Documento com críticas de militares à Comissão da Verdade reabre crise com governo |
10 de março de 2011 | |
Texto do Exército contrário à criação de órgão para apurar crimes na ditadura faz Planalto pedir explicações ao Ministério da Defesa Por Leonencio Nossa, da Agência Estado, ESTADO DE SÃO PAULO BRASÍLIA - O Palácio do Planalto pediu nesta quarta-feira explicações ao Ministério da Defesa sobre um documento do Exército contra a instalação de uma Comissão Nacional da Verdade no Congresso para investigar crimes ocorridos durante a ditadura militar (1964-1985). No documento, divulgado pelo jornal O Globo, os militares escrevem que o Brasil "superou muito bem essa etapa de sua história". A montagem da comissão, que ainda não tem data prevista para ocorrer, é uma das prioridades do governo Dilma Rousseff na área de direitos humanos. Na tarde desta quarta, a assessoria de imprensa do ministro da Defesa, Nelson Jobim, divulgou nota reafirmando a posição da pasta a favor da comissão. No despacho, a assessoria destaca que o texto foi elaborado pela área parlamentar do ministério em setembro de 2010, isto é, antes das negociações de Dilma com os comandos das três forças para unificar um discurso a favor da comissão. O ministério, no entanto, não apresentou provas de que o documento foi mesmo produzido no ano passado. No final de 2010, antes de assumir o governo, Dilma se reuniu com os comandantes da Aeronáutica, do Exército e da Marinha para exigir discrição sobre o tema. Essa foi uma condição para que eles continuassem no cargo. Em janeiro deste ano, o ministro da Segurança Institucional, o general José Elito, levou um "puxão de orelha" da presidente por dizer que não era vergonha para o País o desaparecimento de presos políticos. |