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sexta-feira, 16 de abril de 2010

CASAL DE LOBOS


16/04 - A loba e o raposão







NELSON MOTTA
Usar de todos os meios para derrubar a ditadura e convocar eleições
 gerais livres e abertas a todos os partidos. 
Seria patriótico e democrático, se não fosse mentira. 
O objetivo da luta armada no Brasil era trocar uma ditadura por
 outra, baseada na revolução cubana. Zé Dirceu, Dilma e 
Tarso Genro se orgulham disto. Cegos de fé, juventude e
 generosidade, sonhavam com uma ditadura legitima, 
do bem, porque do povo, do proletariado.
 Também acreditei nisto, como muitos jovens oprimidos e
 ingênuos, até que a razão, os fatos e a história me 
convenceram do engano.
Mas uma loba guerrilheira nunca vai admitir que, além de
 um erro estratégico e político, a sua luta e o sacrifício
 de tantos companheiros eram para instituir uma ditadura
 socialista no Brasil. Dirá que foi pela liberdade do povo. 
A mesma que os cubanos têm hoje? Ninguém ousa lhe perguntar.
Muitos dos seus ex-companheiros de armas, graças à democracia,
 ocupam postos importantes no governo, e reconhecem que a luta
 armada foi um erro de avaliação, talvez por excesso de juventude e
 generosidade. Mas ela nunca reconhecerá, nem que a vaca tussa.
 Ela não abandonou o barco nem fugiu da luta, não avaliou que 
seu sacrifício e de tantos companheiros poderia se voltar contra eles, 
como uma greve de fome, e até atrasar o processo de redemocratização.
Mas, para versões bolcheviques de velhos hippies de rabo de cavalo,
 parece que o sonho não acabou.
Cordeiro em pele de lobo, Lula, o raposão, jamais sonhou com uma
 cubanização do Brasil. Cresceu e se desenvolveu como sindicalista
 por sua inteligência e capacidade de negociação.
Loba em pele de loba, ela se acostumou a planejar e a mandar
 - e obedecer ao chefe - no que deve ser competente: é condição
 indispensável a uma gestora de gestores.
Lula também tem um lado lobo, quando esbraveja e bravateia 
nos palanques, mas deve as maiores conquistas do seu governo,
 e sua popularidade, à sua formação e aptidão de grande 
negociador, que o levou a harmonizar partidos, corporações 
e interesses conflitantes para o sucesso de seus programas
 econômicos e sociais.
Mas a loba ama a luta.
NELSON MOTTA é jornalista