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sábado, 18 de novembro de 2006

'Cesta básica venceu a ética'

CONJUNTURA Comandante da 8ª Região Militar está preocupado com a Amazônia

O general-de-divisão Jeannot Jansen da Silva Filho comandante da 8ª Região Militar e da 8ª Divisão do Exército, fez severas críticas à atuação do governo federal na Amazônia durante visita de cortesia, na manhã de ontem, à sede da Federação da Agricultura do Estado do Pará (Faepa), a convite da diretoria da instituição para conhecer os principais projetos e atividades desenvolvidos pela federação.

Depois de assistir à exposição sobre os dez principais projetos ligados à Faepa, apresentados pelo presidente da entidade, Carlos Xavier, o general Jeannot Jansen Filho fez uma breve avaliação da conjuntura política do País na área da segurança nacional, do desenvolvimento do País e de seu papel como comandante da tropa que serve à região amazônica nos Estados do Pará, Amapá e Tocantins. Ele fez duras críticas ao orçamento do governo federal; aos movimentos sociais, à atuação de orgãos ambientais do governo, que estariam coniventes com algumas Organizações Não-governamentais (ONGs) e à omissão com relação à soberania nacional, referindo-se à internacionalização e à ocupação desordenada e ilegal da Amazônia. Sobre a reeleição do presidente Lula, afirmou que 'a cesta básica venceu a ética e o bom senso'

Sobre o orçamento do governo federal que está sendo executado neste ano, o general declarou que ficou 'perplexo' com os R$ 24 bilhões para o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, enquanto que para o Exército foram destinados apenas R$ 1,2 bilhão. 'Entendo. Discordo, mas não vejo como a solução é muito abaixo do mínimo e impede a nossa atuação com eficiência. Lastimo imensamente', reclamou.

O comandante disse que ficou impressionado pelo fato de a maioria dos recursos do Projeto Calha Norte beneficiarem o Estado de Rondônia e não o Pará, mas lembrou que a aplicação de mais ou menos recursos é uma questão de atuação e pressão da bancada parlamentar de cada Estado. 'Tem muito dinheiro e vai ter mais ainda em 2007', afirmou. Ele declarou que, mesmo não sendo da área, sabe que o maior problema para a liberação de recursos é a falta de organização fundiária, por culpa do próprio governo federal, e que hoje esse ordenamento é de difícil solução porque 'existem organizações que não trabalham para nenhum benefício social e, por isso, estamos atentos, silenciosos, mas acompanhando os assentamentos e as invasões em todo o País, porque há ideologias muito estranhas à nossa', afirmou.

Segundo ele, é preciso que instituições como a Faepa se mobilizem para que os recursos sejam destinados ao combate da internacionalização da Amazônia porque, quando se fala em meio ambiente, a resistência é gigantesca. 'O inimigo é visível quando se fala em desenvolvimento. A pressão vem de fora e aqui encontra ecos, alguns de forma maldosa e outros, inocentes. Mas vamos preservar para os outros? Isso tem que ser revertido pelos senhores de forma inteligente. E acho que podemos ajudar', disse aos diretores da Faepa.

investimentos

O presidente da Faepa, Carlos Xavier, que apresentou o projeto 'Investe Pará' ao general-de-divisão Jeannot Jansen da Silva Filho, disse que a Rede Paraense de Promoção de Investimentos criada pela federação aponta as principais vantagens da aplicação de recursos no Pará em projetos em áreas de florestas plantadas, em óleo de palma, criação de camarão, industrialização da mandioca com produção de fécula para polímeros de bioplástico (produtos descartáveis e biodegradáveis), produção de palmito de pupunheira, criações de ovinos, caprinos e suínos, produção de álcool para abastecer o mercado interno e cultivo de seringais para a volta da produção de borracha natural, além de um entreposto de carne com homologação internacional para tornar o Estado o principal corredor de exportação.

A presença do general, disse Xavier, sinaliza uma possível parceria em defesa do desenvolvimento que a Faepa vislumbra para o Estado. 'O nossa objetivo é buscar parceiros para o nosso compromisso com o desenvolvimento do Estado, do produtor rural e a melhoria do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e das desigualdades', declarou.

Carlos Xavier afirmou que a Faepa e o 'Investe Pará', que projeta investimentos de R$ 5.353.500,00 e geração de 490 mil empregos diretos, além de 1.470 mil indiretos, funcionam e trabalham em parceria com o governo do Estado e órgãos federais, mas se disse preocupado com a questão da soberania da Amazônia, porque a biopirataria engessa o desenvolvimento. 'Os países do Primeiro Mundo traçaram desde 1981 suas diretrizes para a ocupação da região, mas o que está por trás de tudo é a economia. Eles vivem com medo do desenvolvimento da Amazônia e do Brasil', afirmou.

Para enfrentar o problema, ele disse que é preciso defender e aplicar o Zoneamento Econômico e Ecológico (ZEE) do Estado, elaborado e aprovado por todos os setores produtivos. 'É a nossa responsabilidade para com o desenvolvimento sem a interferência deles, trabalhando de forma legal para atrair investimentos'. De acordo com o presidente da Federação da Agricultura, existem US$ 13 trilhões em fundos e no mercado internacional para serem captados e o Pará precisa estar na frente na busca desses recursos externos.

Jornal O' Liberal