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sábado, 24 de abril de 2010

COMO “DESLUSTRAR” INSTITUIÇÕES SEM FAZER FORÇA

Ternuma Regional Brasília
Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira

Diversos títulos nos vieram à mente para nomear este curto texto. A idéia básica repousava na capacidade de pequenos indivíduos, pigmeus morais e intelectuais, serem capazes de macular Instituições centenárias, de reconhecida grandeza e alentado reconhecimento público.
Sem dúvida, suas ações deletérias não podem desconstruir instituições sólidas, cujos alicerces estão encravados na História Nacional, contudo, como imundos “pichadores” podem cobrir de rabiscos ininteligíveis e palavrões impublicáveis seus pilares de puro mármore. Não destroem, mas emporcalham, não derrubam, mas enxovalham.
 Vários exemplos sublinham esta triste realidade. As máculas que podem enodoar uma cristalina instituição podem ser de várias dimensões, desde uma decisão infeliz de seu chefe, ou uma escolha deplorada por estranha e prejudicial à Nação, e até em pequenos gestos, despretensiosos, ridículos, mas que podem refletir que a Instituição está despencando barranco abaixo.
A inconseqüente concessão de comendas e medalhas pode espelhar uma deplorável decadência.
Seria ingenuidade, considerarmos que o fato de uma instituição não preservar-se, um sinal de sua degenerescência? Poderia a concessão de reconhecimentos falsos, gratuitos, extemporâneos apequenarem uma instituição?
Certamente, ao perder o rumo nos seus julgamentos, ao diminuir-se em salamaleques desnecessários, ela aponta indícios de que algo de mal-cheiroso está ocorrendo nos seus porões, e reza o bom-senso que passe a ter mais parcimônia e redobrado cuidado para não cair na chacota pública.
É provável que, cotidianamente, dezenas ou centenas de instituições grandes, médias ou pequenas, distribuam regiamente, comendas e medalhas para uma plêiade de autoridades, merecedoras ou não, simplesmente para inflar vaidades, não importa, elas não repercutem, contudo, tratando-se de Instituições como as Forças Armadas e o Itamaraty, é quase impossível que tais “premiações” não cheguem ao domínio da mídia que divulga à larga aquele desserviço.
Assim, desabridamente, é difundida a desmoralização da instituição.
Recentemente, as esposas do Presidente e a do Ministro das Relações Exteriores, pasmem, foram condecoradas. As diletas senhoras, aquinhoadas com as mais profusas mordomias, usufruindo os mais renomados hotéis de cinco estrelas, padecendo toda a sorte de agrados e facilidades, aduladas por um batalhão de puxa-sacos, sobrando-lhes como inaudito esforço o ato de respirar, foram amedalhadas pelo Itamaraty, com a Ordem de Rio Branco no grau Grã-Cruz, “pelo apoio à atuação dos maridos na política internacional”.
Bem que muitos desconfiavam, que os desatinos realizados pelo Brasil no exterior, por um ou pelo outro, ou ambos, além da enorme colaboração do esdrúxulo Marco Aurélio “top top”, deveria contar com a valiosa e robusta contribuição de mais alguém. Agora, sabemos que graças ao empenho e à dedicação daquelas consortes, o Brasil tem agüentado de cabeça erguida os desaforos de gregos e troianos, e cerrado fileiras com as ditaduras mais torpes do mundo contemporâneo.
É, devemos, e como devemos para aquelas damas!
Pelo exposto, fica claro como é fácil poluir uma instituição com grandes ou miseráveis pecadilhos. Se julgamos que haviam perdido o senso do ridículo, está confirmado, perderam.
Mas não se preocupem, são meros “pichadores”, seus rabiscos serão apagados pelo tempo e por uma boa faxina.