Insegurança Pública
Por Carlos Alberto Cordella
Em 2006, perto de 130 milhões de brasileiros foram às urnas para eleger seu candidato à presidência. Lula foi reeleito com 59 milhões de votos. Em torno de 67 milhões de brasileiros não votaram nele. Quando um presidente é reeleito, fica claro que seu mandato anterior foi satisfatório e por isso a sua confirmação nas urnas. Assim deveria ser, porém essa não é a realidade.
O processo eleitoral brasileiro impede a população brasileira de votar por opção, obrigando-a a votar por exclusão. Assim aconteceu e Lula foi reeleito. A oposição política a seu governo demonstrou-se incompetente, leviana e infiel, apoiando veladamente a sua candidatura, apesar de demonstrar o contrário. Já está provado que é mais vantajoso ser oposição do que situação. Muitos políticos vivem e enriquecem com essa prática. Estava em jogo mais do que o cargo de presidente da República. Estavam em jogo conflitos de vaidades e interesses pessoais que nada têm a ver com os anseios do povo.
Após quatro anos de orgia com o erário, abuso da propaganda surrealista sobre o que prometera fazer e não fez, e a triste e deprimente transformação do Congresso Nacional numa casa de tolerância plena, Lula ganhou o direito de governar por mais um mandato para consolidar aquilo que uma grande parcela da população não tem capacidade para entender, perceber ou discutir. Estamos vivendo um pesadelo, acreditando piamente que o país caminha a passos largos para um futuro promissor. Ledo engano!
Basta observarmos atentamente este início de mandato dos novos governadores para verificarmos que há uma discrepância entre a realidade e os pronunciamentos do presidente Lula.
Os Estados estão quebrados. A cada dia novos governadores vão tomando consciência da herança que receberam de seus antecessores e a constatação é caótica e desesperadora.
Nas prefeituras a corrupção é prática comum e perpetuada.
O paradoxo é que o governo federal é rico abastado.
O país está empobrecido, mas o governo federal é rico. Tão rico que se dá ao luxo de pagar “mensalões” e propiciar escoamentos milionários, por “propinodutos”, de verdadeiros rios de dinheiro, subtraídos dos cofres públicos e provenientes do bolso dos contribuintes.
Nada funciona no país com seriedade ou eficiência, exceto nos delirantes pronunciamentos do presidente Lula.
A saúde pública, à beira da perfeição nos discursos, agoniza numa UTI, sem equipamentos, medicamentos e incapaz de salvar um paciente com uma simples virose gripal. Hospitais são utilizados como albergues e têm mais funcionários do que pacientes.
A educação é uma lástima em todos os níveis, começando pela humilhante e degradante situação em que os professores vivem e desempenham sua profissão.
O sistema de transporte das grandes cidades é um lixo, dispendioso e ineficiente.
Como estão as obras de infra-estrutura? Basta chover alguns minutos para que cidades sejam alagadas e pontes e encostas de morros desabem, expondo a população a sofrimento e lamente a morte de entes queridos. Como se paga a perda de vidas humanas?
Enfim, chegamos à área da segurança pública. Isso, então, é uma piada de muito mau gosto. As cidades estão entregues ao crime organizado, apesar dos órgãos governamentais não aceitarem e não admitirem esta afirmação. O policial é manietado por um sistema criminal, que garante ao bandido todos os direitos possíveis e imagináveis. As polícias são viciadas na mesmice e no descaso, mal estruturadas e mal aparelhadas, além de corrompidas. O policial é mal pago e não recebe o devido preparo profissional para o cumprimento de suas tarefas. Morre mais gente nas cidades brasileiras, por obra da criminalidade, do que em Bagdá ou na Faixa de Gaza.
O que o governo federal faz? Cria a polêmica Força Nacional de Segurança, apregoada aos sete ventos por ser composta por 7 mil policiais, bombeiros, agentes civis e guardas florestais, todos “de elite”, subtraídos das corporações policiais dos 26 estados da federação.
A Força Nacional de Segurança seria a seleção brasileira do combate ao crime organizado.
Só há um pequeno problema: alguém já viu esse contingente de 7 mil super homens? Alguém sabe onde estão aquartelados? Alguém sabe dizer qual o tipo de armamento e equipamento esta força utiliza. Quem é seu comandante? Qual a composição de seu estado-maior para elaborar estudos de situação, levantar informações sobre o inimigo e expedição das possíveis ordens de operações para emprego dessa tropa tão adestrada? Quem coordena e como está montado seu apoio logístico, como transporte, alimentação, evacuação, recompletamento de pessoal, munição, uniformes, etc? Como serão coordenadas as comunicações entre seus homens e as outras forças envolvidas nas ações? Alguém já explicou isso ao presidente Lula e aos governadores? Quanto custará a manutenção dessa força? Será que esses recursos não seriam melhor aproveitados se repassados diretamente aos estados? Por que não investir mais na polícia federal? Será que precisamos de outra força militar? Por que tanto contingenciamento de recursos, sob a discutível alegação de aumento do superávit primário? A quem isso interessa, enquanto o país vai se degradando?
Desculpem minha descrença, mas não se junta, de uma hora para outra, uma força com 7 mil homens, oriundos de 26 diversas unidades da Federação, para compor uma seleção brasileira de combate ao crime. A propaganda enganosa de mostrar na televisão 200 homens em formatura militar não é garantia da solução do problema.
Mais uma vez uso de ceticismo, pois acredito piamente que essa tal Força Nacional de Segurança é uma balela como muitas outras criações desse governo Lula, que abusa do marketing, porém colhe resultados pífios.
Se bombeiros fossem aptos a combater a criminalidade, acredito que os governadores já os teriam empregado em reforço ao policiamento.
Reuniões com salas cheias e idéias ineficazes não mudarão o atual quadro existente.
Para se combater o crime organizado é preciso investimentos maciços e vontade para acabar com a corrupção hoje presente, não somente nas ruas, mas em todos os escalões governamentais e que apodrece e inviabiliza a independência os três poderes da República.
Parem de enganar o povo! Por quanto tempo os atuais governadores vão explorar essa situação para divulgar suas imagens e, com isso, levar algum dinheiro do governo federal?
Aguardemos para ver o que de prático resultará de tantas reuniões, acordos e convênios e não nos esqueçamos de fazer as contas do quanto se gastará e quais os resultados obtidos.
É bem provável que o prazo para emprego dessa força seja adiado, devido à proximidade do carnaval.
Proponho um recesso carnavalesco, pois, afinal, ninguém é de ferro.
Fonte: TERNUMA Regional Brasília
Visite nosso site: www.ternuma.com.br