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quarta-feira, 17 de junho de 2009

O sonho da luta armada ainda persiste







Folha de São Paulo - Por TALITA BEDINELLI DA REPORTAGEM LOCAL
Para Brandão, conflito com PM mostra que só com armas é possível implantar comunismo
A recontratação do sindicalista, ex-candidato a deputado pelo PSTU, é uma das reivindicações dos funcionários.


Na pauta de reivindicações de funcionários grevistas da USP, o primeiro item, escrito em negrito e letras maiúsculas sob o título "questões políticas", é a "readmissão do diretor do sindicato Brandão". O Brandão em questão é o ex-servidor Claudionor Brandão, 52, um dos cabeças do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) e da atual paralisação, que completa hoje 40 dias. Membro de um grupo denominado "Liga Estratégia Revolucionária", uma dissidência do PSTU, ele acredita que só com a revolução seja possível alcançar o comunismo.


Revolução armada? "Você viu as bombas do coronel Longo? Acha que é possível derrotar aquilo só com palavras?", diz, referindo-se ao confronto com a Polícia Militar na última terça na USP (saldo de dez feridos). O tenente-coronel Cláudio Longo dirigiu a operação.



No episódio, Brandão foi detido por desacato e resistência à prisão. Ele afirma que apenas tentou dialogar com o policial que prendia um colega. Foi solto no mesmo dia, após a realização de um "termo circunstanciado". A ele juntam-se outros sete boletins de ocorrência (por ameaça, invasão, dano ao patrimônio e atentado violento ao pudor, entre outros), outro termo circunstanciado e três inquéritos policiais.
"Qualquer diretor sindical ativo tem um monte de processos. Todos foram arquivados por falta de provas. Nunca fui preso." A Secretaria da Segurança Pública afirmou que não teria ontem como verificar o andamento dos casos.



Desde 1987, trabalhava na antiga prefeitura da universidade, reparando e instalando aparelhos de ar condicionado. Acabou demitido em dezembro passado, após um processo administrativo iniciado em 2005.



Foi acusado de "ter invadido uma biblioteca, ameaçado as pessoas e colocado em risco o acervo", conta. Na ocasião, entrou na biblioteca da faculdade com mais 50 funcionários da FAU para levar os servidores do local para um piquete.



A reitoria da universidade não se manifesta sobre os motivos que levaram à demissão por uma "proibição legal".



A punição terminou em demissão por causa da reincidência: em outubro, ele havia sido condenado a 20 dias de suspensão por outro processo administrativo de 2006, quando apoiou um protesto de trabalhadores terceirizados e foi acusado de "desvio da função sindical", segundo ele. "A demissão é perseguição política."



Filiado ao sindicato desde 1988, já foi três vezes da diretoria. Participou de 12 greves e diz que "o diálogo [com a reitoria] ficou cada vez mais difícil". Um exemplo, diz, é a entrada da PM na USP. "É a prova da incapacidade da reitora Suely Vilela de resolver os problemas da universidade." Segundo ele, se ela não ceder, a greve continuará.



Em 1998, foi candidato a deputado estadual pelo PSTU; teve 439 votos. Desde a demissão, vive com R$ 2.600, pagos pelo sindicato -mesmo valor que recebia como servidor da USP.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1306200915.htm

credito: postado anteriormente em www.verdadesufocada.com,br

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