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terça-feira, 11 de março de 2014

"O POVO VENEZUELANO SE LEVANTA CONTRA OS CASTRO-COMUNISTAS APOIADOS POR LULA E DILMA" jcn

Publicado em 09/03/2014 05:25

No EL PAÍS: Mais três mortes reacendem a violência política na Venezuela


Por EWALD SCHARFENDER  G.  de Caracas de  EL PAIS  

A temida escalada da violência política, tacitamente anunciada pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, durante o aniversário da morte do comandante Hugo Chávez, parece estar aparecendo nas últimas horas.Em Barquisimeto, capital do estado de Lara, o dirigente do partido opositor Avanzada Progresista, Héctor Alzaul Planchart, morreu depois de receber um tiro no peito. O fato ocorreu em frente à sede do partido na cidade. Planchart saía à noite quando foi interceptado por duas pessoas que se deslocavam a bordo de uma moto e dispararam. Não se sabe se o crime foi encomendado ou uma tentativa de assalto comum. A Venezuela é um dos países com maior criminalidade no mundo. Durante 2013, foram registrados no país, de acordo com a fonte, entre 12.000 –segundo cálculos oficiais- e 25.000 –segundo o monitoramento de organizações não-governamentais- mortes pela ação da delinquência.
Planchart foi presidente do Conselho Legislativo regional e era conhecido como um próximo colaborador do governador de Lara, Henri Falcón, um dissidente do chavismo. Na mais recente campanha eleitoral, Falcón formou dupla com seu colega do estado de Miranda e candidato presidencial, Henrique Capriles Radonski, como oposição ao governo.
Na quinta-feira de manhã, em um episódio confuso e ainda em desenvolvimento no bairro de Los Ruices do leste de Caracas, duas pessoas morreram por disparos. De acordo com informações preliminares, as vítimas foram um sargento da Guarda Nacional, Agnes López, e um “motorizado” –como são conhecidos os motoqueiros no país-, José Cantillo.
O bairro de Los Ruices converteu-se em um dos pontos quentes dos protestos e fechamentos de rua, que desde 12 de fevereiro são feitos em diferentes cidades venezuelanas. Na vizinhança se encontra a sede, fortemente custodiada, da Venezolana de Televisión, a principal emissora do Estado. O canal oficial serve de difusor incansável da propaganda governamental e de ataques contra líderes da oposição. Por isso, causa um especial desprezo nas camadas opositoras e setores da classe média, dos quais Los Ruices é um bastião.
Esta manhã, manifestantes se reuniam em uma rua de Los Ruices quando apareceu um grupo de motorizados simpatizantes do governo, com escolta de agentes da Guarda Nacional. De acordo com a versão governamental, os motorizados eram parte de um grupo de voluntários que se propuseram a recolher o lixo e os escombros das barricadas opositoras. Os manifestantes, por outro lado, acreditam que eles eram integrantes dos “coletivos” ou grupos de choque armados do chavismo. No confronto, foram produzidos estragos em edifícios da região, um automóvel foi queimado, e duas pessoas morreram. Também circularam versões, ainda sem confirmação, de que um cinematografista do canal oficial Ávila TV ficou ferido.
Embora ainda não tenham sido esclarecidos os fatos, Diosdado Cabello, número dois do chavismo e presidente da Assembleia Nacional, atribuiu as mortes, em declarações televisionadas, à ação de um franco-atirador que disparou de um edifício próximo. Até o momento da conclusão desta reportagem, a tensão em Los Ruices persistia. Centenas de soldados da Guarda Nacional, apoiados por tanques, ocupavam a área.
Durante a quinta-feira, foram recebidas informações, através das redes sociais, a respeito de presença de grupos de motorizados que intimidavam manifestantes e vizinhos de diferentes áreas do leste de Caracas e de outras cidades venezuelanas. Na véspera, o presidente Maduro instava os grupos de base pró-governo, como as Unidades de Batalha Bolívar-Chávez (UBCh), a entrarem em ação para extinguir os focos de distúrbios nas zonas urbanas.
Protestos contra o governo de Maduro em Caracas. / TOMAS BRAVO (REUTERS)

