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terça-feira, 6 de novembro de 2012

E O LULA , - Na bunada não vai dinha



Na obra, o historiador aborda as nuances do maior esquema de corrupção do país, analisa as sessões e sentenças
São Paulo - Está previsto para o final de novembro o lançamento do livro Mensalão – o julgamento do maior caso de corrupção da história política brasileira, de autoria do historiador Marco Antônio Villa, pela editora LeYa.
Em mais de 300 páginas, Villa faz uma apresentação do Mensalão, desde as primeiras denúncias feitas a partir da CPI dos Correios, até o fim do julgamento, quando 13, dos 25 acusados, foram condenados. Ele analisa cada capítulo do processo que considera um momento único na história do Supremo Tribunal Federal (STF) e da República Brasileira. “Nunca houve um julgamento tão transparente como esse”, afirma.
Mestre em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), doutor em História Social também pela USP, o autor é professor da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar). Já publicou as seguintes obras: Breve História do Estado de São Paulo (2009); 1932: imagens de uma revolução (2008); Jango, um perfil,1945-1964, (2004) e O Partido dos Trabalhadores e a política brasileira – 1980-2006 – (2009).
Como é feita a abordagem do julgamento do Mensalão no livro? O livro é um histórico do escândalo. Situa o leitor desde o início da denúncia, em 2003, com destaque especial para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios – uma das mais importantes da história do Congresso Nacional -, até a entrega dos relatórios, em 2006, quando foi aberto o inquérito 2545 na justiça federal mineira, até o encaminhamento ao STF, em 2007, com o recebimento da denúncia. Faz uma análise de cada sessão, ao todo 39, até as condenações.
Como o senhor analisa o julgamento para o desenvolvimento do país? Quais as implicações sociais dessas condenações? A transmissão ao vivo pela TV que permitiu aos cidadãos conhecerem o funcionamento do poder jurídico, até então desconhecido da maioria dos brasileiros. Além disso, destacamos a transparência do processo, que seguiu as disposições legais, constitucionais e democráticas, onde todos os acusados tiveram ampla defesa, e as condenações foram públicas.
Como o senhor avalia este momento histórico? O resultado foi muito bem recebido pela população, sinalizou o fim da era da impunidade. Esse momento acabou com o mito de se cometer crimes e contratar um advogado famoso que, com subterfúgios legais e mecanismos existentes na legislação, pode diminuir penalidades ou mesmo inocentar culpados. Isso acabou. Um momento único na história do Supremo Tribunal Federal e da República Brasileira.
Qual sua expectativa? Gostaria que o julgamento tivesse acontecido de maneira mais rápida. Em termos de administração, foi confuso e isso fez com que nesse momento as penas ainda não tenham sido determinadas. Isso pode aumentar as pressões para diminuição de penas. Mas creio que da mesma forma como as pressões não levaram às absolvições da maioria dos réus, essas possíveis pressões fracassem. Creio que os ministros vão manter a dignidade e escolher as penas certas para todos os condenados.
Muitos petistas argumentam que o julgamento está sendo pautado por uma imprensa contrária ao PT. Os petistas conhecem bem o conceito de justiça em Cuba e Coréia do Norte, mas não conhecem o funcionamento da justiça na democracia. Nunca houve um julgamento tão transparente como esse. Uma declaração dessa só pode vir de alguém que desconhece o funcionamento da justiça ou o faz de forma leviana. E vindo dos petistas, eu não me admiro. Inclusive, é bom lembrar que, em 2005, a direção do PT foi condenada pela Suprema Corte.