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quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Macacos me mordam

Por Paulo Carvalho Espíndola, Cel Reformado


Dizemos nós que Deus é brasileiro, mas discordo dessa soberba tão a gosto do nosso povo.
Deus, na Sua onisciência e suprema justiça, certamente, não iria privilegiar os brasileiros, vestindo as nossas cores e deixando à penúria dos Seus cuidados o resto da humanidade.
É certo que nas terras nacionais os sabiás gorjeiam maviosos; é patente que o “M” de Maria marca as nossas mãos; é inegável que vivemos no verde mais belo, no mais dourado amarelo, sob um céu cheio de estrelas prateadas que se ajoelham fazendo o sinal da cruz. Pura poesia, que, entretanto, nos acalenta, mas que não resulta em solevantar o gigante adormecido, insistente em tornar-nos sonhadores enquanto dorme.
A memória coletiva é fundamental para os povos que passam por vicissitudes, sejam elas advindas de catástrofes da natureza, sejam por conflitos bélicos ou por aventuras ideológicas fratricidas. Dela renascem nações, que não olvidam o passado e, por isso mesmo, sublimam o porvir.
Memória coletiva, parece-me, não é o caso do Brasil recente. Fomos sufocados numa incrível sucessão de escândalos e não tivemos a vergonha de reagir. Pelo contrário, fizemos do nosso voto a remissão dos pecados de desavergonhados e de um governante omisso e inteiramente alheio ao que se passava e ainda se passa sob os seus olhares sempre atentos à perpetuação no poder.
Desse modo, o gigante continua a dormir, com o ronco consentidamente, por ele, pouco incomodado pelas mazelas do nosso dia-a dia. Mensalões; alianças explícitas a aventureiros socialistódes; benesses a ex-terroristas que ensangüentaram a Nação; visão turva do que acontece com “amigos” e familiares; presidente do Senado notoriamente corrupto e acumpliciado por seus pares; e outras inúmeras chagas que não chegam a fazer acordar o portento brasileiro. Pensa o gigante que Deus é brasileiro e que um jeitinho vai ser dado para que o seu despertar resulte no “V” da vitória, que será a glória do nosso Brasil.
Macacos me mordam, penso eu. Será que temos jeito?
Recentíssimas pesquisas de um povo que não é compatriota de Deus chegaram à conclusão de que macacos, disputando com jovens estudantes, chegaram a um resultado que me levam a uma angustiante incerteza. Macacos competiram com seres humanos em um teste de memória. Ganharam!
Fica o meu temor: seriam, realmente macacos, ou os jovens estudantes eram brasileiros? Será o nosso estigma a falta de memória?
Dúvidas, hoje, não nos faltam, porém, minha crença leva-me a considerar que, se Deus não é brasileiro, pelo menos não é petista e há de acordar o gigante adormecido.
Em passado recente, vencemos a ameaça comunista. Agora, temo que o gigante continue adormecido, enquanto os macacos me mordem.
Perdoem-me os heróis da Força Expedicionária Brasileira, em que incluo o meu saudoso pai, se me apropriei de alguns versos da linda Canção do Expedicionário. Foram homens que lutaram por uma Democracia que, hoje, acredito, é tão mais ameaçada que pelo vencido nazi-fascismo e pela queda do muro de Berlim.
Produzido pelo Ternuma Regional Brasília
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