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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

nolatina


05 12 2012
Posted: 05 Dec 2012 02:42 PM PST


Se o ex-presidente Álvaro Uribe tivesse uma bola de cristal e pudesse nela ver o futuro de seu país, seguramente não teria indicado Juan Manuel Santos como seu candidato, nem teria ajudado a elegê-lo. Desde os primeiros dias do governo de Santos venho denunciando a traição monumental que ele fez, não só a Uribe, mas sobretudo ao país e aos mais de 9 milhões de colombianos que o elegeram acreditando que ele iria cumprir o prometido em campanha, ou seja: dar continuidade ao Plano de Segurança Democrática implantado por Uribe, acabar com as FARC e os outros bandos terroristas, e dar continuidade ao desenvolvimento econômico. 

Nada disso foi feito, ao contrário. No dia seguinte à posse, sua primeira providência foi fazer as pazes com o ditador venezuelano Chávez, a quem o apelidou de seu “mais novo melhor amigo”, retirou as denúncias que pesavam contra ele na OEA, com fartas e fidedignas provas documentais de acampamentos das FARC na Venezuela, com o conhecimento e apoio de Chávez, cancelou o convênio de cooperação militar que mantinha com os Estados Unidos, e montou seu ministério inteiro com sabidos opositores e inimigos declarados de Uribe.



A indignação dos eleitores não tardou e as reações começaram a aparecer através das redes sociais, sobretudo Twitter e Facebook. A mídia toda tornou-se “anti-uribista” e “santista”, e a perseguição e censura aos que se opunham aos desatinos do novo presidente calou a voz de muitos comentaristas vinculados a Uribe, como José Obdulio Gaviria e o ex vice-presidente Francisco Santos, primo de Juanma que, no entanto, não apoiava a mudança de rumo que nitidamente estava levando o país aos caos.

Santos passou a agredir publicamente aqueles que se sentiam traídos em seu voto, chamando-os de “mão negra”, “tubarões” e, finalmente, no discurso que fez na Convenção Nacional do Partido da U, referiu-se ao ex-presidente Uribe - que foi ovacionado quando chegou, várias vezes durante seu discurso e na saída - de “rufião de esquina” que traz “um punhal debaixo do poncho” (referindo-se a traição). Aí ele extrapolou todos os limites porque, além de rotular um ex-presidente digno com tamanha baixeza, para os colombianos o “poncho” é um símbolo quase sagrado daqueles que trabalham duramente nos campos e que Uribe sempre o trouxe dobrado no ombro para reafirmar suas origens.

Finalmente, quando começou a farsa das “negociações de paz” com as FARC, onde os terroristas estão lavando a burra às custas do erário público com passeios entre Oslo e Havana, fazendo exigências descabidas e sendo indultados de seus incontáveis crimes de lesa-humanidade, enquanto os militares estão sendo encarcerados e condenados a longuíssimas penas com base em testemunhos falsos, os colombianos resolveram dar um basta a tudo isto e mostrar seu descontentamento através de um “cacerolazo” (panelaço) que ocorre hoje à noite em todo o país.



A idéia foi inspirada no “cacerolazo” que houve em princípios de novembro na Argentina e que inundou as ruas de Buenos Aires, deixando a presidente Cristina Kirchner de cabelos em pé. O mesmo ocorre na Colômbia, onde, “curiosamente”, num só dia 15 pessoas, das mais atuantes, tiveram suas contas de Facebook Twitterbloqueadas.

Eu havia feito entrevista com dois amigos colombianos que estão liderando o cacerolazo em suas respectivas cidades, mas lamentavelmente não disponho de tecnologia ou assessores para trabalhar a parte técnica do blog e, mesmo contando com a abnegada generosidade de dois amigos brasileiros, o canal de vídeo onde se colocou as entrevistas não permitiu que as mesmas saíssem como deveria ser, isto é, com entrevistador e entrevistados, em imagem e som. Apenas minhas perguntas se ouvem, enquanto a imagem do entrevistado aparece sem som algum. Diante disso, e com um profundo desgosto, essas magníficas entrevistas não vão constar da edição de hoje. 



Entretanto, para que se conheça algo dessa manifestação, publico o editorial do Dr. Fernando Londoño de ontem, em seu programa “La Hora de la Verdad”, em que ele justifica os motivos para que se faça tal evento, e uma entrevista de Angela Zuluaga, praticamente a “mãe” do “cacerolazo”, grande líder colombiana, a um canal argentino, para substituir a entrevista que fiz a ela e que, lamentavelmente, não foi possível publicar. Abaixo a entrevista com Angela Zuluaga, “Dama Verde-Oliva” de Manizales.  
Os motivos básicos desta manifestação são esses: recrudescimento das ações terroristas, reforma da Justiça, vítimas das FARC, reforma da educação, política agrária, a sentença de Haya sobre o arquipélago San Andrés, o abandono das denúncias de presença das FARC em território venezuelano, o tal “acordo de paz” com as FARC e muitas outras mais. Sobre este acordo e a sentença de Haya posteriormente farei um artigo que será publicado aqui no Notalatina, pois há muitos detalhes (sórdidos) que tornariam a edição de hoje demasiado extensa. 

E aqui, o editorial de Fernando Londoño..

As ilustrações desta edição foram todas elaboradas pelos “caceroleros” colombianos, a quem agradeço mas não posso nomeá-los, porque foram se espalhando peloFacebook sem que soubéssemos a autoria. Em breve falarei de como foi o evento, tão logo receba fotos e/ou vídeos das diversas cidades onde a manifestação ocorreu. Fiquem com Deus e até a próxima!

Comentários: G. Salgueiro