A principal cidade dos Andes venezuelanos se rebela contra Maduro

A população levanta barricadas em San Cristóbal, estado de Táchira. A falta de governabilidade se estende para outros povoados mais importantes, para onde o Governo enviou o Exército

Os dias de José Gregorio Vielma Mora (San Cristóbal, 26 de outubro de 1964), o governador do estado de Táchira, a região que lidera as revoltas mais fortes contra o governo do presidente Nicolás Maduro na Venezuela, são mais longos que de costume. San Cristóbal, sua principal cidade, saiu do controle e mostra o aspecto de um campo de batalha: as calçadas escuras, cheias de vidro e de óleo queimado, as portas dos bueiros levantadas e guardadas nas casas vizinhas às áreas libertadas por moradores cansados da política econômica chavista, barricadas em setores mais populares e de classe média, e os famososMiguelitos. Talvez esta seja a arma secreta dos manifestantes. Trata-se de uma mangueira cortada e atravessada por pregos, de maneira que, ao serem colocadas no chão, funcionem como armadilhas para furar os pneus das motocicletas dos inimigos. Um Miguelito causou o acidente que há dois meses derivou no assassinato da ex-miss Venezuela Mónica Spear e de seu ex-marido Thomas Henry Berry.
Vielma Mora não pôde evitar que, com o passar dos dias, a falta de governabilidade se estendesse para outros povoados maiores como Táriba e La Grita. Em vista disso, o governo central enviou o Exército para garantir a segurança nas vias principais que levam a San Cristóbal e à fronteira com a Colômbia. O chefe da Rede de Defesa Integral dos Andes, Miguel Vivas Landino, coordena agora todas as operações policiais e militares. É uma militarização parcial que também busca reforçar os trabalhos de inteligência policial. O Governo aproveita o desgaste dos protestos capturando os manifestantes opositores nas zonas libertadas. Isto ocorreu na quarta-feira pela manhã. Três dos manifestantes –José Lesmes, Luigi Paloteni e Omar Cárdenas– que mantêm acampamento na intersecção das avenidas Ferrero Tamayo e Carabobo, no Barrio Obrero, foram interceptados pelas autoridades.
Ao mesmo tempo, a polícia e a Guarda Nacional não intervêm quando pessoas contrárias ao corte das ruas tratam de remover com violência os obstáculos com que os opositores as bloqueiam. Nesta semana vários depoimentos em vídeo indicam que chavistas armados dispararam contra seus adversários. Em Táriba entraram em residências buscando cortar o fornecimento de alimentos que permite aos manifestantes resistir na rua durante dias.
Uma prova do trabalho da inteligência pôde ser visto nesta sexta-feira em Caracas. No final da tarde, em Altamira, o epicentro dos protestos da oposição, um veículo sem identificação policial introduziu à força um jovem. Pareceu um ato próprio das ditaduras criminosas do Cone Sul na década de setenta. Os moradores avisaram a policia do município de Chacao, que enfrentou a tiros os ocupantes do veículo. Uma mulher do Sebín, a polícia política venezuelana, morreu na troca de tiros.
