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sexta-feira, 16 de maio de 2014

CAMISAS DE DIREITA E DEMOCRATICAS " QUE VARA" FORA jn

Jovens catarinenses criam camisas com frases de apoio à direita

  • Recém-fundada, marca ‘Vista Direita’ fabrica estampas que pedem: ‘mais liberdade, menos Estado’ e ‘livre mercado’
O GLOBO (EMAIL·TWITTER)
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Modelos exibem camisetas da marca ‘Vista Direita’ Foto: Reprodução
Modelos exibem camisetas da marca ‘Vista Direita’ Reprodução
RIO - “A direita resiste”, “livre mercado”, “reacionário: contra tudo que não presta”, “vivemos uma ditadura de esquerda”, “não existe almoço grátis”. Essas são algumas das frases que estampam as camisas da marca Vista Direita, que abriu suas vendas eletrônicas na última segunda-feira. Como o nome da empresa avisa, a loja on-line vende camisetas que homenageiam intelectuais conservadores, como Ludwig von Mises e Friedrich Hayekou, ou que simplesmente ostentam slogans antiesquerda e pró-liberalismo econômico.
Dois jovens de Florianópolis são os responsáveis pela marca, o administrador Daniel Peçanha, de 26 anos, e o designer gráfico Carlos Alexandre Machado, de 33, ambos formados pela Universidade Federal de Santa Catarina. A ideia surgiu quando Daniel, “reacionário com orgulho”, como diz, tentou comprar uma camisa com os dizeres “mais liberdade, menos Estado” em um evento, mas o estoque já tinha acabado. O empreendedor viu aí um nicho de mercado.
— Se eu for de esquerda e quiser uma camisa do Che Guevara, não vai ser difícil achar. Mas, se quiser uma camisa da Margaret Thatcher, não vou encontrá-la. Queremos dar aos partidários do liberalismo econômico a possibilidade de se expressar — defende Carlos Alexandre, por telefone.
A marca, é claro, gerou polêmica, principalmente no Facebook. Na página oficial da loja, muita gente que não concorda com algumas estampas consideradas agressivas (como uma intitulada “Comunismo mata” e outra que liga a filosofia de Karl Marx ao derramamento de sangue) tem publicado críticas.
— Elas são bem-vindas. Seria incoerente da nossa parte querer que só as nossas ideias sejam ouvidas — opina Carlos.
A polêmica, aliás, tem feito bem para os negócios.
— A repercussão foi além do esperado, e estamos correndo para agilizar a confecção de novas camisas — diz o designer.
Com o sucesso nas vendas, as peças, que variam de R$ 44 a R$ 52, ganharão, em breve, novas modelagens e estampas, além de modelos femininos.
Os sócios garantem que a pretensão da marca não é a organização de um movimento político, mas apenas “dar voz a uma parcela da população pouco ouvida”.
O cientista político Breno Bringel, professor do instituto de estudos sociais e políticos da Uerj, destaca que as camisetas com dizeres políticos são, historicamente, uma estratégia clássica de propaganda da esquerda, inclusive do marxismo, combatido pelos liberais.
— Desde as mobilizações do ano passado, é possível notar uma maior abertura da sociedade ao pluralismo de ideias, mas isso está levando ao fenômeno curioso da apropriação pela direita de símbolos e formas de atuar típicas da esquerda, como as manifestações nas ruas e as camisas com referências políticas — analisa Breno. — Disputar esses símbolos é uma forma de desvirtuar as bandeiras tradicionais da esquerda.
Para o autor do livro “Globalização, dependência e neoliberalismo na América Latina”, Carlos Eduardo Martins, a criação da grife é “uma tentativa de recuperar o prestígio que os setores tradicionais da sociedade estão perdendo”.
— Existe a percepção de que o conservadorismo tem espaço limitado entre a juventude, então acredito que esta seja uma tentativa de popularizar esses ideais. Também é uma forma da direita se identificar e se organizar — observa o cientista político do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ.


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