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segunda-feira, 15 de março de 2010

O MENINO JOÂO, É O GURI DOS SEM CHICO-BUATQUE


Aquele “menor”, bem maior do que o menino João Hélio, cujo corpo ele ajudou a espalhar pelas avenidas do Rio, vai ficar três anos internado. E depois será solto entre os meninos-João, por quem não se rezam missas de apelo social. Resta só a dor da família: privada, sem importância, sem-ONG, “sem ar, sem luz, sem razão”. Sobre o assassino, há de se derramar a baba redentora rousseauniana: “ele nasceu bom; foram os insensíveis da classe média, à qual pertencia o menino João, que o tornaram um facínora”. Simbolicamente, a culpa é de quem morre. Também notei que os jornalistas ficaram um tanto revoltados com a polícia, que obrigou os bandidos a mostrar o rosto. Não há dúvida: terrível ameaça à privacidade!!! Era só o que faltava: trucidar o menino João e ainda ser obrigado a expor a cara… Que país é este? Já não se pode mais nem arrastar uma criança num automóvel e permanecer no anonimato? Sabem do que morreu o menino João? De um ataque virulento de progressismo. Para o menino João, não tem ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), não. Não tem ONG, não. Não tem música do Chico, não. O menino João já nasceu sem perdão. É o guri dos sem-Chico Buarque.

Voltei
Não pensem que me orgulho da minha antevisão, do meu acerto acachapante. Eu me envergonho é de o Brasil ter-se tornado essa coisa miserável. Não é por acaso que são assassinadas 50 mil pessoas por ano. Não é uma ocorrência acidental; não é fruto de causas alheias à vontade dos homens; trata-se mesmo de uma escolha.
Pois saibam que o assassino do menino João Helio fez 18 anos e já está solto. Por determinação da Justiça, deve ser incluído no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte. Parece piada macabra, mas é verdade. No Rio, quem cuida da área é uma ONG chamada Projeto Legal. Enquanto esteve recluso, essa flor de candura se envolveu numa tentativa de homicídio. É! Ele tentou matar um agente da unidade em que estava internado.
O juiz Marcius Ferreira, da 2ª Vara da Infância e da Juventude, afirmou que “a internação deveria ser mantida, [...] sendo necessário mais tempo para que [o rapaz] se convença das vantagens da mudança de vida”. Ocorre que o famigerado Estatuto da Criança e do Adolescente não permite, entenderam?
O sujeito trucidou João Hélio, tentou matar uma outra pessoa, mas agora está sob os cuidados dos “técnicos” do Projeto Legal. Admitido no programa de proteção — já que estaria sendo ameaçado de morte —, ele será transferido para um lugar seguro e ainda vai receber uma grana no estado brasileiro. A decisão final é da Secretaria Nacional de Direitos Humanos. É aquele troço de Paulo Vannuchi…
Assassinos do Brasil, uni-vos!!! Matem, trucidem, esfolem… E depois gritem: “Estou sendo ameaçado de morte!!!”. E o estado brasileiro há de zelar pela sua segurança. Os assassinados, as vítimas, estavam por sua conta e risco. Os assassinos, os facínoras, foram todos estatizados. O Brasil criou a Bandidobras.
Cometer um homicídio, como se nota, pode render ao homicida uma vida segura e feliz. Circulou a informação de que o assassino já teria sido enviado a Suíça. Carlos Nicodemos, coordenador executivo da Projeto Legal, nega que isso tenha acontecido. Mas não se surpreendam de vier a acontecer. Este é um país que protege seus assassinos com determinação. João Helio é que não deu sorte.
Para encerrar
Mais uma eleição está aí. Este famigerado ECA passará incólume, a pôr na rua assassinos perigosos. Haverá um dia em que a vida real dos brasileiros ainda será tema de campanha, como acontece em democracias atrasadas como EUA, França, Alemanha, Itália, Espanha… Enquanto isso não acontecer, continuaremos reféns do “progressismo” que mata.
Reinaldo Azevedo