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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Sarney diz que Senado voltará ao normal após arquivamento de acusações

Sônia van Dijck

Tradução do título: tudo será como dantes no país de Abrantes..

E o cidadão vai continuar pagando as nomeações dos parentes, dos aderentes, as gratificações, o cabaré no porão, os assessores que residem no estrangeiro, o rico motorista de luxo, o mordomo, os seguranças da mansão da capital da capitania hereditária, as despesas dos atos secretos (que de tão escabrosos precisam ser secretos...) e mais um monte de mordomias aristocráticas e, principalmente, a conta da impunidade da corrupção - conta tão antiga que só se altera no crescimento...

Mais uma vez, nada aconteceu, nada mudou.

Destacando-se uns poucos senadores, o resto é farinha do mesmo saco no Senado: foi tudo arrumado para que, entre mortos e feridos, o contribuinte continue pagando a farra e as instituições republicanas fiquem cada vez mais desmoralizadas.

No próximo episódio, voltaremos a ver a tropa de choque em defesa da corrupção enfrentando os bonecos de mamulengo da oposição - no Senado e/ou na Câmara.

O maestro Lula, interessado apenas em se manter no poder, estará, dos bastidores do Planalto, comandando a cena - sua proposta de poder passou a custar ao contribuinte mais de 1 bilhão de reais por mês para pagar a Bolsa Família.

Seria apenas mais um escândalo no Congresso Nacional, em 2009 (o mensalão já está esquecido no passado e os envolvidos cada vez mais prestigiados no circuito do poder; a grana para comprar o dossiê fajuto de 2006 sumiu no ralo do silêncio; Francenildo continua amargando sua miséria por ter falado a verdade), se a democracia não tivesse sido tão claramente ferida com a censura imposta ao jornal O Estado de S. Paulo. Tendo sido aberta a porta da prepotência, os poderosos voltarão a atacar a liberdade de imprensa, cada que se virem mostrados aos olhos dos cidadãos leitores de jornais e revistas. Ao contrário de Chávez, Lula tem quem faça o trabalho sujo... e pode ficar na moita...

Mas, não deixa de ser interessante ver petistas convictos deixando o histórico Partido dos Trabalhadores e, com ares de neoiluminados..., que acabam de descobrir a falta de ética do PT e começam a buscar outras agremiações, onde possam implementar os ideias socialistas-bolivarianos que sempre defenderam e vão continuar defendendo na forma de ecoinvasões de propriedades privadas, ecoacobertamento dos nacotraficantes das FARC, ecodestruição de laboratórios de pesquisa, ecoassociação com os terroristas do MST, ecossilêncio a respeito de Bruno Maranhão, ecoconcordância em relação `censura de O Estado de S. Paulo, ecocegueira no que se refere aos compadres, aos churrasqueiros, ao uso dos cartões corporativos, às contas bancárias no estrangeiro, à dinheirama gasta para realizar ações de cooperação com o que há de pior no cenário político mundial (Cuba, ditaduras africanas, Bolívia, Argentina e outros mais). Os neoiluminados fazem tábula rasa de sua conivência de ontem e passam a vender a imagem da correção ética e política e dizem que estão saindo do PT. Tenho certeza de que Lula, Berzoini, Zé Dirceu, Palocci, Idelli, Bruno Maranhão, Stédile, Zé Rainha, levam esses dissidentes tão a sério quanto eu: não perderemos um minuto de sono para pensar em suas performances bombásticas. A neoiluminada Marina da Silva ofereceu o espetáculo mais patético da temporada de espertezas: saiu do PT, aconselhando, como catequista por vocação, que seus companheiros de militância continuem no PT - ela só está saindo do PT porque quer se candidatar à presidência da República e, no PT, não dá para disputar a preferência pela neopetista Dilma Russeff. E ainda tem dirigente de partido que leva a sério Marina da Silva, com sua pose de vítima política e ecocandidata. Puro oportunismo do partido que lhe oferece guarda-chuva.

Aos brasileiros, resta a náusea, o tédio diante do noticiário (enquanto houver o que ser lido ou visto nos telejornais). A náusea, o tédio nos fazem diferentes do atual plantel de políticos. Portanto, alimentemos a náusea e cultivemos o tédio, como armas contra a falência da República.

Sônia van Dijck

19/08/2009 - 19h19

Comentario

O presidente do Senado José Sarney disse nesta quarta-feira que está satisfeito com o arquivamento das ações contra ele no Conselho de Ética. Sarney disse que espera que a Casa volte à normalidade.

"Acho que vai normalizar a Casa", afirmou Sarney ao ser questionado se a crise estava superada. "Acho que todos estamos [satisfeitos] porque ultrapassamos uma fase", disse.

Veja como votou cada senador que integra o Conselho de Ética:

Titulares:

Demóstenes Torres (DEM-GO) - Sim (a favor das denúncias contra Sarney)

Heráclito Fortes (DEM-PI) - ausente

Eliseu Resende (DEM-MG) - Sim

Marisa Serrano (PSDB-MS) - Sim

Sérgio Guerra (PSDB-PE) - Sim

Wellington Salgado (PMDB-MG) - Não (contra as denúncias que envolvem Sarney)

Almeida Lima (PMDB-SE) - Não

Gilvam Borges (PMDB-AP) - Não

João Pedro (PT-AM) - Não

Inácio Arruda (PC do B-CE) - Não

Gim Argelllo (PTB-DF) - Não

João Durval (PDT-BA) - ausente

Romeu Tuma (PTB-SP) - Não (vota como corregedor do Senado, que tem assento no Conselho de Ética)

Paulo Duque (PMDB-RJ) - como presidente do conselho, ele só votaria no caso de empate

Suplentes:

ACM Júnior (DEM-BA) - ausente amarelou

Rosalba Ciarlini (DEM-RN) - Sim

Delcídio Amaral (PT-MS) - Não

Ideli Salvatti (PT-SC) - Não

Jefferson Praia (PDT-AM) - Sim