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segunda-feira, 11 de junho de 2007

PELA GLÓRIA DA MENTIRA

"O nosso amôr é uma realidade que veio sendo transformada – hoje atinge um nível nunca por mim sonhado, mas vamos continuar transformando. Sonho com êle numa fazenda coletiva – juro não ser ciumento e lutar junto contigo pela tua liberdade – e vou te amar mais intensamente, isto é possível, sinto que é. Nosso amôr não está isolado na realização de nós dois, nem nos milhares de filhos que teremos, êle nasceu e estará umbilicalmente ligado à Revolução e construção do Socialismo".

As palavras acima foram escritas pelo próprio Carlos Lamarca, num diário que escreveu, durante seus últimos dias de vida, em fuga pelo sertão da Bahia. Na verdade, ele o escreveu para Iara Iavelberg, sua amante e companheira revolucionária. Praticamente uma confissão assinada de que o ex-capitão do Exército lutava em nome da Revolução Socialista. Uma revolução que lutava sim contra os militares, mas não pela democracia e sim para se estabelecer no poder e fazer do Brasil um país comunista. Militares, aliás, que tomaram o poder, dando um contra-golpe no golpe contra o Estado Democrático Brasileiro que o senhor, então presidente da república, João Goulart, pretendia liderar no país, ajudado por várias organizações revolucionárias comunistas – todas elas financiadas, direta ou indiretamente, pela URSS. A pergunta é: por que é que nós brasileiros temos que pagar indenização aos familiares de Lamarca por ele não ter se saído vitorioso em sua empreitada comunista?O fato de este senhor ter sido considerado anistiado pela Comissão de Mortos e Desaparecidos e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), fez com que a sua viúva oficial, Maria Pavan Lamarca, viesse a receber uma indenização de R$ 100 mil, já que a Comissão entendeu que Lamarca teria morrido sob a responsabilidade do Estado, e uma pensão relativa a de capitão, posição que ele ocupava antes de desertar do Exército. Em 2003, o ministro do Supremo Tribunal Federal(STF), Celso de Mello, negou recurso da Advocacia Geral da União contra a promoção pós-morte do capitão ao posto de tenente-coronel do Exército. Ele disse, à época, que, na fase em que estava o processo, não era possível o exame de provas que esclarecessem a controvérsia sobre a expulsão de Lamarca do Exército. Maria Pavan Lamarca passou a receber, então, uma pensão relativa ao soldo de tenente-coronel. Vamos aos fatos. Não há controvérsia nenhuma. Lamarca não foi expulso do Exército, ele desertou, por livre e espontânea vontade. Cometeu um crime. Aliás, ele deveria ter tido a hombridade de pedir baixa, já que não concordava com o posicionamento político e ideológico daquela instituição. Mas, o capitão preferiu continuar lá dentro, para fornecer armas e munições aos companheiros revolucionários comunistas. Quando decidiu partir definitivamente para a luta armada, furtou uma última e mais significativa quantidade de armas e de munições e, simplesmente, desertou. Lamarca também não morreu sob a responsabilidade do Estado. O ex-capitão, que muito provavelmente jamais se renderia, morreu ao ar livre, no sertão da Bahia, após reagir, ao ser surpreendido por tropa militar que pretendia capturá-lo. Aliás, Lamarca já havia, ele mesmo, e também ao ar livre, mandado matar um refém militar indefeso e desarmado que estava sob sua custódia. Um homem de combate prefere morrer combatendo e foi assim que Lamarca morreu. Já ao seu refém, Lamarca não deu a mesma chance. Como se já não bastasse esse primeiro erro. Agora, sob o argumento de que se tivesse continuado sua carreira militar, Lamarca teria se aposentado como coronel, e, como a legislação determina que os inativos recebam o valor referente a um posto acima na graduação militar, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça concedeu à viúva uma pensão relativa ao salário de general de brigada, que hoje corresponderia à R$ 12, 125 mil. E como se a cascata de aberrações de toda a espécie não fosse suficiente, Maria Pavan Lamarca e os filhos, César e Cláudia, também foram considerados anistiados. A comissão entendeu que eles tiveram que sair do Brasil por causa da atuação de Lamarca contra o regime militar. O presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, explicou que a indenização concedida à viúva e aos filhos de Lamarca foi dada porque "Eles foram perseguidos, monitorados pela área de informações de alguns órgãos, como o extinto Serviço Nacional de Informação (SNI)". E completou: "A decisão foi ponderada. Não houve critério subjetivo no julgamento, não demos nada além do que a lei prevê", afirmou o presidente da comissão, que disse não acreditar em críticas ou reações por parte do Exército". Deve-se lembrar à Comissão que foi Lamarca quem decidiu – e de acordo com a imposição da Vanguarda Popular Revolucionária – que sua família deveria seguir para Cuba. Eles jamais foram perseguidos e nunca chegou a haver fato que justificasse essa decisão. A mulher e os filhos de Lamarca permaneceram em Cuba até 1979 – sabe-se lá vivendo de que, inclusive enquanto o ex-capitão estava vivo. Já Lamarca, que por aqui ficou, passou a poder circular ao lado de Iara Iavelberg e a se dedicar às causas da revolução comunista e à luta armada. Deve-se lembrar, também, que a família de Lamarca estava em Cuba, aquela nossa vizinha que está sob a ditadura de Fidel há mais de 50 anos. E que, por lá, seria extremamente difícil e improvável que estivessem sendo monitorados por agentes de informação brasileiros. Pela decisão, os três, esposa e dois filhos de Carlos Lamarca, receberão prestação mensal única no valor de R$ 100 mil, cada um, e também a diferença entre os salários de coronel e de general, com data retroativa a 1988, quando foi feito o primeiro pedido de anistia. A partir de agora, é preciso esperar um prazo de 30 dias - caso alguém queira entrar com recurso contra a decisão. Após este tempo, os processos seguem para o setor de finalização da Comissão. Em seguida, o ministro da Justiça, Tarso Genro, assina a portaria. Os recursos para o pagamento da pensão e dos ajustes retroativos partirão do Ministério da Defesa. A mulher e os dois filhos de Lamarca vão receber pelo Ministério do Planejamento. Presente ao julgamento, a filha de Lamarca ficou emocionada com a decisão. "Este momento é valioso historicamente, para que excessos não sejam praticados, para que a Constituição seja respeitada, para que todos tenham o direito de opinar", disse Cláudia. Duas coisas esqueceu a senhora Cláudia: primeiro, o pai dela desrespeitou a Constituição e cometeu vários excessos – entre eles, matar 3 pessoas; segundo, muito poucos estão tendo o direito de opinar sobre as indenizações fartamente distribuídas entre ex-guerrilheiros e seus herdeiros, com as quais já foram gastos R$ 2,3 bilhões, sendo 24 pessoas receberam indenizações acima de R$ 3 milhões. No final do julgamento, Cláudia chorou. Suas lágrimas foram vistas por todo o país, através das imagens transmitidas pelas emissoras de TV. Muitos brasileiros também choraram – não pelas mesmas razões, entretanto. Choraram de raiva, de impotência e de indignação. Christina FontenelleE-MAIL: Chrisfontell@gmail.comBLOG/artigos: http://infomix-cf.blogspot.com/BLOG/Série CAI O PANO: http://christina-fontenelle.blogspot.com/BLOG/opinião: http://infomix2.blogspot.com/