(Andreas Solaro/AFP)
“Neste ponto, política e fé se tocam. Com efeito, sem a correção oferecida pela religião até a razão pode tornar-se vítima de ambiguidades, como acontece quando ela é manipulada pela ideologia"
Papa Bento XVI
Em reunião com bispos da região nordeste do país nesta quinta-feira, o papa Bento XVI falou a respeito do aborto e – sem citar diretamente a eleição do próximo domingo – pediu aos religiosos que orientem politicamente os fiéis, reforçando a posição da Igreja Católica a respeito do tema. O encontro ocorreu pela manhã, em Roma. “Em determinadas ocasiões, os pastores devem mesmo lembrar a todos os cidadãos o direito, que é também um dever, de usar livremente o próprio voto para a promoção do bem comum”, afirmou o pontífice.
“Quando os projetos políticos contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático – que só é verdadeiramente tal quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana – é atraiçoado nas suas bases”, disse o papa. “Portanto, caros irmãos no episcopado, ao defender a vida não devemos temer a oposição e a impopularidade, recusando qualquer compromisso e ambiguidade que nos conformem com a mentalidade deste mundo.”
A polêmica em torno da descriminalização do aborto foi destaque no segundo turno da eleição presidencial. O assunto ganhou força quando começaram a circular pela internet vídeos e entrevistas em que a candidata do PT Dilma Rousseff defende abertamente o aborto – posição que ela mudou pouco antes de se tornar candidata. “Acho que tem de haver descriminalização do aborto”, disse em 2007, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. “No Brasil, é um absurdo que não haja.”
Falando a bispos do Maranhão, Bento XVI disse: “Neste ponto, política e fé se tocam. A fé tem, sem dúvida, a sua natureza específica de encontro com o Deus vivo que abre novos horizontes muito para além do âmbito próprio da razão. Com efeito, sem a correção oferecida pela religião até a razão pode tornar-se vítima de ambiguidades, como acontece quando ela é manipulada pela ideologia, ou então aplicada de uma maneira parcial, sem ter em consideração plenamente a dignidade da pessoa humana”.
O papa ainda falou a respeito do ensino religioso nas escolas e conclamou os bispos a defender a manutenção dos símbolos religiosos em repartições públicas. “Por isso, amados irmãos, uno a minha voz à vossa num vivo apelo a favor da educação religiosa, e mais concretamente do ensino confessional e plural da religião, na escola pública do estado”
“Queria ainda recordar que a presença de símbolos religiosos na vida pública é ao mesmo tempo lembrança da transcendência do homem e garantia do seu respeito. Eles têm um valor particular, no caso do Brasil, em que a religião católica é parte integral da sua história”.
Em seu discurso, o pontífice lembrou os grandes monumentos religiosos no Brasil: “Como não pensar neste momento na imagem de Jesus Cristo com os braços estendidos sobre a baía da Guanabara que representa a hospitalidade e o amor com que o Brasil sempre soube abrir seus braços a homens e mulheres perseguidos e necessitados provenientes de todo o mundo? Foi nessa presença de Jesus na vida brasileira, que eles se integraram harmonicamente na sociedade, contribuindo ao enriquecimento da cultura, ao crescimento econômico e ao espírito de solidariedade e liberdade”.
Comentário: JN
Nem o Papa aguenta a Dilma.
"O sec-geral do PT, José Eduardo Cardozo, se reuniu com os dirigentes petistas na quarta e a decisaõ foi unânime : Dilma precisa sair dessa encruzilhada o mais rápido possível."
Vem desmentidos e mentiras por ai?
Quer mais? http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/polemica-do-aborto-provoca-divergencias-dentro-do-pt