Major Brigadeiro Nelson Freire Lavanére Wanderley
Morte no QG da 5ª Zona Aérea, Canoas/RS
Fonte: Cópia, na íntegra, do livro "A Verdade Sufocada", do cel Carlos Alberto Brilhante Ustra
Quatro dias após a vitória da Contra-Revolução, no dia 04 de abril de1964, o major-brigadeiro Nelson Freire Lavanére Wanderley, acompanhado do coronel Roberto Hipólito da Costa, foi ao Quartel General da 5ª Zona Aérea, comandada, interinamente, pelo coronel aviador Alfeu de Alcântara Monteiro, para assumir o comando daquela Grande Unidade da Aeronáutica.
O coronel Alfeu era tido como um oficial janguista.
Ao chegarem ao QG, o brigadeiro Lavanére e o coronel Hipólito se dirigiram para a sala do comandante, situada no primeiro andar, e ocupada pelo coronel Alfeu.
Recusando-se a passar o comando, o coronel Alfeu reagiu violentamente, ferindo o brigadeiro com dois tiros de revólver: um que atravessou a subcutânea, perto do olho, em direção da orelha e o outro que penetrou o mamilo esquerdo e seguiu em direção ao braço.
Quando o coronel Alfeu atirou, o coronel Hipólito revidou, em defesa de sua vida e da do major brigadeiro, ferindo, mortalmente, o coronel Alfeu, também com dois tiros, na lateral esquerda do tronco.
Logo após esses acontecimentos, o major Pirro de Andrade chegou à escada de acesso ao primeiro piso e ordenou ao cabo enfermeiro Onéias Rech que atendesse o major-brigadeiro, que acabara de ser ferido. O cabo Rech subiu a escada, entrou na sala e, amparando o brigadeiro, retirou-o do local, entregando-o ao cabo enfermeiro Olavo Souza, que o conduziu ao hospital da Base Aérea.
Retornando à sala do comando, o cabo Rech ajudou a atender o coronel Alfeu, que, ferido, estava caído atrás da sua escrivaninha, empunhando um revólver calibre 32. O cabo Rech retirou-lhe a arma e a colocou sobre a escrivaninha.
Como os ferimentos do coronel Alfeu eram graves, ele foi conduzido numa ambulância, acompanhado pelo cabo Rech, para o Hospital de Pronto Socorro, em Porto Alegre, onde veio a falecer.
Foi instaurado um Inquérito Policial Militar. No Processo Penal o coronel Hipólito foi absolvido em todas as instâncias.
A Comissão de Especial, criada pela lei 9140 de 04/12/1995, concedeu, por unanimidade, a indenização de cem mil reais aos beneficiários do coronel Alfeu.
A respeito de seu voto favorável nesse processo, o general Oswaldo Pereira Gomes, representante das Forças Armadas na Comissão Especial, declarou ao jornal “Folha de São Paulo”, de 07 de junho de 1998:
“...Houve o caso de um militar janguista que se rebelou num quartel do Rio Grande do Sul. Ele foi morto e a comissão votou o processo em que ele teria levado 16 tiros pelas costas. Era o coronel Alfeu de Alcântara Monteiro. O pedido de indenização foi aceito. Eu mesmo aprovei o caso. Na verdade, depois de o caso ser apurado, fui descobrir que o coronel não tinha levado 16 tiros pelas costas, mas sim um tiro, após o tiroteio... O que foi para o relatório do “Brasil Nunca Mais” foi essa versão de 16 tiros pelas costas, o que é uma inverdade.
Houve muitos casos como este. Havia inclusive uma combinação entre os presos para eles orquestrarem determinados depoimentos.
Como exemplo, há o caso do general Fayad. “Vários presos políticos combinaram em falar que todos foram torturados por ele...”
Em 15 de dezembro de 1998, o general de brigada Oswaldo Pereira Gomes encaminhou ao Dr. Miguel Reale Júnior o seguinte ofício:
“Ilustríssimo Sr. Presidente da Comissão Especial criada pela Lei 9.140, de 04 de dezembro de 1995:
Dr. MIGUEL REALE JÚNIOR
Como Integrante das Forças Armadas na Comissão, requeiro a V. Exa. o reexame do Processo referente a ALFEU DE ALCÂNTARA MONTEIRO, cuja decisão, por parte da Comissão, deu-se por unanimidade na XIIª reunião ordinária de 27 de agosto de 1996.
