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segunda-feira, 23 de outubro de 2006
A CEGUEIRA E O PODER
Édipo Rei é um texto sobre o poder e, consequentemente, sobre a cegueira que ele causa, especialmente, nos malevolentes e pobres de espírito que com o poder corrompem a sua PRrópria dignidade e a daqueles que nele confiaram, da qual Lula parece emprestar espécie e gênero.
Sobre o poder porque traça a trajetória de um menino rejeitado que, adulto, volta a TEBAS, enfrenta a Esfinge, decifra-lhe os enigmas, assumindo como seus os feitos de outrem, e acaba assumindo a coroa.
Sobre a cegueira por que ele PRóprio se impõe o castigo, Caído em desgraça, Ele arrancou os seus olhos por não suportar ver a si mesmo e ver-se no espelho alheio. Mas, pasmem, não era auto punição, era, de fato, para não ter que encarar a realidade que ele proporcionara.
Depreende-se do texto que há um Édipo antes e um outro depois de subir o trono.
O primeiro desejável e o segundo repugnante.
O primeiro dono de invejável caráter e idéias.
O segundo, obrigado a enxergar o seu próprio lado oculto, a sua sombra, a sua latente tragédia.
Ela não sabia que era ele PRóprio a razão de tanta desgraça.
Herói trágico arranca os olhos, pede perdão e some na mendicância.
Na realidade fática de nossos dias, certos governos, de tanto ver, começam a desver.
É a metáfora do olhar a serviço da mentira e da conveniência malévola.
Falta aos brasileiros acordar os Tirésias, o cego que enxerga a realidade dos fatos e zela para que a verdade venha a público.
Necessário é revelar e desvelar os fatos, pois só com essa purgação a paz e a prosperidade voltariam a reinar em Tebas.
Inspirado no texto e Affonso Romano de Santa'nna publicado no Correio Brasiliense neste domingo 22-10-2006.