Fiz uma campanha de “colheita” e a isto atribuo o bom resultado nas urnas. Uma combinação de presença constante nos municípios, marcada por realizações, somada a uma linha de conduta que me orgulho na Câmara dos Deputados. Deputado federal mais votado do PPS, no Estado de São Paulo, aproveito para refletir sobre o “recado das urnas”.
O Congresso Nacional tem uma dívida com a sociedade, afinal, durante o Governo Lula, enquanto os escândalos aumentavam, as discussões em torno de reformas fundamentais, tais como a previdenciária, tributária e política, em nada avançaram. Período marcado pelo rolo compressor da base governista que colocou o Parlamento submisso. Na ausência de um projeto nacional de desenvolvimento e de uma agenda de reformas, o Governo produziu ações pontuais com grande estardalhaço midiático.
Mesmo reconhecendo que os deputados eleitos representam a pluraridade e a diversidade encontradas no Brasil, não posso deixar de lamentar a eleição de tipos folclóricos. Fruto do desabafo da população, isto não produz o efeito esperado. O chamado “voto de protesto” foi utilizado de forma oportunista por partidos fisiologistas, interessados em inchar a sua bancada para conseguir um maior poder de barganha nas negociações com o futuro governo.
Mesmo assim, trabalho para termos no Congresso Nacional um debate mais profundo, produtivo, capaz de deixar de ir além dos embates entre oposição e situação. O debate e aprovação de propostas sobre as reformas estruturais e estruturantes me parecem ser os maiores desafios dessa nova legislatura.
Fiz isso, a exemplo do meu partido, o PPS, nos últimos quatro anos. Ou seja, em cada um dos debates, apresentando idéias, propostas, tentando construir alianças e a necessária maioria para aprová-las.
Em relação ao Governo do Estado de São Paulo, as vitórias de Geraldo Alckmin e do Aloysio Nunes Ferreira, para o Senado, demonstram que São Paulo continuará no bom rumo, com uma administração pública empreendedora, além de contar com uma voz poderosa à altura da importância do nosso Estado frente à Federação.
Agora, teremos neste 2º turno, a oportunidade de um novo debate, substantivo de idéias, propostas, planos de governo e visões sobre o futuro do Brasil.
Houve uma tentativa do Governo Lula de fazer um debate plebiscitário nas eleições, ocultando a sua candidata, impedindo assim que uma discussão de propostas viesse à tona. Só que neste momento, não há como impedir que isso ocorra, será apenas Dilma e Serra.
Defendo um debate sobre o futuro, de como encaminhar a questão da educação, da melhoria da saúde, da urgente necessidade de uma infraestrutura eficiente e dos ajustes necessários no modelo econômico, temas que precisam ser protagonistas neste momento de definições para os próximos anos.
Antes de defender a candidatura do Serra, que faço com muito entusiasmo, quero aqui defender a qualidade do embate de propostas, o respeito mútuo, enfim, um debate de conteúdo. Trabalharei para isso, o Brasil precisa e merece este debate.
O PPS participou da elaboração do Programa de Governo do Serra e sou, inclusive, um dos coordenadores do programa. Acredito que neste momento seja importante a campanha destacar o histórico de cada um dos candidatos. O Serra foi testado nas urnas e no governo, experiência que a outra candidata nunca teve. O Serra é capaz de fazer convergências, enquanto a candidata governista tem uma marca de prepotência muito evidente. O Serra tem uma visão dos projetos nacionais construídas ao longo de um conjunto de realizações e experiências, enquanto a Dilma tem uma visão gerencial recente, superficial e simplesmente continuista deste governo que ai está. Tenho certeza que os debates que estão por vir vão realçar essas diferenças cruciais entre os dois candidatos. Revelando assim, que apesar de das conquistas recentes, o Brasil pode e merece muito mais!