O GLOBO
GOIS DE PAPEL dOMINGO 17 11 2013
A coluna de hoje
Viúvas da ditadura
Os clubes militares ainda não fecharam a programação, mas pretendem, em março do ano que vem, comemorar os 50 anos do que eles chamam de “Revolução de 1964”.
E o livro “Orvil — As tentativas de tomada do poder” (Editora Schoba), de Licio Maciel e José Conegundes do Nascimento, também vai ganhar edição comemorativa.
Segue...
O Projeto Orvil, que deu origem ao livro, foi feito entre 1986 e 1988 pelo Centro de Informações do Exército.
Era uma espécie de resposta ao Projeto Brasil Nunca Mais, que em 1985 denunciou 444 torturadores da ditadura militar.
Os clubes militares ainda não fecharam a programação, mas pretendem, em março do ano que vem, comemorar os 50 anos do que eles chamam de “Revolução de 1964”.
E o livro “Orvil — As tentativas de tomada do poder” (Editora Schoba), de Licio Maciel e José Conegundes do Nascimento, também vai ganhar edição comemorativa.
Segue...
O Projeto Orvil, que deu origem ao livro, foi feito entre 1986 e 1988 pelo Centro de Informações do Exército.
Era uma espécie de resposta ao Projeto Brasil Nunca Mais, que em 1985 denunciou 444 torturadores da ditadura militar.
Adendo
Enviado por Márcia Vieira -
17.11.2013
|12h30m
GOIS DE PAPEL
Os estudantes que apoiaram o Golpe de 64
Há muitos livros e pesquisas sobre o movimento estudantil que reagiu ao golpe militar de 1964. Mas muito pouco se fala do apoio de estudantes ao golpe que derrubou João Goulart.
“Movimento estudantil e ditadura civil-militar em Santa Maria”, tese de mestrado de Mateus Capssa, 27 anos, coloca o dedo na ferida. “Nenhum poder se mantém apenas pela força. É preciso apoio na sociedade. É muito romântico imaginar os estudantes dos anos 1960 lutando contra a ditadura. Mas também houve os que apoiaram”, diz.
Capssa estudou em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, que hoje tem 262 mil habitantes. Foi lá que, em janeiro deste ano, aconteceu o incêndio na boate Kiss, que matou 242 estudantes. Lá também foi aberta a primeira universidade federal fora de uma capital, em 1960. A tese de Capssa vai até 1968, quando foi decretado o AI-5 e a ditadura ficou muito mais feroz.
Por que pesquisar estudantes que apoiaram o golpe?
Minha ideia era estudar o movimento estudantil de Santa Maria, imaginando que a esquerda tivesse tido muita força lá. Mas percebi que a cidade era dividida. Na Igreja, na sociedade e entre os estudantes havia os que lutavam contra o golpe e os que aplaudiam.
E como foi esta divisão entre os estudantes?
Houve muita confusão. Mexeu muito com a cidade a Passeata dos Bixos (calouros), em 1966. A esquerda se manifestou com cartazes como “A democracia, como os cristãos, acabou na Arena”. Deu a maior confusão. Mas, por outro lado, nunca houve por lá grupos de extrema direita, como o Comando de Caça aos Comunistas.
Quem era maioria: a direita ou a esquerda?
Antes do golpe, a direita controlava os centros acadêmicos e, a partir de 1965, passou a comandar também o DCE. No entanto, é preciso considerar que alguns setores de esquerda não participavam das eleições porque não as consideravam legítimas. Mas não dá para ignorar que havia um grupo expressivo de apoio ao golpe em Santa Maria.
Aliás, como em todo o país.hare on facebooShare on
“Movimento estudantil e ditadura civil-militar em Santa Maria”, tese de mestrado de Mateus Capssa, 27 anos, coloca o dedo na ferida. “Nenhum poder se mantém apenas pela força. É preciso apoio na sociedade. É muito romântico imaginar os estudantes dos anos 1960 lutando contra a ditadura. Mas também houve os que apoiaram”, diz.
Capssa estudou em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, que hoje tem 262 mil habitantes. Foi lá que, em janeiro deste ano, aconteceu o incêndio na boate Kiss, que matou 242 estudantes. Lá também foi aberta a primeira universidade federal fora de uma capital, em 1960. A tese de Capssa vai até 1968, quando foi decretado o AI-5 e a ditadura ficou muito mais feroz.
Por que pesquisar estudantes que apoiaram o golpe?
Minha ideia era estudar o movimento estudantil de Santa Maria, imaginando que a esquerda tivesse tido muita força lá. Mas percebi que a cidade era dividida. Na Igreja, na sociedade e entre os estudantes havia os que lutavam contra o golpe e os que aplaudiam.
E como foi esta divisão entre os estudantes?
Houve muita confusão. Mexeu muito com a cidade a Passeata dos Bixos (calouros), em 1966. A esquerda se manifestou com cartazes como “A democracia, como os cristãos, acabou na Arena”. Deu a maior confusão. Mas, por outro lado, nunca houve por lá grupos de extrema direita, como o Comando de Caça aos Comunistas.
Quem era maioria: a direita ou a esquerda?
Antes do golpe, a direita controlava os centros acadêmicos e, a partir de 1965, passou a comandar também o DCE. No entanto, é preciso considerar que alguns setores de esquerda não participavam das eleições porque não as consideravam legítimas. Mas não dá para ignorar que havia um grupo expressivo de apoio ao golpe em Santa Maria.
Aliás, como em todo o país.hare on facebooShare on