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sexta-feira, 29 de abril de 2011

PORQUE JÁ NÃO ME UFANO DE SER BRASILEIRO

Coisa nossa : A PeTralha no PODRE R (jn)


É lamentavel , mas  infelizmente é verdade...
São Leopoldo tem um dos menores índices 
de analfabetismo e de mendicância do 
país, talvez por causa de homens como 
este!
EMPRESÁRIO DE SÃO LEOPOLDO
Silvino Geremia é empresário em São Leopoldo,
Estado do Rio Grande do Sul.
Eis o seu desabafo, publicado na revista EXAME:
"Acabo de descobrir mais um desses absurdos que só 
servem para atrasar a vida das pessoas que tocam e 
fazem este país: investir em Educação é contra a lei .

Vocês não acreditam? 
Minha empresa, a Geremia, tem 25 anos e fabrica 
equipamentos para extração de petróleo, um ramo que
exige tecnologia de ponta e muita pesquisa.
Disputamos cada pedacinho do mercado com países 
fortes, como os Estados Unidos e o Canadá. 
Só dá para ser competitivo se eu tiver pessoas 
qualificadas trabalhando comigo.
Com essa preocupação criei, em 1988, um programa 
que custeia a educação em todos os níveis para qualquer 
funcionário, seja ele um varredor ou um técnico.Este ano, um fiscal do INSS visitou a nossa empresa e 
entendeu que Educação é Salário Indireto. 
Exigiu o recolhimento da contribuição social sobre os 
valores que pagamos aos estabelecimentos de ensino 
freqüentados por nossos funcionários, acrescidos de
juros de mora e multa pelo não recolhimento ao INSS.
Tenho que pagar 26 mil reais à 
Previdência por promover a educação dos 
meus funcionários? 
Eu honestamente acho que não. 
Por isso recorri à Justiça. 
Não é pelo valor em si , é porque acho essa tributação 
um atentado. 
Estou revoltado. 
Vou continuar não recolhendo um centavo ao INSS, 
mesmo que eu seja multado 1000 vezes.
O Estado brasileiro está completamente 
falido.
Mais da metade das crianças que iniciam a 1ª série não 
conclui o ciclo básico.
A Constituição diz que educação é direito do cidadão e 
um dever do Estado. 
E quem é o Estado? Somos todos nós. 
Se a União não tem recursos e eu tenho, acho que devo 
pagar a escola dos meus funcionários.
Tudo bem, não estou cobrando nada do Estado. 
Mas também não aceito que o Estado me penalize por 
fazer o que ele não faz. 
Se essa  moda pega, empresas que proporcionam cada 
vez mais benefícios vão recuar.. 
Não temos mais tempo a perder. 
As leis retrógradas, ultrapassadas e em total 
descompasso com a realidade devem ser revogadas.
A legislação e a mentalidade dos nossos homens públicos 
devem adequar-se aos novos tempos.
Por favor, deixem quem está fazendo alguma coisa 
trabalhar em paz. 
E vão cobrar de quem desvia dinheiro, de quem sonega 
impostos, de quem rouba a Previdência, de quem 
contrata mão-de-obra fria, sem registro algum.
Eu Sou filho de família pobre, de pequenos agricultores, 
e não tive muito estudo.
Somente consequi completar  o 1º grau aos 22 anos e, 
com dinheiro ganho no meu primeiro emprego, numa 
indústria de Bento Gonçalves, na serra gaúcha, paguei 
uma escola técnica de eletromecânica.Cheguei a fazer vestibular e entrar na faculdade, mas 
nunca terminei o curso de Engenharia Mecânica por 
falta de tempo. 
Eu precisava fazer minha empresa crescer. 
Até hoje me emociono quando vejo alguém se formar.
Quis fazer com meus empregados o que gostaria que 
tivessem feito comigo.
A cada ano cresce o valor que invisto em educação 
porque muitos funcionários já estão chegando à 
Universidade. 
O fiscal do INSS acredita que estou sujeito a ações 
judiciais. 
Segundo ele, algum empregado que não receba os 
valores para educação poderá reclamar uma 
equiparação salarial com o colega que recebe.
Nunca, desde que existe o programa, um funcionário 
meu entrou na Justiça. 
Todos sabem que estudar é uma opção daqueles que têm 
vontade de crescer... 
E quem tem esse sonho pode realizá-lo porque a empresa 
oferece essa oportunidade. 
O empregado pode estudar o que quiser, mesmo que seja 
Filosofia, que não teria qualquer aproveitamento 
prático na nossa  Empresa Geremia. 
No mínimo, ele trabalhará mais feliz.Meu sonho de consumo sempre foi uma Mercedes-Benz. 
Adiei sua realização várias vezes porque, como cidadão 
consciente do meu dever social, quis usar meu dinheiro 
para fazer alguma coisa pelos meus 280 empregados. 
Com os valores que gastei no ano passado na educação 
deles, eu poderia ter comprado Duas Mercedes. 
Teria mandado dinheiro para fora do País 
e não estaria me incomodando com essas 
leis absurdas .
Mas infelizmente  não consigo fazer isso.  
Eu sou um teimoso.
No momento em que o modelo de Estado que faz tudo 
está sendo questionado, cabe uma outra pergunta.
Quem vai fazer no seu lugar?
Até agora, tem sido a iniciativa privada. 
Não conheço, felizmente, muitas empresas que tenham
recebido o mesmo tratamento que a Geremia recebeu da 
Previdência por fazer o que é dever do Estado. 
As que foram punidas preferiram se calar e, 
simplesmente, abandonar seus programas educacionais. 
Com esse alerta temo desestimular os que 
ainda não pagam os estudos de seus 
funcionários. Não é o meu objetivo.
Eu, pelo menos, continuarei ousando ser 
empresário, a despeito de eventuais crises, 
e não vou parar de investir no meu 
patrimônio mais precioso: 
as pessoas.
Eu sou mesmo teimoso!...
Não  tem  jeito..
Silvino Geremia.