Apesar desses perigos, a resistência da oposição não dá indícios de ceder. Vielma Mora está preocupado porque enfrenta a generalizada desobediência da população –um assunto que não se restringe só à classe média- e das forças da região. O governador aspirava que os Gochos, como são conhecidos no resto do país, voltassem a sua rotina com o fim do Carnaval, na quarta-feira passada, mas isso não foi possível. Na segunda-feira anunciou que o transporte público retomaria as atividades. Mas Germán Duarte, presidente do sindicato do transporte da região, o contradisse no mesmo dia ao advertir que não estavam dadas as condições nem as garantias de segurança para que saíssem às ruas. De nada serviu que o Executivo regional oferecesse a colaboração da polícia local.
O governo nacional, em outra tentativa de apaziguar o conflito sem violência, instalou um observatório regional de paz para replicar a experiência do convocado em Caracas pelo presidente Nicolás Maduro com seus adversários. O ceticismo sobre o resultado concreto dessa iniciativa é generalizado, porque não está proposto retoque algum ao modelo político-econômico. As conversas converteram-se em um ajuste de contas entre os bandos e em um longo diagnóstico da situação venezuelana sem propostas concretas para combater a crise. O chavismo se ampara em ter ganhado 18 das 19 eleições desde 1998 para impor o socialismo; a oposição se nega a aceitar esse modelo porque se sente com suficiente força para pactuar uma visão de país compartilhada.
Vielma interveio nessa sessão para retomar uma ideia que já esboçava na semana passada: a de que os problemas do estado de Táchira se resolvem com uma visão tolerante e um julgamento são. “Seguiremos nesse caminho embora as pessoas interpretem mal a gente e digam que somos covardes”, disse. O governador é partidário de um acordo com a oposição e assim o propôs em algumas entrevistas a emissoras de rádio de Caracas. “Aqui faz falta um novo começo. Que todos os que estão presos por questões políticas sejam libertados, incluindo Leopoldo López (líder opositor detido) e Iván Simonovis (o preso político mais emblemático da era chavista)”.
Vielma Mora surge como um refém de um modo de raciocínio que sua fama contradiz. Toda essa situação não deixa de ser uma tragédia para um homem que concentrava uma insólita unanimidade em um país tão dividido. Um administrador amigo da empresa privada e que dava a entender também que o chavismo não está só composto por inimigos do capital. Trabalhava no Seniat, o escritório nacional de tributos, o qual modernizou e tornou eficiente. Os venezuelanos adquiriram uma cultura de pagamento de impostos em boa medida graças a sua fama de homem honesto. Após sua saída em 2008 trabalhou com homens de negócios traduzindo para o comércio as mudanças de biorritmo do chavismo na hora de fazer negócios. Nenhuma dessas credenciais serviu para que ele estendesse pontes. É a tragédia do chavista eficiente.
San Cristóbal, neste sábado. / GETTY IMAGES