O deferimento da Indenização por parte do Estado foi efetivado, basicamente, pelo que afirma o DOSSIÊ DOS MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS (cópia anexa).
“Fuzilado no dia 04 de abril de 1964 na Base Aérea de Canoas, Rio Grande do Sul. A perícia médica constatou que foi assassinado pelas costas com uma rajada de metralhadora, tendo sido encontrados 16 projéteis em seu corpo.”
Muito longe da verdade essa afirmação do DOSSIÊ, uma vez que este membro da Comissão tomou conhecimento do Inquérito Policial Militar e do Processo Penal correspondente que correu na Justiça Militar, nos quais fica sobejamente provado que ALFEU DE ALCÃNTARA MONTEIRO foi morto no ato de tentar contra a vida de seu superior hierárquico Major-Brigadeiro NELSON LAVANÉRE WANDERLEY, no Gabinete de Comando deste, no QG da 5ª Zona Aérea e neste ato criminoso acertou, com um tiro de arma de fogo que empunhava, a cabeça e o omoplata direito do referido Major-Brigadeiro, sendo nesse momento abatido com dois tiros pelo Coronel-Aviador ROBERTO HIPÓLITO DA COSTA, este último em defesa própria e do Major-Brigadeiro NELSON WANDERLEY.
Tudo isso é comprovado em documentação cuja cópia segue anexa, devendo assim, a Comissão, com suporte no Art. 12 da Lei 9.140, revogar o ato que concedeu a indenização.
Brasília, 15 de dezembro de 1998.
OSWALDO PEREIRA GOMES
General de Brigada RI
Advogado OAB MG nº 27 710”
Nilmário Miranda e Carlos Tibúrcio, autores do livro “Dos filhos deste solo”, escrito em 1999, na página 561, sob o título “Metralhado pelas costas”, relata, de forma totalmente inverídica a morte do coronel aviador Alfeu de Alcântara Monteiro, no Quartel General da 5ª Zona Aérea.
Segundo os autores:
“A Comissão Especial reconheceu por unanimidade o caso de Alfeu D’Alcântara Monteiro. O general Oswaldo Gomes manifestou o desejo de mudar o voto. Alfeu era coronel aviador. Foi fuzilado no dia 4 de abril de 1964, na Base Aérea de Canoas, no Rio Grande do Sul. A perícia médica constatou que foi assassinado pelas costas, por uma rajada de metralhadora, tendo sido encontrados 16 projéteis em seu corpo. Com base nessa perícia e no depoimento de vários oficiais que presenciaram o assassinato, a família moveu processo incriminando o principal responsável e autor dos disparos, o então coronel Roberto Hipólito da Costa que, apesar das inúmeras evidências, foi absolvido.”
E foi baseada nessa absurda versão que a Comissão Especial concedeu a indenização de 100 mil reais aos beneficiários do coronel Alfeu.
Em que pese as provas apresentadas pelo general Gomes, o ato da Comissão Especial não foi revogado.
Para a esquerda o IPM, o processo Judicial, os depoimentos das testemunhas em Juízo, o laudo do exame cadavérico do coronel Alfeu, as sentenças dos Magistrados, os ferimentos do major brigadeiro Lavanére Wanderley, o ato heróico do coronel Hipólito, não têm valor algum, pois “tudo foi forjado pela ditadura”.
Para a esquerda e para a Comissão Especial, o que tem valor é o que consta no Dossiê dos Mortos e Desaparecidos Políticos.
Como eles conseguiram contar os 16 projéteis que teriam sido retirados do corpo do coronel Alfeu, até hoje ninguém sabe.
Certamente, as mentiras desse Dossiê são infinitamente maiores do que os dezesseis projéteis inventados.
A quantidade de mentiras não lhes interessa e nem lhes fazem corar. Como corar, se o objetivo dessa gente é premiar os seus “heróis”, que para o povo de bem não passam de assassinos e terroristas.
É pena que as pessoas não comprometidas com essa ideologia, embora condenem tanta indignidade, continuem inermes, sem nenhuma reação a esse estado de coisas, inclusive usando mal a grande arma de que dispõem - o voto -, elegendo gente que não viu nada, não sabe e não quer saber de nada.
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