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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

ALHEAMENTO ? ou será coisa pior? (JN)

20/11 - Os equívocos do alheamento das Forças Armadas.
PChagas
Caros amigos!
Diante da “virada da bandeira” protagonizada de forma auspiciosa e exemplar pelo Supremo Tribunal Federal e a maioria de seus Ministros, sinto-me motivado a voltar, mais uma vez, ao foco dos meus anseios de cidadão e de soldado, fazendo votos para que o sucesso e a proeminência conquistados pelo STF não sejam interpretados pelas Forças Armadas como mais uma razão para o silêncio, já que, na opinião dos tímidos, basta esperar, porque haverá sempre alguém para, antes deles, tomar a iniciativa e dizer e fazer o que é preciso.
Desde o fim dos Governos Militares, temos sido testemunhas do processo de afastamento voluntário dos militares da vida política nacional. Processo lógico e natural, após o período marcado pela ordem contrarrevolucionária de 1964.
A estratégia adotada foi a do silêncio, apostando no amadurecimento do pensamento político e da consciência popular sobre a importância das Forças Armadas para a Nação, não apenas durante tempos de exceção, mas em todas as épocas e circunstâncias.
Como consequência, as FA podem orgulhar-se dos elevados índices de prestígio e confiança que conquistaram junto à sociedade, em uma época em que impera a desonestidade, a corrupção, a impunidade, a compensação do crime, a malversação e a apropriação de recursos públicos, a ameaça à integridade e à soberania, entre outras enfermidades da moral!
Em contrapartida, com o passar do tempo, embora não tenham deixado de pensar o Brasil, transformaram o silêncio em receio de dizer o que pensam! Deixaram de ser protagonistas para aceitar a posição de plateia privilegiada, mas, sem direito a manifestação.
Mesmo sabendo que o prestígio oferece o respaldo da fé pública e que a democracia dá direito de voz a todas as correntes de pensamento, até mesmo aos que contra ela, permanentemente, conspiram, as FA ainda preferem manter-se alheias à atividade dos políticos e aos prejuízos que seu desregramento tem causado à Nação.
Como instituições e como segmento da sociedade, as FA têm direito à opinião e o dever democrático e constitucional de torná-la conhecida e de com ela contribuir para a segurança do Estado e para a construção da opinião pública, base de sustentação da democracia.
O silêncio prolongado, transformado em temor do contraditório e pretexto para não assumir as conseqüências da participação e da argumentação, tem como reflexo a baixa da autoestima, a desastrosa evasão dos quadros mais jovens e, até pouco tempo, o descaso de sucessivos governos para com o seu indelegável dever de prover os meios de guarda e de defesa da Nação.
A fuga do debate tem levado a graves equívocos, como o de aceitar, sem contestação, mentiras sobre um passado que até ontem era motivo de orgulho e comemoração. Ou como o de não defender e propalar a verdade histórica, como se dela não houvessem tirado ensinamentos e, pior, o de adotar uma atitude de vergonha desse passado, imposta pelos que, por fanatismo, ignorância ou inocência, levaram a Nação ao uso extremo do último de seus recursos.
A timidez tem levado as FA a pensar que a disciplina as obriga a segar e a ensurdecer diante da evidência do malfeito e a emudecer diante de ordens cujo cumprimento põe em dúvida a observação dos princípios que sempre nortearam as atitudes dos militares brasileiros e que, por via de consequência, deve exigir explicações, esclarecimentos e até argumentada contestação, tão ostensivos quanto a publicidade das ordens!
É equívoco grave permitir que a Nação imagine suas Forças Armadas divididas pelo tempo, separadas pela própria história, e desinteressadas pela garantia da liberdade democrática, desavergonhadamente ameaçada por atitudes imorais orientadas para inconfessáveis desígnios de poder total.
Continuo a entender, portanto, que as Forças Armadas não têm o direito de permanecer indiferentes, ausentes, tímidas e inertes diante do dever de defender a verdade sobre si próprias e os interesses da Pátria em todos os campos de atuação do poder nacional!