Esperto era o Mao: neta do ditador psicopata é uma das 500 pessoas mais ricas da China
A matéria do G1, intitulada “Neta de Mao Tsé-tung aparece entre os 500 mais ricos da China”, é o definitivo show do bizarro. Vamos avaliá-la, ponto a ponto:
Kong Dongmei tem apenas 41 anos e foi colocada pela revista chinesa “New Fortune” num honroso 242º lugar entre as 500 pessoas mais ricas de seu país. Mas, se na China aparecer numa lista dessas já significa receber uma atenção indesejada e atrair mais impostos do governo, ocupar este posto sendo neta do líder comunista revolucionário Mao Tsé-tung é ainda mais chamativo. Bem longe dos ideiais igualitários pregados pelo avô, Kong e o marido, Chen Dongsheng, teriam um patrimônio estimado em US$ 815 milhões.
Pergunta: qual o problema dela em pagar altos impostos se aquilo que se tem vem a partir de benefícios por pertencer a uma família que foi DONA do país por algum tempo? Impostos altos são um problema para os que realmente trabalham, não para os aliados de estados inchados…
Ela é uma bem-sucedida empreendedora em Pequim. Tem um restaurante, uma editora e uma livraria que promovem a chamada “nova cultura vermelha” na China – uma versão atualizado do que Mao pensara para o país. Analistas observam, porém, que a fonte maior da riqueza de Kong vem do marido, com quem se casou no ano passado após um relacionamento de 15 anos. Além de ser o dono de uma casa de leilões chamada “Guardian”, ele comanda a quarta maior seguradora da China, Taikang, com estimados US$ 55 bilhões em ativos.
Entendi. Quem leu as obras de Mao, podia pensar que ele queria “o fim das classes”, e, com a riqueza de sua neta, vemos uma “atualização” do que Mao pensou para o país. Agora tudo faz sentido: como eu tenho escrito aqui, esquerdismo faz uso de um discurso com base em pretextos para inchar o estado… para dar poder aos donos deste estado inchado. Realmente, ver sua neta pertencer a uma elite aliada ao estado, enquanto seu povo perece à míngua, está bem coerente não apenas com o plano de Mao, como o de toda a esquerda.
Na internet, não faltaram críticas à posição de Kong na lista. Pela riqueza e, também, por ter mais de um filho.- A prole do comandante Mao, que nos levou a erradicar a propriedade privada, se casou com um capitalista e violou a política de planejamento familiar para dar à luz a três crianças ilegais – atacou Luo Chongmin, um conselheiro do governo, no Sudoeste da China.
Podemos supor que Luo Chongmin apenas está bravinho por que a neta de Mao lucrou mais com a aliança com um governo totalitário do que ele. É o de sempre. No mundo socialista, quem se dá melhor são os mais espertos…
Num país onde a maioria anda cada vez mais desconfiada da rápida ascensão de uma minoria – e onde diferenças de classe, sutilmente, começam a aparecer -, aparecer numa lista como essas gera até apelidos. Um autor chinês já chamou o fenômeno de “ A Maldição da Forbes”, em referência à tradicional revista americana. Outros dizem que essa riqueza se chama “Sha Zhu Bang”, algo como “a lista do porco morto”.
Oh, que bonitinho. A ingenuidade dos chineses chega a dar dó. É nisso que dá viver em um país de imprensa sob censura.
Desconfiados com “rápida ascensão de uma minoria”? Ou será que a tal “minoria aliada aos donos do estado inchado” sempre existiu e somente antes isso não era divulgado por causa do discurso de “sociedade sem classes”? Agora, com a abertura “light”, eles precisam acreditar em Mula sem Cabeça, Lobisomem e “rápida ascensão” de milionários na China. É a mesma farofa vista na época da abertura russa: de um dia para noite apareceram vários bilionários. Do dia para a noite, certo? É por isso que eu digo que ingenuidade é um pecado imperdoável…
No ano passado, um estudo intitulado “O Preço de Ser um Bilionáriona China” mostrou que empresas listadas na conhecida relação Hurun, que mapeia os ricos do país, viram seus valores de mercado diminuir rapidamente em três anos. Todas devido ao aumento de auditorias fiscais, corte de subsídios do governo e investigações financeiras.
Socialismo é isso aí: é só olhar com cuidado que a m… aparece.
É, o mundo é dos espertos. Isso vale tanto para sociedades de livre mercado quanto sociedades comunistas. Mas nestas últimas, a distância entre os espertos e os trouxas é muito maior.