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segunda-feira, 11 de julho de 2011

O GLOBO
Ministérios do Turismo e Cidades são os novos alvos de Dilma
A crise que culminou com a degola de toda a cúpula do Ministério dos Transportes na semana passada permitiu à presidente Dilma Rousseff avançar na sua estratégia para desmontar os feudos partidários no governo, especialmente no segundo escalão, onde se concentram muitos órgãos com alto e forte poder de decisão financeira e administrativa. Na mira de Dilma, outras pastas problemáticas: o Ministério do Turismo e o das Cidades.

Um ministro próximo confirma que Dilma está fazendo agora o que não conseguiu fazer na transição de governo, por pressão política de aliados e até do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As denúncias de irregularidade que atingiram integrantes do segundo escalão e até mesmo o ex-ministro Alfredo Nascimento permitiram que a presidente iniciasse uma troca profunda no Ministério, considerado até então um bunker do PR no governo.

Assim que foi eleita, no ano passado, ela havia tentado fazer isso sem sucesso. Deixou claro que não queria a recondução de Alfredo Nascimento para os Transportes, com a desculpa de que ele tinha sido derrotado na disputa pelo governo do Amazonas. Tentou oferecer ao PR outra pasta. Mas não conseguiu.

Ministro admite contato com diretor do Dnit
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, negou ontem que tenha recebido empreiteiras, quando comandava a pasta do Planejamento, para acertar obras rodoviárias executadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Afirmou, porém, que pediu ao diretor-geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot, informações sobre o andamento de obras no Paraná, base política do ministro e de sua mulher, a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.

O diretor do Dnit disse a interlocutores ter provas de que empreiteiras negociavam com Paulo Bernardo um pacote pronto de projetos, como publicou ontem Jorge Bastos Moreno na coluna "Nhenhenhém". - Pagot não era meu subordinado, e servidor público obedece a ordens formais que ficam registradas no sistema do governo. No serviço público, fazemos apenas o que a lei determina - afirmou o ministro, por e-mail.

Alfredo Nascimento tem carreira repleta de acusações
Depois de sobreviver sete anos no comando do Ministério dos Transportes, o ex-ministro Alfredo Nascimento caiu em meio a uma onda de denúncias de irregularidades contra ele próprio, familiares e assessores. A ficha corrida do político amazonense é extensa e todas as cifras, seja sobre o patrimônio pessoal e da família ou de supostos desvios de recursos, estão sempre na casa de muitos milhões de reais.

Contra o ex-ministro pesam denúncias de má administração e corrupção desde os tempos em que iniciou uma meteórica carreira política como prefeito biônico (indicado) de Manaus, no final da década de 1980. Ele é alvo de acusações que vão da compra de votos a desvio de dinheiro público. Nascimento renunciou ao cargo de ministro depois que a "Veja" revelou superfaturamento e cobrança de propina em contratos de sua pasta. O GLOBO mostrou que o patrimônio de uma empresa do filho dele, de 27 anos, aumentou 86.000% em menos de três anos.

O ex-ministro tem contas a acertar com o passado. Enfrenta um processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no qual é acusado de fazer caixa dois e campanha eleitoral fora do prazo, ano passado, quando disputou o governo do Amazonas e perdeu para o ex-aliado Omar Aziz (PMN).

10 empresas concentram 70% das compras dos carrinhos dos consumidores nos supermercados
A concorrência entre diversos produtos que pesam diretamente no orçamento familiar, como alimentos, bebidas, higiene e limpeza, em muitos casos, é mero jogo de faz de conta no país. Dez grandes empresas - multinacionais, na maioria - abocanham de 60% a 70% das compras de supermercado de uma família típica brasileira e tornam o Brasil um dos países com maior nível de concentração no mundo, apontam especialistas em varejo.

Muitas vezes, um fabricante chega a ser dono de diversas marcas de um mesmo produto, fazendo com que elas "disputem" entre si fatias do mercado. Uma tática da indústria que acaba por limitar o poder de escolha do consumidor, que, constantemente, nem desconfia de quem está por trás de sua marca preferida. A estratégia também trava a expansão de marcas menores. A situação pode até se intensificar caso a polêmica fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour saia, de fato, do papel, concentrando mais ainda o setor supermercadista.

