de heroísmo, companheirismo e dedicação quando, ao ver ou saber que subordinados ou amigos estavam feridos no campo de batalha, arriscaram suas vidas para, sob tiros do inimigo, traze-los para as nossas fileiras e dar-lhes, então, a oportunidade de serem medicados e salvarem suas vidas. Os livros sobre a campanha da FEB citam diversos nomes entre aqueles que arriscaram suas vidas.
Esse sentimento de solidariedade que enobrece todos aqueles que escolheram a carreira das armas como uma forma de servir ao país e não de servir-se dele, como infelizmente constatamos hoje em dia, foi forjado desde o dia que atravessamos pela primeira vez o Portão Monumental da nossa querida AMAN.
Texto completo
Ao longo da nossa carreira, conhecemos inúmeros chefes militares, que, muitos deles, escreveram seus nomes na história como militares de tal vulto que tornaram-se conhecidos no Brasil inteiro por toda a nossa população. Chefes militares como Canrobert Pereira da Costa, Jair Dantas Ribeiro, Euclides Zenobio da Costa, Eurico Gaspar Dutra e tantos outros deram mostras à população brasileira, e aos militares em particular, o valor da sua liderança em momentos importantes da nossa história. Eram chefes que não se omitiam e, por essa razão, respeitados por civis e militares.
O tempo passou e novos chefes foram surgindo, mas eram apenas chefes e não líderes. Os de hoje, seguem a mesma linha, onde os seus interesses pessoais, seja na carreira ou na vida pessoal se sobrepõem ao compromisso de lealdade e de solidariedade com os seus companheiros de farda, sejam eles colegas ou subordinados. A próxima comissão, uma boa e rentável missão no exterior, a nova promoção, tudo isto está bem acima dos valores que nós, mais antigos, cultuamos ao longo da nossa vida militar.
A falta de solidariedade e apoio do Exército e dos atuais chefes militares da ativa a você na sua luta contra a ira dos inconformados com a anistia é, para a nossa tristeza e decepção, uma clara prova da nossa afirmação.
Ao deixar você entregue à própria sorte na luta contra a injustiça que lhe está sendo aplicada, esquecem-se esses senhores – prefiro chama-los de senhores porque não são e nunca serão verdadeiros militares – que todos nós, eu você e muitos outros recebíamos ordens de nossos superiores e que, portanto, tinham, e assumiam, responsabilidade sobre tudo que fizemos, não em proveito próprio mas pelo bem do Brasil. Se não tivéssemos agido assim, hoje, certamente, a situação desta nação seria muito diferente.
Se falta a você essa tão merecida solidariedade daqueles que hoje se auto intitulam como chefes militares, esteja certo de que, dos seus amigos e companheiros de farda isto nunca irá acontecer. Estaremos sempre do seu lado, mesmo que o nosso querido Exército deixe você entregue à sanha dos nossos inimigos.
Enganam-se os atuais comandantes militares que, agindo dessa forma, estarão contribuindo para a consolidação da democracia. Da mesma forma como fizeram com seus companheiros de luta armada que, em algum momento, desafiaram o sistema vigente, os guerrilheiros de ontem serão os seus algozes de amanhã. E ai, então, talvez tenham que passar pelo mesmo que você está passando.
Por outro lado, meu caro USTRA, você terá seu nome escrito na história deste país e o terá por haver cumprido seu dever. O terá por haver sido leal aos chefes e subordinados. O terá porque você é fruto de outra árvore. Você é daqueles que, como nós, pode dormir tranquilamente porque nunca deixou um subordinado entregue aos carrascos. Você será sempre lembrado como um militar que honrou a farda que usou por tantos anos!!! Você será sempre exaltado por todos os que aprenderam na nossa querida AMAN que os valores militares estão, sempre, acima dos valores da corrupção, das medalhas distribuídas para se manter no cargo, das ajudas de custo recebidas, das viagens à passeio e, principalmente, do convívio com as esquerdas que embora tendo sido derrotadas se apóiam nos ombros de militares sem amor à Pátria como os que nos comandam.
USTRA. Eles o abandonaram e o fizeram porque nunca cumpriram com o dever que você soube muito bem cumprir.
Forte abraço e minha total solidariedade.
Rogerio

 



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