O Brasil tenta encontrar o seu papel na crise da Venezuela

Dilma tem frustrado a expectativa de assumir uma posição de liderança diante das tensões no país vizinho. Uma missão do Foro São Paulo, organização que reúne partidos de esquerda latinoamericanas, incluindo o PT, deve seguir nesta semana para a Venezuela.

Em meio às tentativas das organizações internacionais de interceder para apaziguar a tensão na Venezuela, surge, inevitavelmente, a pergunta sobre o papel que o Brasil pode assumir na crise que se instalou no país vizinho. Por ora, se limita a atuar por meio dos organismos internacionais, apoiando o presidente Nicolás Maduro. Na mais recente reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA),na última sexta-feira, o país votou novamente alinhado com Maduro, ao firmar a carta de solidariedade às vítimas das violências nos protestos de ruas, e reforçando a necessidade de diálogo. Repete, assim, o tom adotado pela Celac e pelo Mercosul.
Mas, a expectativa com o papel brasileiro é grande. Na condição de maior nação do continente sul-americano, e de maior economia da América Latina, o Governo brasileiro teria um papel relevante na tentativa de conciliar as distintas forças venezuelanas. Segundo o presidente do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, e coordenador da campanha à reeleição de Dilma Rousseff este ano, a presidenta pode corresponder às expectativas nos próximos dias.
Seria, de fato, de bom tom, até pelas boas relações do Governo de Rousseff com a Venezuela, desde os tempos de Hugo Chávez. O assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, inclusive, retornou na quinta-feira da Venezuela, onde representou o Governo nas festividades de um ano da morte do ex-comandante. Durante a visita, reuniu-se por 40 minutos com o presidente Nicolás Maduro. “À luz das informações que ele traga, o Governo brasileiro deve se manifestar”, diz Falcão, que não descartaria um papel de intermediador da crise, caso Maduro acolhesse a ideia. O presidente venezuelano, inclusive, estaria aceitando a mediação brasileira, ainda que o assunto não esteja vindo a público. A própria entrevista de Maduro à rede de televisão americana CNN  seria uma tentativa de mostrar mais abertura para solucionar o crise.
Uma reunião da União das Nações Sulamericanas (Unasul), convocada pelo próprio Maduro, está marcada para acontecer em Santiago, no Chile, logo após a posse da presidenta eleita Michele Bachelet. O encontro reunirá os chanceleres de cada país integrante do grupo. Luís Alberto Figueiredo vai representar a diplomacia brasileira, apoiando as linhas gerais que as nações vizinhas têm assumido: a situação atual precisa ser resolvida por meio do diálogo, e atos violentos são condenáveis. Assim como ficou claro no documento firmado pela OEA, apoiado por 29 nações incluindo o Brasil, o incentivo à conciliação é visto como mais produtivo do que a condenação do status atual da Venezuela.
Uma missão do Foro São Paulo, organização que reúne partidos de esquerda latinoamericanas, incluindo o PT, deve seguir nesta semana para a Venezuela. Falcão, inclusive, pode integrar esta comitiva. Tanto o partido, como o Governo petista, sempre defenderam a soberania de cada nação. Mas, alguns integrantes do PT não escondem um certo desconforto com o caos que se instalou no país vizinho, e que já culminou na morte de 20 pessoas. O próprio presidente do partido admite que há algumas situações que preocupam. “Nada justifica a proibição de que veículos de comunicação circulem”, afirmou.
Mas, até agora, a posição brasileira tem sido considerada muito tímida. Além da assinatura da carta do Mercosul de apoio a Maduro no mês passado, e o endosso da carta da OEA nesta semana, só houve a fala da presidenta Rousseff durante a cúpula Brasil-União Europeia, quando foi questionada sobre o assunto, no último dia 21.  “Acreditamos que sempre, em qualquer situação, é muito melhor o diálogo, o consenso e a construção democrática do que qualquer tipo de ruptura institucional”, disse Rousseff.Uma crítica feita à presidenta, neste momento, é o fato de ela te sido tão ativa na costura para incluir a Venezuela no Mercosul – e na negociação com o Paraguai, que se negava a aceitar o novo parceiro – , mas que agora apresenta uma atuação limitada nesse capítulo diplomático. Trata-se de um calcanhar de Aquiles para o Brasil, ao contrário, inclusive da postura de seu antecessor, na visão de alguns observadores. “O Lula, por exemplo, foi conversar com o Evo Morales, quando houve algumas tensões na Bolívia, durante o seu Governo”, relembra Rubens Barbosa, que foi embaixador nos Estados Unidos, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.
O ex-presidente tucano, aliás, também se manifestou sobre a crise venezuelana, numa declaração conjunta assinada com outros três ex-presidentes da América do Sul, repudiando a arbitrariedade na condução do conflito que divide o país. “O ideal seria que o Brasil respondesse ao seu peso na região, procurando formar consenso para atuar na Venezuela. Mas o país não tomará nenhuma atitude pró-ativa, até porque o Governo tem muita simpatia pelo Maduro”, opina Barbosa.
A posse da presidenta Michele Bachelet, na próxima terça-feira, pode ser uma oportunidade de os líderes do continente falarem abertamente sobre a crise venezuelana, que teve mais um capítulo neste sábado, com novos protestos de opositores do Governo nas ruas. E pode ser a chance de Rousseff se pronunciar de maneira certeira, surpreendendo seus opositores. Ao fim e ao cabo, a crise venezuelana não interessa ao Brasil nem do ponto de visto político, nem do ponto de vista econômico. As exportações brasileiras - carne, açúcar e máquinas estão entre os principais países exportados para lá - para lá têm caído nos últimos meses em função dos controles da moeda na Venezuela.
no blog de Augusto Nunes, de veja.com.br:

Quatro ex-presidentes defendem a democracia violentada pelo governo venezuelano. Eles nos representam