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terça-feira, 13 de maio de 2014

TCU vai apurar e Barbassa

terça-feira, 13 de maio de 2014

TCU vai apurar e Barbassa terá de explicar na CPI como Petrobras beneficiou André Esteves na África


Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Alvo de um processo administrativo (sancionador) pela Comissão de Valores Mobiliários – que pode render multas de até R$ 500 mil reais por irregularidades nos informes aos investidores -, o diretor financeiro da Petrobras, Almir Guilherme Barbassa, será um dos alvos preferenciais da oposição, assim que começar, realmente, a CPI da Petrobras. É mais um que o Presidentro Luiz Inácio Lula da Silva terá de blindar, junto com seu aliado José Sérgio Gabrielli (ex-Presidente da Petrobras) e o agora em desgraça Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento).

Responsável pela rolagem diária da dívida da estatal com grandes bancos, e considerado mais poderoso até que Graça Foster (formalmente a presidente oficial da companhia), Barbassa terá de fazer malabarismo de explicar como uma decisão dele facilitou que o Banco BGT Pactual, de André Esteves, obtivesse vantagens bilionárias na aquisição da subsidiária da Petrobras na África.

Independentemente do que rolar na Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras, o Tribunal de Contas da União será acionado para realizar uma auditoria especial sobre a venda de lucrativos poços de petróleo da Petrobras na Nigéria, Tanzânia, Angola, Benin, Gabão e Namíbia para o grupo de André Esteves.

Em 2010, uma avaliação do banco sul-africano Standard Bank indicava que a venda de metade dos poços poderia valer US$ 7 bilhões. Por isso, vai ser uma mágica justificar como o BGT Pactual comprou 50% da Petrobras África por apenas US$ 1,5 bilhão. Negócio tão maravilhoso que, em menos de oito meses, o banco de André Esteves começou a recuperar o capital investido, obtendo na operação africana um lucro de US$ 150 milhões para distribuir aos seus acionistas.

Baseadas em premissas otimistas para os campos, se fosse aberto o capital da Petrobras África, a empresa poderia valer, na bolsa, entre US$ 11 bilhões e US$ 17 bilhões. Barbassa foi contra o negócio, em 2012, alegando que a companhia prometera aos investidores, em 2010, que não abriria o capital de suas subsidiárias separadamente, para não desvalorizar a empresa. Os avaliadores do sul-africano do Standard Bank foram jogados para escanteio.

O banco inglês Standard Chartered foi chamado para organizar um leilão internacional. Foram convidados 14 potenciais interessados no negócio, mas apenas nove apareceram. Quase todos recuaram depois que a estatal desistiu de vender a totalidade dos ativos e passou a procurar um sócio. Ficaram no jogo apenas o BTG e a espanhola Cepsa (que fez uma oferta inferior e perdeu). Agora, o Líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), promete pedir ao ministro das Minas e Energia, Edson Lobão, que justifique tal negócio. O deputado não engole a venda dos ativos africanos a um valor 50% menos do que a avaliação mínima de US$ 3,16 bilhão.

Especialistas do mercado classificam de insustentável o argumento de Barbassa para não abrir totalmente o capital da Petrobras África: “A grande questão é: o que abrir o capital de subsidiária tem a ver com desvalorizar a empresa? A resposta dos investidores é: NADA. Essa operação, chamada de “spin-off” é muito comum e eficaz em fazer um conglomerado todo valorizar, porque traz maior transparência para as diferentes partes da empresa. Infelizmente, nesse caso a operação não teria obtido o efeito desejado, porque com 75% ainda nas mãos da Petrobras, a realidade da ingerência do governo PT continuaria a afetar o valor da Petrobras África em bolsa” – comenta um gestor de fundos.

O mesmo investidor vai direto ao ponto: “O verdadeiro problema, nesse caso e em outros, é que o Almir Barbassa não quer maior transparência. Não quer os números publicados de mais uma subsidiária. Não quer maior escrutínio e cobrança do povo brasileiro. Na CPI, ele terá de explicar operações estranhas que realizou na Petrobras, como o fundo BB Millenium, e tudo que envolve o lado financeiro das refinarias”.