- Poucas indústrias, apenas dez, entram com força no carrinho de compras dos brasileiros. Esse grupo representa até 70% das compras. Os demais 30% são disputados por cerca de 500 empresas menores, regionais - disse Marco Quintarelli, diretor do Grupo Azo, consultoria especializada em varejo, referindo-se a AmBev, BRF-Brasil Foods, Coca-Cola, Hypermarcas, JBS, Kimberly-Clark, Nestlé, Procter&Gamble, Reckitt Benckiser e Unilever.

Kadafi ameaça atacar Europa com 'mártires' de guerra
O ditador da Líbia Muamar Kadafi voltou a fazer ameaças à Europa [ontem]. Ele disse que vai enviar centenas de 'mártires' para atacar os países europeus em retaliação à campanha militar de bombardeios da Otan contra seu regime no país. - Centenas de líbios irão se sacrificar na Europa. Eu falei que será olho por olho, dente por dente. Mas nós daremos a eles a chance de se arrepender e voltar atrás - disse o ditador em um discurso transmitido pela rede de TV estatal.

-Você vai se arrepender, Otan, quando a guerra se deslocar para a Europa - afirmou ele, acrescentando que as Ilhas Canárias, a Sicília, e outras ilhas do Mediterrâneo, assim como a região da Andaluzia no Sul da Espanha, são terras árabes que devem ser libertadas.

Diretor de curso de jornalismo de Oxford diz que caso dos grampos é divisor de águas na imprensa britânica
Aos 80 anos, Rupert Murdoch certamente já passou por tempestades no mundo dos negócios. Mas o escândalo de grampo de telefones de celebridades, vítimas de crimes e de terrorismo, entre outros, pelo "News of the World", o mais bem-sucedido tabloide dominical no Reino Unido, é um capítulo novo na saga do bilionário australiano.

Não apenas por tê-lo obrigado a fechar uma operação que, ao contrário dos concorrentes, não sofria de hemorragias de circulação e a cada domingo trazia sempre um coquetel mais apimentado de fofocas e escândalos. Mas por ter o potencial de continuar causando danos ao braço britânico de seu império de mídia, a News International. É o diagnóstico de John Lloyd, diretor do Instituto Reuters de Jornalismo, da Universidade de Oxford, e editor-contribuinte do jornal "Financial Times".

No entanto, Lloyd alega que o colapso do "NOTW" (como o jornal é conhecido pelos britânicos) representa também um divisor de águas para os concorrentes, principalmente se os rumores de que mais tabloides burlam a lei para obter informações se concretizarem.

Só acordo político pode impedir que os EUA entre em moratória
Enquanto o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se reúne neste domingo com os líderes do Congresso, crescem as especulações sobre as consequências para a economia do país e do restante do mundo se fracassarem as negociações políticas para evitar a moratória da dívida do Tesouro americano. Desde 16 de maio, quando atingiu o limite do teto de endividamento público, no valor de US$ 14,294 trilhões, o governo manobra para poupar e honrar seus pagamentos.

Mas se democratas e republicanos não costurarem um consenso para elevar a capacidade de endividamento até o próximo dia 2, o calote será inevitável e inédito. Cada americano nasce hoje com uma dívida de U$ 143 mil. Com PIB de US$ 14,7 trilhões em 2010, a dívida pública gira em torno dos 90% do PIB. As projeções para 2016 apontam crescimento da dívida para US$ 21 trilhões. Mark Weisbrot, economista do Center for Economic and Policy Research, aconselha, porém, que não se perca tempo com temores sobre um calote.

- O mercado trabalha com risco zero de que isso ocorra e eles parecem saber algo. Se o Congresso não autorizar o novo teto de endividamento, a primeira coisa que acontecerá é um "crash" nas Bolsas. Os bancos possuem títulos da dívida que perderiam seu valor. Wall Street seria o primeiro local atingido, mas eles são donos do Congresso e deste país, não permitirão que isso ocorra. É uma situação de refém: os sequestradores têm a arma apontada, mas sem bala.