01/06/13 - No fundo do poço com ajuda da pedra e de gente |
Ernesto Caruso - 01/06/2013
Os direitos humanos estão à matroca na sociedade manietada contraditoriamente pelo clamor em prol dos direitos humanos. Clamor induzido pela direção do vento, ora contra os altos índices de criminalidade, ora contra os excessos no exercício do poder de polícia. Na balança os crimes bárbaros face às penalidades legais e àquelas que a nação implora, a variar entre a pena de morte, prisão perpétua, redução da maioridade penal, castração química, etc.
As causas são várias na putrefação do tecido social que choca pelo grau de violência no cometimento dos crimes de homicídio nem sempre para surrupiar algum bem. A raiz é a mesma do atear fogo em um mendigo dormindo na rua à dentista que não tinha o valor que os bandidos queriam. O uso do craque, cocaína, maconha.
A sociedade é contra, mas as soluções divergem. Uns querem facilitar, liberar, descriminalizar, outros querem dificultar, reprimir. Difícil encontrar o ponto de equilíbrio.
O vício está presente nas altas e nas baixas camadas sociais. Nos que o sustentam pelo trabalho e nos que começam furtando objetos em casa para satisfação da incontida necessidade, ao latrocínio, estimulados pela inimputabilidade criminal aos menores, pela ausência de valores pessoais, morrer ou matar tanto faz, pela coragem que a dose ingerida forjou.
Distúrbio mental que aos poucos se apossa de qualquer um, ao esfaquear a mãe, avó, ou levar o usuário à morte pela overdose ou dose homeopática, lenta, com desgaste da família por uma doença provocada, muito mais severa e cara à sociedade que não investe o suficiente nem para cuidar das que a natureza impõe. Órfãos das drogas, cedo demais pela perda dos pais, tarde demais nos ombros de viúvas que acorrentam filhos para não serem mortos pelo narcotráfico.
Os apologistas da liberação dizem que o álcool e o cigarro fazem mal de igual forma. Não se pode fazer propaganda de cigarro, já bastante coibido em lugares públicos, e o mesmo deveria ser para cerveja, no concernente à publicidade, pois a “lei seca” deu um freio no consumo de bebidas vinculado à condução de veículos, se tornou mais repressora e ainda se cobra maior penalidade, como dolo eventual para alguns; homicídio doloso para outros. Deixar à consciência de cada um não deu certo. Como descriminalizar ou até liberar o uso das drogas. O abrandamento quanto ao usuário da maconha diminuiu ou aumentou o número de consumidores? Quantos passaram a usar craque, cocaína?
Hoje, já é viável a internação obrigatória, retirar da rua, do lar aquele infeliz. Se desejam ajudar, façam campanhas contra o cigarro nas escolas, suprimam a da cerveja na televisão. As emissoras gostariam de perder esse filão? Criem regras mais severas nos horários de funcionamento de bares e boates. Não se pode justificar a maconha pelo consumo excessivo do álcool. Um erro não justifica o outro.
O presidente da República e ministros pelo cargo que exercem geram influências. O então presidente Lula em visita à Bolívia e juntamente com Evo Morales vestiu um colar feito de folhas de coca. Carlos Minc, quando ministro, participou da marcha da maconha na cidade do Rio de Janeiro, e a seguir em um show, elogiou em RAP a Argentina por ter conquistado tal objetivo. Na Inglaterra, o professor David Nutt, conselheiro do governo para as drogas, foi demitido, por sua afirmação de que a maconha, o êxtase e o LSD são substâncias menos perigosas que o álcool e o cigarro.
Os depoimentos do ex-presidente FHC favoráveis à descriminalização fazem parte de um documentário, onde é o âncora e diz que evoluiu. Aos 80 anos pensa diferente de quando era presidente. Sete ex-ministros assinaram carta favorável à descriminalização da maconha: Tarso Genro, Márcio T. Bastos, Nelson Jobim, José Gregori, Aloysio N. Ferreira, M. Reale Jr, José Carlos Dias. O documento seria entregue pelo movimento Viva Rio que o apoia a Gilmar Mendes do STF, relator de processo em fase julgamento naquela corte.
Que a legislação das drogas se espelhe na lei seca pela rigidez, multa, apreensão da carteira, prisão, pois o perigo deve ser o mesmo de dirigir com a fumaça na cachola ou álcool no sangue. Diferenciar o traficante do usuário é preciso, mas o primeiro não existe sem o segundo.
À reflexão. Se liberar a venda de bebidas alcoólicas aos menores, o número de viciados vai aumentar ou diminuir?
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