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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O País quer Saber

Coluna do Augusto Nunes 
A história do sino furtado pela turma de Jobim


Bruno Abbud
Em novembro passado, um grupo de sessentões formados em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul reuniu-se para comemorar um assalto ao patrimônio público. O ritual é reprisado anualmente desde 1968, quando os futuros juristas surrupiaram o sino de bronze, com 30 centímetros de altura e dez quilos de peso, que anunciava o começo e o fim das aulas na faculdade. O objeto furtado continua em poder da “Ordem do Sino”, formada pelos participantes da operação ilegal. O mais famoso da turma é o ministro Nelson Jobim.
Em 1998, Jobim recebe o sino
O estatuto da confraria, redigido em 1978, transformou o sino em “símbolo da turma” e decidiu que mudaria de endereço a cada novembro. Durante o jantar comemorativo, o responsável pela guarda do troféu é escolhido entre os mais assíduos frequentadores das celebrações do grupo. “Não vamos devolver o sino até que haja apenas um sobrevivente da nossa turma”, avisou o advogado Paulo Wainberg, que o hospedou entre 2007 e 2008, numa reportagem publicada naFolha em dezembro de 2008. Se a promessa for cumprida, a faculdade não verá o sino tão cedo. Dos 93 convivas da festa de formatura, 77 continuam vivos.
Wainberg qualifica o furto de “empréstimo”. “Esse sino tem a história de uma das turmas mais brilhantes da faculdade”, orgulha-se a advogada Maria Kramer. “O roubo em si ficou em segundo plano. É uma história de união, somos a única turma que se reúne todo ano”. A perpetuação do ato criminoso é endossada por Nelson Jobim, guardião do sino entre 1997 e 1998, quando vestia a toga de ministro do Supremo Tribunal Federal. Enquanto posava de homem da lei no plenário, o produto do roubo descansava no armário.