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terça-feira, 23 de março de 2010

GEOPOLÍTICA DA VERGONHA

GEOPOLÍTICA DA VERGONHA
 Maria Lucia Victor Barbosa 21/03/2010
Um dia disseram a Lula da Silva que ele mudaria a geopolítica mundial. 


A idéia megalômana era a de projetar em curto prazo o Brasil como potência
 que  ultrapassasse as existentes, especialmente, os Estados Unidos.
 De imediato o presidente da República encampou a inebriante sugestão e assumiu
 o papel de super-homem também a nível internacional. Para uso interno já lhe havia
 sido construída a imagem de super-herói com traços divinizados, pois o  Brasil, 
 segundo a lenda da propaganda, se divide entre antes e depois de Lula da Silva
 Naturalmente, foram planejadas eficientes estratégias que culminaram  no atual estado
 de coisas de total alienação popular, domínio dos partidos políticos, do Legislativo,
 do Judiciário e das instituições. Importante também a manutenção do poder, algo
 projetado para no mínimo vinte anos conforme sempre apregoou o sempre
 todo-poderoso José Dirceu. A meta está focada em destruir o Estado de Direito
 democrático que inclui as liberdades civis, entre elas a de pensamento e de mercado,
 e os direitos humanos. Provém daí o estridente antiamericanismo que, na América
 Latina tem em seus expoentes os irmãos Castro, Hugo Chávez e seus satélites e,
 porque não, Lula da Silva que ultimamente tem aumentado tom e ritmo das
 provocações aos Estados unidos. Note-se que na política externa, orientada
 basicamente por Marco Aurélio Garcia, o Brasil tem se posicionado a favor da
 escória mundial. Desse modo, nosso país tem vergonhosamente se calado sobre
 as violações de direitos humanos em Cuba, no Irã, na Coreia do Norte, no Sudão
 no Congo, em Sri Lanca. Acrescente-se que o presidente da República fica à
 vontade quando se trata de ir à Venezuela fazer campanha para Chávez e outros
 vizinhos que são companheiros. Porém, se absteve de comparecer á posse do
 presidente eleito no Chile, Sebastián Piñera, anatematizado por ser de direita. 
O Brasil violou a soberania da pequena e valente Honduras, introduzindo na 
embaixada brasileira, a mando de Hugo Chávez, o defenestrado Manoel Zelaya.
Lula da Silva tem visitado e apoiado ditadores africanos, mas o espetáculo mais
 vergonhoso aconteceu durante sua última viagem à Cuba, quando protagonizou
 espetáculo deprimente ao confraternizar alegremente com os ditadores Castro,
 enquanto o corpo martirizado do dissidente Orlando Zapata esfriava no caixão
 Ao mesmo tempo, o presidente brasileiro fez ouvidos moucos às súplicas dos
 dissidentes cubanos, defensores da liberdade, e os rotulou de bandidos.
Certamente, o super-homem que contém o vírus da paz e do diálogo, classificará
 também as damas de branco, que em Cuba foram às ruas em protesto pacífico
 em nome da liberdade, de bandidas. Mas nosso super-homem não pode parar.
 O mundo o espera para continuar a girar. Então, partiu em missão na qual as mais
]] importantes autoridades mundiais têm falhado há anos: intermediar um acordo 
de paz entre israelenses e palestinos, em que pese ambos os lados ter afirmado
 que não lhes interessa tal mediação. Mas o fantasma do cubano Orlando Zapata
 Tamayo parece assombrar Lula da Silva, pois sua passagem pelo Oriente Médio 
converteu-se num novo fiasco. Em vão governo e oposição israelenses cobraram 
de Lula apoio as sanções contra o Irã. Como aconteceu com Hillary Clinton durante
sua visita ao Brasil, ele demonstrou inabalável fidelidade ao amigo e aliado,
Mahmoud Ahmadinejad. E fez mais para afrontar o povo judeu: se recusou a
 depositar flores no túmulo de Theodor Herzl, fundador do sionismo, portanto,
 defensor da autodeterminação dos judeus através de um Estado próprio. 
O insulto foi mais uma brilhante idéia de Marco Aurélio Garcia, que avaliou a solenidade
 como uma contradição a posição brasileira pró-palestinos. Como compensação ao
 desacato, Lula colocou uma coroa de flores no memorial do Museu do Holocausto,
 em Jerusalém, enquanto repetia em performance shakesperiana: “nunca mais
 nunca mais, nunca mais”. O desempenho teatral, contudo, não o impede de
 ser aliado de Ahmadinejad que nega o Holocausto e prega obsessivamente 
a destruição de Israel. Após a passagem por Israel, Lula da Silva se encontrou
 com o presidente da autoridade palestina, Mahmoud Abbas. Muito a vontade, 
subiu o tom contra a expansão dos assentamentos, pregou a derrubada do muro 
construído por Israel nas suas fronteiras com a Cisjordânia como medida defensiva 
e aproveitou a crise entre Israel e Estados Unidos para de novo se oferecer como
 mediador dos conflitos e até conversar com o grupo terrorista Hamas. Colocou
 flores no túmulo de Yasser Arafat para marcar a diferença. Lula da Silva não
 chegou num bom momento em Cuba nem em Israel. Em maio fará mais uma
 viagem, desta vez ao Irã. Se no dia de sua chegada, mais opositores ao governo
 de Ahmadinejad estiverem sendo enforcados, saberemos se a sorte do “cara”
acabou ou não de vez como líder de uma nova e vergonhosa geopolítica mundial.
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.